Palace Arcade

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- Nossa, todo mundo tá olhando - eu falei baixinho.
- Não aquele cara... ah! Ele acabou de olhar. Estamos quebrando todas as regras, mas eu vou pro mundo invertido mesmo.

Não sei se foi impressão minha, mas o primeiro dia em que eu estava oficialmente saindo com Eddie Munson e ele me deu carona pra escola, todo mundo estava comentando assim que chegamos juntos, Eddie com o braço em meus ombros. Ele já tinha me dado carona várias vezes, mas  agora era diferente, éramos o assunto do dia, o novo casal improvável. O esquisito e a princesa das trevas, como ele mesmo dizia.

Ontem, dentro do meu Allstar, eu encontrei um bilhete dele que dizia:

"Oi. Eu te amo muito e quero que nosso relacionamento seja algo mais sério. Como você pediu, eu não vou apressar as coisas e vou respeitar o seu tempo, mas eu preciso de você. Quer namorar comigo?
[  ] sim
[  ] sim
Eddie :)
P.s.: hoje você estava muito gata, na verdade, todos os dias você está. Vamos no Arcade Palace?"

Nosso primeiro encontro de casal oficial foi no fliperama. Não foi exatamente  planejado um encontro romântico, marcamos de nos encontrar lá e quando  percebemos estávamos competindo um contra o outro no Dragon's Lair, com um pequeno grupo de adolescentes nos assistindo.

- NÃO ACREDITO! - Eddie grita quando eu finalmente ultrapasso a pontuação dele. Ele soca os controles e em seguida me dá um abraço me levantando pra cima.

O pessoal que estava em volta vibrou na torcida quando coloquei as iniciais do meu nome no fim do jogo, pra registrar a maior pontuação do ranking. Com a derrota de Eddie, me senti ainda mais observada por olhares curiosos, mas acho que era coisa da minha cabeça.

Era quase meia noite e estávamos conversando no estacionamento, sentados na parte de trás da van, com as portas abertas

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Era quase meia noite e estávamos conversando no estacionamento, sentados na parte de trás da van, com as portas abertas.

Desamassei o bilhete do Eddie e mostrei pra ele a resposta:
[x] sim
[x] sim

Ele respirou fundo aliviado e sorriu, jogando a cabeça pra trás.

- Sabe, tirando as brincadeiras sobre o mundo invertido, às vezes acho que estou em uma realidade alternativa. Uma que eu sou feliz - Eddie começou e eu me assustei com o rumo da conversa.
- Por que você acha isso? - perguntei.
- Acho que não mereço estar aqui.
- Não começa, Eddie.
- É sério. Você. Tudo isso. É bom demais pra ser verdade.

Bastou isso pras vozes da minha cabeça também me avisarem que eu não deveria estar ali. Isso se chama auto sabotagem.

- Escuta, Eddie - tentei desviar os pensamentos ruins - tudo isso, o que é pra acontecer, tem que acontecer desse jeito. Estamos aqui por escolha nossa. Cada pequena decisão que tomamos no passado, uniu nossos caminhos. Não sei qual minha missão aqui, mas tô tentando descobrir. De repente nem tenho missão nenhuma.
- Tem sim.
- Qual?
- Isso - e me beijou. Um beijo com todo sentimento que na minha cabeça fazia  sentido, digo, de eu estar ali, naquele momento, com essa pessoa. Seus lábios eram macios e seu beijo suave. Ele segurava carinhosamente entre meu cabelo e minha nuca. O cheiro do cabelo dele me envolvia e era bom, quase um vício. Eddie me fazia muito feliz e isso bastava. Tentei me  concentrar ali, no presente.

Eddie roubou minha xuxinha de prender o cabelo e colocou em seu pulso.

Eddie, the Dungeon MasterOnde histórias criam vida. Descubra agora