Eddie, the Dungeon Master

Refeitório do colégio

Eddie subiu na mesa central do refeitório e começou um discurso animado:
-  Atenção alunos do colégio Hawkins. Eu, Eddie Munson, agora conhecido como o cara mais sortudo da face da Terra, tenho o prazer de anunciar oficialmente que, lamento garotas, não estou mais disponível.

Me enfiei em baixo da mesa. Já sabia onde isso ia parar.

- Aqui está minha digníssima rainha, a deusa que roubou meu coração... Ué cadê?
- Aí, o esquisito pirou de vez, agora tem uma namorada imaginária - disse Jason Carver, rindo e com risos acompanhados de seus colegas de time.

Me esquivei pelos cantos do refeitório e fui parar do lado de fora, perto da saída da quadra. Eddie era maluco e eu sabia onde estava me metendo. Mesmo assim fiz o que sei fazer de melhor, fugi. Não sei o que me deu. Ele vai ficar chateado comigo, pensei, mas odeio me expor, ainda mais pra esse bando de babacas que não tem nada a ver com a minha vida.

- Tá fazendo o que aí?

Uma voz familiar me assustou. Era Steve Harrington. Meu ex. Que ótimo.

- Tomando um ar.
- Com o cigarro? Que saudável.

Automaticamente peguei e coloquei um cigarro na boca e nem percebi. Não acendi. Culpa do Eddie, acho que agora minha cabeça entendia que eu precisava de  nicotina quando ficava estressada. E olha que eu nem fumo. O maço de cigarro Camel era dele, mas estava na minha mochila.

- Tá tudo bem? Parece que tá fugindo de um vampiro do mundo invertido.
- Steve, não é uma boa hora.
- Tá. Foi mal. Qualquer coisa, estou aqui, ainda somos amigos. Ainda me preocupo com você.

Meu coração, se é que tenho um, deu uma remexida no passado. Será que me  arrependi de ter terminado com ele? As coisas com ele eram mais fáceis, ele tornava tudo mais simples, normais, sei lá.

- Ah, se servir pra te animar um pouco, festa na minha casa no sábado, aparece por lá - ele disse, com um sorriso de lado e uma piscadela.

Steve deu um tchauzinho e entrou na quadra. Eu sentei no chão, encostada na  parede. Parece que vai chover, sinto o cheiro da chuva se aproximando. O dia está cinza. Puxei a manga da minha blusa cobrindo uma das mãos, a que estava sem o cigarro.

Eu só queria ficar sozinha. Até então estava me sentindo ótima comigo mesma. Eu tinha finalmente o Eddie só pra mim, mas não estava preparada pra compartilhar isso. Quando alguma coisa boa acontece comigo, alguém vem e me tira. Sempre foi assim. A essa altura provavelmente o colégio inteiro já deveria estar sabendo que saímos da friend zone, imaginei.