O quarto do Eddie é muito bagunçado, igual a cabeça dele, isso explica um pouco as coisas. Somos amigos há muito tempo e sempre foi assim.
Tem lixo por todo lado, restos de comida, roupa suja jogada pelo chão (aquilo é uma cueca?), um cinzeiro com várias bitucas e muitas, muitas garrafas de cerveja sem cerveja. Engraçado que na parede em que fica seu verdadeiro amor, a guitarra, é até que bem arrumada, tem pôsteres de bandas, desenhos e umas anotações.
O quarto tem cheiro de cigarro, ervas e desodorante. A cama é de casal, com lençóis brancos encardidos ou beges, não sei dizer. Umas prateleiras com artigos de decoração peculiares, alguns livros (que não são escolares), algumas fitas de filmes e música, jogos e umas caixas misteriosas.
- Tinha um coração colado ali? - apontei pra um lugar vazio na parede onde estava ainda colado restos de durex em formato de coração.
- Era um cartaz de uma fã - ele disse, tentando esconder alguma bagunça no canto - mas ela era muito stalker.Como eu vim parar aqui? Bom, preciso contar desde o começo.
Eu estava saindo com Steve Harrington, o cara mais popular, também conhecido como babá ou senhor cabelo perfeito. Não sei porquê a gente dava certo, mas eu sabia que no fundo ele ainda queria a Nancy Wheeler. Eu não me importava. Estávamos curtindo, eu não estava a fim de um relacionamento sério e Steve era legal comigo. Eu precisava curar meu coração. Era o suficiente.
Steve acabava participando comigo dos rolês que eu estava acostumada a ir com o Eddie. Fomos na casa de um amigo, o Jeff, um dia desses e na hora que fui me despedir do Eddie, a gente se atrapalhou e ele acabou me dando um beijo no canto da boca. Então aconteceu algo estranho, um clima divertido me invadiu, bastou isso pra que saíssem faíscas na cena em câmera lenta e fiquei completamente hipnotizada. Nos separamos e por uma fração de segundo ele olhou pra minha boca e eu pro sorriso dele. "Ah querida, você está muito ferrada" - pensei comigo. Algo despertou em meu coraçãozinho sombrio. De repente o vi com outros olhos e me apaixonei instantaneamente. Bastou um quase selinho e o cara me vira o príncipe mais charmoso do mundo. Que iludida.
Fomos para a avenida principal buscar o carro do Steve que estava perto da locadora de vídeos onde ele trabalha. Antes do seu turno, ele ia me dar uma carona pra casa. Eddie estava atrás de nós distribuindo panfletos da banda para suas "fãs", a maioria das garotas ria e achava estranho, pois sequer conheciam ele. Então ele se aproximou de nós, pegou minha mão e colocou um anel no meu polegar (meus dedos são mais finos que os dele, então um anel de tamanho normal pra ele era grande pra mim) e disse:
- Pra minha fã número um, meu anel preferido. Toma conta dele, tá?
Steve ganhou apenas um panfleto dele.
- Vamos, vou te levar pra casa rapidinho, senão me atraso pro trabalho - Steve me disse.
- Ei, Harrington. Eu levo ela, estou indo pra lá mesmo - Eddie disse apontando pra outra direção. A gente morava no Forest Hill Trailer Park.
- Beleza, valeu - Steve respondeu, em seguida olhou pra mim e perguntou - Tudo bem pra você?
- Sem problemas, não quero te atrasar - eu respondi, meu coração disparou quando olhei de volta pra nova carona. Ele nunca havia me deixado nervosa desse jeito.Eddie abriu a porta do passageiro de sua enorme e velha van e indicou a entrada com a mão. Ele sempre foi muito gentil comigo, um cavalheiro.
Ele dirigia que nem maluco, confesso que apesar de estar usando cinto de segurança, minhas mãos estavam agarradas nas laterais do banco a cada curva.
- Você é sempre imprudente assim no trânsito? Nada mudou! - perguntei depois de algumas quadras.
- Não - pude ver seu sorriso de lado - só quando estou empolgado.
- Empolgado? - Não diga isso, Eddie. Minha mente já é iludida demais pra esses pensamentos.
- Aham - ele continuou - minha banda vai tocar hoje à noite. Primeira vez que o dono do bar deixa a gente tocar na sexta.
- Caixão Corroído.
- Isso! Sabia que você era minha fã número um! - ele disse, muito animado - Cola lá, você e o Harrington. No bar Hideout. O show começa às 22h.Assenti com a cabeça. É óbvio que eu sabia o nome da banda dele, eu sempre assistia os ensaios.
Chegando no parque dos trailers, ele perguntou:
- Quer dar uma paradinha aqui comigo? - apontou seu trailer - Preciso procurar uma coisa. Tem algum compromisso agora?
- Okay. Não tenho nada pra fazer mesmo.Qual o meu problema? O que eu tenho na cabeça? Quando percebi, já estava no quarto do meu amigo que virou meu novo crush.
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Eddie, the Dungeon Master
FanfictionEspecialmente pra você que se ilude com personagens fictícios. Algumas situações e o comportamento de Eddie Munson que podem te ajudar no shifting, um gostinho a mais do personagem. Na verdade, personagens fictícios são os melhores, porque como eles...