Capítulo três - Situação embaraçosa

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Blair Finnegan

Hunter quis tomar banho antes de Matthew chegar, precisava de minha ajuda para tirar a tipoia e não mover demais o braço, não questionei quando pediu meu auxílio, pelo o que entendi ele ainda não fez a mudança, basicamente ainda morava aqui, e não fazia ideia de como as coisas iriam funcionar a partir de agora, comigo no apartamento.

A porta de seu quarto ficava de frente para o banheiro, a primeira do lado esquerdo do corredor. O acompanhei até o cômodo, girando a maçaneta.

Hunter entrou primeiro, enquanto eu mantinha a porta aberta. Não era um ambiente muito espaçoso, um quarto comum, com uma cama de casal, escrivaninha e... minha nossa duas estantes repletas de livros ao lado da única janela pela qual entrava os últimos resquícios de sol da tarde.

Ele era leitor?

Olhei para as prateleiras forradas por livros, analisando os títulos, me deliciando com a visão. Hunter deve ter percebido, pois parou ao meu lado, enquanto meus olhos não conseguiam desviar daqueles lindas edições.

Livros em capas duras, clássicos, fantasias e romances de todos os tipos. Alguns que mal reconhecia os nomes.

— São lindos — murmurei hipnotizada com tamanha beleza.

— Você lê? — ele perguntou.

— Livros são minha vida! — sussurrei em resposta, finalmente distanciando meu olhar das lombadas dos livros, olhando para Hunter. — Você já leu todos?

Ele sacodiu a cabeça, percorrendo os olhos sobre a estante.

— A maioria, mas não todos. — fiquei admirada, ele tinha uma pequena biblioteca particular, as duas estantes praticamente ocupavam boa parte do espaço do quarto, a cama posicionada bem no canto com alguns livros sobre a mesa de cabeceira, deduzindo que Hunter não encontrou um lugar vazio para encaixá-los nas prateleiras de madeiras das estantes, toquei no material de que eram feitas, uma madeira rústica, serrada, moldada, lixada e transformada no que era hoje em dia. Parecia ter sido feita sob medida, pois as duas eram exatamente iguais.

— Fui eu mesmo que a construiu — explicou Hunter, minha boca se abriu em espanto, jamais poderia imaginar que aquele trabalho teria sido concretizado por ele. Talvez eu realmente tivesse o julgado mal.

— Meu avô tinha uma marcenaria, ele me ensinou tudo que eu sei.

— Talento passado por gerações, suponho — ele esboçou um sorriso um pouco triste, totalmente diferente dos sorrisos de mais cedo, e me perguntei o motivo de tanta tristeza, mas não tinha intimidade o suficiente para questionar.

Observei por mais um minuto os livros e me virei para Hunter, seu olho ainda inchado e roxo.

Os momentos a seguir seriam constrangedores, pois ajudar um desconhecido a tirar as roupas não estava entre minhas tarefas favoritas.

— Como você quer fazer isso? — perguntei tentando não ficar vermelha. Hunter sorriu, parecendo satisfeito e nem um pouco envergonhado com a situação.

— Não é a primeira vez que uma mulher tira minhas roupas — comentou em tom brincalhão. Senti minhas bochechas queimando, me esforçando para não rir.

— Você sempre consegue deixar as coisas ainda mais embaraçosas.

Ele riu destravando o fecho da tipoia que envolvia seu braço, a retirando com cuidado. Hunter fez uma careta parecendo sentir dor ao fazer tal movimento.

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