Parte 8

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Perh estava sentado tomando café quando Ohm chegou em casa. Ele o cumprimentou e percebeu que o irmão estava mais feliz do que o habitual.

"O que aconteceu?" Perth perguntou, levantando a sobrancelha, encarando o irmão.

Ohm sorriu ainda mais e balançou a cabeça negativamente "Nada! Só estou feliz por estar em casa com meu irmãozinho querido!" e andou na direção dele tentando apertar sua bochecha. Perth riu e afastou a mão com um tapa.

"Vai a merda!" ele respondeu "É sério! Por que você parece mais irritante do que o normal?"

"Porque eu te amo!" Ohm respondeu e o abraçou pelo pescoço, apertando a cara de Perth contra seu abdomen. Ele tentava se desvencilhar, empurrando e batendo, enquanto o outro ria e apertava mais.

Ohm o soltou e deu um tapa na nuca do irmão, empurrou o celular dele para o outro canto da mesa e foi ao banheiro. Perth riu, arrumou o cabelo e pensou que fazia tempo desde a útlima vez que viu Ohm feliz assim. Provavelmente desde a época em que saía com First.

Eles nunca chegaram a falar sobre o assunto, mas Ohm não era tão discreto quanto pensava e as paredes da casa não abafavam o som muito bem.

Se ele não queria falar sobre isso, Perth também não perguntaria.

First parecia ser uma boa pessoa e Perth sabia disso, pois tinha procurado algumas informações a respeito dele quando descobriu o envolvimento dos dois. Ele tinha boas notas na faculdade, não era de sair muito, não traia seu irmão e não tinha nenhuma grande dívida bancária.

Ele nunca soube o motivo das discussões e nem porque terminaram.

Nos dias em que ele parecia mais triste, Perth o convidava para cozinharem juntos. Foram alguns meses de muitos jantares feitos a quatro mãos.

Pelo que se lembrava, esse período triste tinha durado até o dia do evento na faculdade. Aquele maldito dia.

Perth apoiou com força as mãos na mesa. Sua mente tentava assimilar o pensamento que lhe ocorrera.

Seu coração batia rápido, ora parecia que estava pulsando na sua garganta ora parecia que estava martelando sua cabeça. Ele quis levantar para ir até seu computador, mas sentiu suas pernas amolecerem e não conseguiu sustentar seu corpo. Com um baque, ele caiu sentado na cadeira novamente.

Ele respirou fundo na tentativa de se acalmar e tentou alcançar o celular do outro lado da mesa.

Seus dedos tremiam enquanto tentava acessar o aplicativo das câmeras da clínica. Ohm não sabia que ele tinha esse acesso e Perth nunca viu necessidade de contar.

Quase não tinham marcações de movimentação na câmera da recepção. Somente uma pessoa entrou por volta de onze da noite e eles foram para a sala de consulta.

Perth continuou procurando por algo suspeito, avançando rapidamente as imagens, mas não tinha nada.

Ele respirou aliviado e se encostou na cadeira.

O que ainda o inquietava? A voz de Nanon ficava ecoando na sua mente "Seu irmão é uma delícia", mas ele não estava nas imagens.

Será que eles tinham se falado por telefone? Perth começou a cogitar grampear o celular do irmão. Ele não podia permitir essa aproximação.

Perth se levantou, lavou o rosto na pia da cozinha e ficou olhando pela janela, observando os vizinhos sairem para ir trabalhar. Sair. Sair?

Ele pegou novamente o celular e olhou o horário que o último cliente chegou, avançou mais lentamente a filmagem e não tinha o horário de saída. Não fazia sentido, um pedaço da gravação tinha sido apagada.

Perth acessou a única câmera externa, que apontava para entrada da clínica. Ele viu o rapaz correr com um embrulho, entrar e sair por volta das duas horas da manhã.

Perth ampliou a imagem e uma fúria cresceu dentro dele. Ele nunca repararia em Nanon se o visse andando com aquelas roupas na rua.

De fato, o seu maior temor agora tinha se concretizado. Eles tinham se encontrado, passado algumas horas juntos e Ohm estava feliz.

Ele sabia que não podia confrontar o irmão, porque assim ele saberia que estava sendo vigiado. Não, Perth não gostava dessa palavra. Perth acreditava que cuidava à distancia do irmão. Além disso, Ohm poderia questionar sobre Nanon e este era um assunto que ele não estava disposto a discutir.

Ao mesmo tempo, se fosse atrás de Nanon, ele não sabia como este reagiria.

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