Parte 7

135 17 23
                                    

[Contém cenas 🔞]

O movimento da clínica esteve tranquilo durante o dia, como podia ser visto pelos prontuários dos colegas. Eles estavam revezando para cobrir a ausência de Foei e, nesta noite, o turno seria de Ohm.

Entre os colegas de profissão, havia um ditado: a noite ou é caos ou calmaria. Não havia meio termo. Ele torcia pela paz.

Quando o telefone tocou com número restrito e desligou, ele pensou que não era um bom sinal. As crianças ainda passavam trote nos dias de hoje? Ele não sabia. Torcia para que não.

Ele sentou no sofá da recepção e ficou olhando a rua deserta, enquanto tomava o primeiro café da noite.

Depois de um tempo, segurando o copo vazio, ele viu um carro virar a esquina e estacionar.

Uma pessoa saiu do carro, abriu a porta do banco de trás, se abaixou, pegou algo, fechou a porta e correu em direção a recepção.

Ohm o reconheceria em qualquer lugar. Ele abriu a porta e Nanon entrou carregando uma toalha embolada.

"Eu atropelei ele!" Nanon disse, assustado "ele correu na frente do carro e eu não consegui parar!"

Enquanto ele falava, Ohm olhou para a toalha e viu um cachorrinho. Ele o pegou das mãos de Non e foi para a sala de exames. Não foi necessário nem terminar de desenrolar o animalzinho para constatar que estava morto.

Non estava parado na porta, tinha um olhar perdido e as mãos tinham manchas de sangue.

Ohm disse que não podia fazer mais nada, infelizmente, e apontou para pia, onde ele poderia se limpar. Non se virou e andou até lá, ficando de costas para Ohm.

Ohm nunca tinha visto Non vestido de maneira tão casual. Ele tentava ser discreto nos olhares e ao mesmo tempo queria guardar na memória todos os detalhes novos daquele corpo.

Após organizar a sala, Ohm foi até a recepção, onde Non o aguardava.

"Eu realmente não o vi! Ele apareceu do nada, sabe?!" Non disse, com os olhos baixos, sem o olhar diretamente.

A vontade de Ohm era abraçá-lo e dizer que ia ficar tudo bem.

"Foi um acidente! Isso acontece. Pelo menos você o trouxe para cá,  tentou ajudá-lo. Muitas pessoas simplesmente deixam o bichinho agonizando na rua" Ohm disse, refreando sua vontade de tocar na mão de Non.

"Obrigado pelas suas palavras" Non respondeu enquanto levantava a cabeça e olhava em seus olhos. "Estou feliz por você estar aqui para me atender. Tenho certeza de que, se algo pudesse ser feito, você seria a melhor pessoa para curá-lo" ele sorriu quando as bochechas Ohm ficaram rosadas "Perth diz que você é o melhor!"

Ohm deu uma risada alta e jogou a cabeça para trás.

"É verdade! Ele sempre diz isso" Nanon fingiu indignação.

"Ok, vou acreditar que aquele cretino do meu irmão me elogia para os outros".

Ohm e Perth conversavam sobre vários assuntos, falavam de futebol, política, filmes e fofocas e assuntos triviais. Nunca tinham conversas profundas sobre sentimentos ou admiração mútua. Eles sabiam que existia, só não falavam sobre isso. Era embaraçoso ouvir algo tão bonito vindo do seu irmão, mesmo que de forma indireta, ainda mais por ser Non o transmissor dessa mensagem.

Eles se encaravam sem saber como prosseguir.

"Quanto eu te devo?" Nanon perguntou.

"Nada! Você não deve nada. Nem houve uma consulta"

Slow Burn Onde histórias criam vida. Descubra agora