Eddie, the Dungeon Master

Babysitting Club

- CADÊ A ONZE?
Cheguei desesperada na casa dos Wheeler e Nancy estava na escada já com a bolsa na mão, bem arrumada e preparada pra sair pra algum lugar.
- Ela tá lá embaixo. O que aconteceu? - Nancy perguntou.
- Desculpa, sem tempo pra explicar. O pai dela tá furioso comigo e eu tenho que levar ela pra casa agora e evitar minha prisão. Onzeee! - chamei pela escada em direção ao porão. Eddie estava fora esperando ainda com a van ligada.
- Eu levo.
- Como é?
- Preciso de uma babá.
- Nancy, acho que você já é grandinha pra isso.
- Não é pra mim, duh... - Nancy me respondeu, mas sabia que eu estava de  zoeira com ela - preciso que cuide da Holly hoje à noite. Tenho um compromisso e... te pago $10 a hora.
- $20.
- Okay. Fica de olho no Mike também? Ele vai fica com os meninos no porão até mais tarde hoje.
- $30.
- Tá bom, mas só porque preciso de você pra essa... emergência.
- Emergência que começa com J e termina com onathan?

Nancy não respondeu, só revirou os olhos. Estava começando a ficar irritada, mas com uma cara engraçada.
- Seu segredo está seguro comigo - cochichei pra ela - quebro essa pra você, Wheeler generosa.
- Tô indo agora e já deixo a Onze na casa dela. No caminho a gente pensa em alguma coisa pra falar pro Hopper.
- Valeu.

***

- Você vai me contar uma história pra dormir hoje? - Holly perguntou animada e me deu um pirulito.
- Sim! Qual você vai escolher?
- Mágico de Oz... Minha mãe vai demorar?
- Não sei, mas não se preocupe porque eu não vou embora antes que ela chegue. Beleza?

Pedi pro Eddie esperar na sala e subi pro quarto, acompanhando a Holly. Ela escovou os dentes e colocou pijama sozinha. Li a história resumida do Mágico de Oz e ela logo pegou no sono.

Quando desci, Eddie não estava mais no sofá da sala onde o deixei. Desci pro porão e ele estava jogando video game com o Mike, Will, Dustin, Lucas e Max. Eddie era bem mais velho, mas a idade mental era a mesma. Sentei no sofá ao seu lado e ele roubou meu pirulito.
- Ei devolve! - falei, tentando puxar de volta.
- Que nojo, ele já lambeu - Dustin disse, abismado com a nossa guerra pelo doce.
- Ah meu inocente Dustin, você nem imagina onde essa boca já... -  interrompi Eddie imediatamente, antes que ele falasse mais besteira. Dustin em revirou os olhos em reprovação.

Perto da meia noite, Eddie levou todos pra casa em segurança enquanto eu ficava na casa dos Wheeler. Mike ainda preparou um lanchinho pra noite e dividiu comigo. Ele também não sabia onde a mãe tinha ido, mas avisei que esperaria ela retornar, então ele podia dormir tranquilo. Eu precisava do dinheiro.

Quando Eddie voltou, eu estava na sala assistindo o filme Labirinto - A Magia do Tempo. Ele se sentou ao meu lado.

- Fiquei com saudades - ele começou - esse filme é legal. As crianças estão dormindo?
- Sim. Já estão sonhando.
- Esse é meu maior medo.
- David Bowie? - estranhei e brinquei, pois ele disse isso bem na hora que o Rei Goblin apareceu em cena.
- Não né... de estar sonhando.
- Não começa, Eddie.
- É sério. Tenho medo de acordar e você não estar mais aqui comigo.
- Eddie, meu amor, põe isso na sua cabeça: eu te amo e você não vai se livrar de mim assim tão fácil. Não dá pra controlar os sonhos.

Me encostei nele e o abracei pela cintura. Ele colocou a mão por dentro da minha blusa, também na minha cintura, me arrepiando com seu toque. Seus anéis eram geladinhos. Acabamos adormecendo no sofá mesmo, mas eu tenho o sono leve e acordei com o barulho do carro da Sra. Wheeler chegando na garagem. Acordei Eddie que ficou em pé de prontidão também. Acho que era umas 3h da manhã.

- Oi... ahn vocês aqui.
- Boa noite, Senhora Wheeler. É que a Nancy foi levar os meninos em casa e eu fiquei enquanto isso - eu não tinha combinado com a Nancy o que era pra falar pra mãe dela. Ela não chegou acompanhada do Sr. Wheeler, mas isso não é da minha conta. Karen mediu o Eddie com o olhar - ah esse é Eddie Munson, meu namorado - apresentei.
- Oi - Eddie disse, acenando timidamente.
- Amigo do Billy? - ela perguntou, acho que remexeu em alguma memória.
- Não, não éramos amigos - ele respondeu sério.
Sra. Wheeler sorriu sem graça e nos despedimos pra ir pra casa.