Blair Finnegan
Eles ganharam.
Mas pareciam ter perdido, pela cara de velório dos jogadores. Eles venceram por poucos pontos de diferença no placar. Matt errou um arremesso, a bola foi muito fraca e o time adversário acabou marcando mais um ponto. Conseguia ver a decepção insculpida em sua expressão, ele quase jogou a luva longe, mas sabia que precisava manter a cabeça no lugar, pois nesse jogo ele era o líder e tinha que dar o exemplo.
Matthew e os outros jogadores buscavam o tempo todo o olhar de Hunter, alguns pareciam pedir opiniões apenas em trejeitos e olhares. Ele não estava jogando, mas não ficou parado nem por um segundo, levantava do banco e gritava alguma estratégia para quem precisasse, mesmo não sendo mais o capitão, ele se portava como um, em dois momentos ele parou bem na beirada da listra branca do campo e fez movimentos com as mãos, como se dissesse: lembra do que a gente treinou.
Hunter Brooks era um verdadeiro líder. As pessoas tinham razão, ele realmente era o rei do beisebol. A camiseta que mandei fazer era uma forma de apoiá-lo, sabia como estava sendo difícil para ele não estar em campo, e grande parcela de culpa era minha.
As coisas que ele havia me contado sobre seu passado me fez perceber que ele era tão solitário quanto eu, sua história partiu meu coração em tantos pedaços que ainda estava tentando catá-los.
Ele não contou muito sobre seu avô, mas parecia que os dois tiveram uma boa relação pela ternura com qual falava dele, e por como zelava pela camionete que recebeu de presente, ele não disse o que aconteceu, mas pelo semblante triste poderia imaginar.
Hunter tinha tendência a perder muita coisa. A vida parecia tirar muito mais dele, do que agradá-lo com presentes.
E no dia em que me conheceu, eu tirei mais uma coisa da qual ele amava, se ele estava nessa situação era por minha causa. Mas se houvesse uma maneira de mudar o jeito de como as coisas aconteceram, eu mudaria. O beisebol era tudo para ele, e eu arruinei suas chances.
— Hunter nem disse nada sobre sua camiseta, que idiota! — Maeve reclamou dando um gole em uma bebida típica de festas de fraternidade, não sabia exatamente o que preenchia o copo vermelho de plástico que Maeve acabava de virar na boca, poderia ser tequila, cerveja ou vodka, ou poderia ser qualquer outra coisa.
Não tinha idade para beber, aparentemente sou velha o suficiente para dirigir um carro a partir dos dezesseis anos, mas com dezoito sou nova demais para bebidas alcoólicas, Maeve já tinha vinte e dois, então estava isenta para beber o que bem entendesse. Ela até me ofereceu um gole, festas de fraternidades não tem um limite e nem idade adequada para encher a cara.
Recusei, porque não estava afim de ficar com dor de cabeça no outro dia. Amanhã era sábado e meu pai ficou de fazer uma visita, e ele já não parecia tão satisfeito de eu estar dividindo apartamento com dois garotos e se me encontrar de ressaca ele era capaz de me mandar arrumar as malas e fazer eu me mudar para sua casa onde poderia ficar de olho em mim.
Meu pai não era autoritário, sempre respeitou minhas escolhas e me apoiou em cada um dos meus passos, mas ainda era meu pai, e pais mesmo sem querer acabam querendo proteger seus filhos, mesmo que tivessem que passar por cima das suas escolhas. Sabia que meu pai não se encaixava nesse tipo, mas preferia manter sua confiança em mim.
— Pois é. — respondi um pouco sem jeito. — Ele deve estar com a cabeça cheia.
Hunter realmente não havia feito nenhum comentário sobre minha camiseta. Ao sair do jogo, Jake nos liberou do turno no bar para podermos comemorar a vitória do time, Hunter não apareceu para nos encontrar, então mandei uma mensagem avisando sobre não precisarmos ir para o trabalho.
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Inefável
RomansBlair Finnegan, caloura em Yale. Ela foi criada para continuar com o legado da família, com seu destino traçado por seus avós. Ela nunca conheceu o mundo além dos muros que foram feitos para trancafiar sua parte desafiadora, mas agora na faculdade...