Parte 2

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"É bom" ele pensava. Ele gostava.

Ele também gostava de Ohm.
Em geral, ele desprezava as pessoas, mas com Ohm era diferente. Ele não precisava fingir quando estava com Ohm, simplesmente porque ele não sentia necessidade de ceder aos impulsos violentos.

Muitas vezes ele tentava entender esse carinho que tinha pelo irmão. Desde pequeno, esse era um sentimento que o deixava inquieto porque não existia com nenhuma outra pessoa. Nem pelos seus pais.

Na adolescência, Perth cogitou a possibilidade de ser algo considerado pecaminoso. Esse foi um pensamento que o fez rir.

Primeiro porque ele não acreditava em pecado e, em segundo lugar, definitivamente não havia atração entre os dois. Era um amor e carinho além da sua compreensão .

Como ele não conseguia entender, decidiu somente aceitar e seguir em frente

Ohm tinha o riso facil, um brilho de excitação nos olhos e uma energia avassaladora que assustava a todos.

Era curioso como as pessoas aceitavam mais facilmente o humor bizarro do Nanon do que a alegria infantil do Ohm.

Ohm e Nanon eram os dois pontos de apoio de Perth. Completamente oposto e ele gostava que fosse assim, afastados e não conectados.

Enquanto eles se mantivessem distantes, ele sabia que estaria seguro.

Pensando com clareza, Perth sabia lidar com os sentimentos que tinha. Entre ele e Nanon existia essa afinidade e esse sentimento de pertencer, de estar incluído em um grupo. Com Ohm, existiam carinho, cuidado e paz.

Quando voltou para casa uma tarde e encontrou Nanon e Ohm conversando no sofá da sala e viu seu irmão ficar envergonhado, rindo timidamente enquanto se levantava, ia até a cozinha e depois para o quarto, Perth sentiu pavor.

Ele já teve medo em outras situações,

Já teve medo de deixar suas vontades tomarem conta dele .

Mas nunca nada foi tão forte quanto o pavor de ver Ohm como objeto de Nanon.

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