Capítulo vinte e três - você é forte

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Hunter Brooks

Deveria ter gastado todas as lágrimas que guardei durante anos, simplesmente não conseguia parar de chorar, o que será que as pessoas ficavam pensando sobre um homem adulto chorando como criança? Que se fodesse o que eles pensam, adultos também merecem ter crises de choro.

Não fiquei para o casamento, não queria ter que encarar Blair, não queria ter que olhar para ela usando o azul turquesa de seu vestido de madrinha, os lindos olhos azuis repletos de tristeza que em parte eram por minha causa.

Peguei o primeiro voo de volta para New Haven, inventei uma desculpa esfarrapada para Matt, que fingiu acreditar enquanto me seguia pelos cantos do quarto no momento em que organizava minha mala para não me atrasar para o aeroporto. Não contei a verdade a ele porque era o casamento de sua irmã, era um momento especial para a família. Que tipo de amigo eu seria se tirasse o foco do evento para falar sobre meus problemas? Seria um péssimo amigo.

Provavelmente Blair fez o mesmo, ela estava sempre disposta a guardar tudo para si mesma, não éramos diferentes quanto a isso.

Não conseguia esquecer o olhar dela quando revelei sobre talvez não poder voltar a jogar, mais uma luxação e poderia ser fatal para meus ligamentos, não sabia se estava disposto a arriscar tudo pelo beisebol, se eu voltasse a jogar não teria como prever ou evitar uma nova fratura, uma batalha interna crescia dentro de mim, me arrependi no exato momento que contei a ela, a expressão de culpa que ela fez foi muito mais dolorosa do que descobrir sobre minha futura carreira, parar de jogar não era nada comparado a perder a mulher da minha vida.

Mais lágrimas, precisei sentar na cama para não desmoronar, boa parte dos meus livros já estavam na camionete, arrumei minhas roupas em malas e guardei o restante das coisas em caixas que arranjei no bar do Jake. Ele me arrumou um quarto na sua casa até eu me organizar e decidir o que fazer. Não queria desaparecer da vida da Blair, mas precisávamos de um tempo, as coisas andaram tão rápido entre a gente, que eu só desejo ter certeza que nós dois éramos o certo.

Ela vai precisar da família nesse momento, quando ela descobrir o que acabei escondendo dela.

Sou arrastado para o dia que perdi meu avô, e sobre ele não ter dito nada a respeito das dores que sentia, mas não poderia dizer a verdade a ela, prometi que não diria nada.

Embrulhei o último livro, e antes que esquecesse me ajoelhei no chão e peguei um pequeno pote de vidro debaixo da cama.

Passei os dedos na descrição que escrevi com caneta permanente no pote.

"Coisas que a fazem sorrir e a deixam feliz!♡"

Guardei cada sorriso dela nesse recipiente, para sempre lembrar de fazê-la feliz.

Abri a tampa e sentei na cama para ler os papéis enrolados. Deveria ter uns dez. Desenrolei o primeiro, que dizia:

"Donuts de chocolate (ela sempre fica feliz quando come)"

Peguei outro.

"Tulipas vermelhas e brancas (não esquecer de dar a ela flores sempre que puder)"

Mais um.

"Ela escreve muito bem (dar a ela um caderno de anotações para ela carregar na bolsa e anotar suas ideias)"

"Livros, ela ama livros"

"Minhas cantadas ridículas (sou o homem mais sortudo do mundo)"

"Beijos na testa tiram os melhores sorrisos dela"

Precisei parar de ler, meus olhos estavam embaçados pelas lágrimas que não me abandonavam.

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