12 - Pássaro de Ferro

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Foi estranho ouvir algo que fazia tanto barulho próximo a ilha calma e pacata chamando a atenção dos nativos do local.

O hidroavião a sobrevoou por um tempo, antes de escolher pousar na enseada onde ficava a tribo. A ômega de aparência séria, cabelos pretos compridos e olhos cinzas, abriu a porta do hidroavião e pulou para a água do mar, para as ondas que iam e vinham, encharcando suas botas e sua calça. Aquilo pouco importava. Ela conseguiu sobreviver a um naufrágio, e ir para a Inglaterra, onde ela herdou aquilo que seu marido traste tinha deixado para ela por causa do filhote e usou os recursos para procurar seu filho. Ele não poderia ter morrido! Ele não estava morto! Ela sempre repetia para si desde que ao ver corpos e mais corpos resgatados do naufrágio, não viu seu filhotinho em meio a eles.

A ômega brigou com meio mundo, aprendeu a pilotar, comprou um avião que podia pousar no mar e foi de ilha em ilha próxima ao naufrágio à procura do seu filhotinho... Nada. E ali estava ela, sem um pingo de desesperança. Ela iria achar o seu filhotinho que agora tinha dezesseis anos. Se ele não estivesse ali, ela partiria para a próxima ilha. E verificando seu cinto com dois revólveres e facas presas em tiras em suas coxas, pôs o chapéu na cabeça pedindo proteção aos ancestrais e caminhou pela areia branca.


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Lan Zhan e Wei Wuxian estavam radiantes pelo filhotinho deles de um aninho estar dando os primeiros passos. O bebezinho sorria indo do pai para o mamã, caminhando meio desengonçado sob os olhares dos dois corujas que amavam tanto aquela criança, que algumas anciãs da tribo diziam que eles a estavam estragando de tanto mimo e eram repreendidas por Cheng, YanLi, Qing e Ranma.

_Titio Xian... Quando Ochi de Vultur Mic vai poder correr comigo? – sim, Ling chamava o bebê de Pequeno Olho de Águia, já que o bebezinho havia herdado os olhos de Wangji.

_Ele mal aprendeu a andar querido.

Ling cruzou os braços e fez biquinho.

_Ele é mais meu amigo que as outras crianças. Ele não me belisca ou puxa meu cabelo... – Ling se escondeu atrás de Wangji de repente o que o fez olhar em volta.

_O que foi pequeno?

_Aquela moça. Não conheço aquela moça.

Lan Zhan olhou à frente e percebeu que era uma pessoa estranha e colocou o pequeno Ling atrás de si e pegou o filhotinho dele e de Wei nos braços, o pequeno Lan Yuan. Mas foi Wei Ying se virar para não conseguir segurar o choro.

_Mamãe...

Lan Zhan o olhou admirado e já ia falar algo quando Wuxian saiu correndo.


🏝️🏝️🏝️


A ômega saiu da trilha da qual estava andando numa clareira onde havia várias cabanas e pessoas que a olhavam com desconfiança, escondendo suas crianças pequenas, foi quando ela viu um rapaz bronzeado, de cabelos compridos e olhos cinzentos. Reconheceria aquela cor de olhos em qualquer lugar no universo, era a mesma cor dos dela e quando o adolescente correu para ela, ela o abraçou e não conseguiu falar nada ao ouvir:

_Mamãe, a senhora está viva...

Wei Wuxian a olhou fazendo carinho nas bochechas de sua mãe. Ela não havia mudado quase nada. Continuava linda como sempre, com um ar sério e protetor e recebeu um beijo na testa de forma carinhosa e segurou a mão dela ao ver Qing vir caminhando com a lança na mão e a face fechada.

_Senhora Qing, essa é minha mãe. Eu não sei como ela chegou aqui...

_Naquele pássarrro barrrulhento.

_Senhora – CangSe se curvou – me perdoe perturbar o seu sossego e de seu povo. Me perdoe invadir sua casa sem permissão mas... – ela olhou para Wei Wuxian, as lágrimas ainda descendo pelo rosto – eu procurei o meu filho por anos. Me recusava a acreditar que ele havia morrido e na noite passada, eu tive um sonho com uma mulher muito bonita de olhos dourados que apontava para uma ilha quase imperceptível no meu mapa dizendo que meu menino estava aqui.

“O lobo da senhora Lan guiou a sua mãe Wei Ying”

“Sim” – respondeu ele emocionado.

Lan Zhan se aproximou ao ver que não tinha perigo e CangSe se surpreendeu. A cor dos olhos dele e do bebezinho que ele segurava eram a mesma da mulher de seu sonho.

_Mamãe, quem te disse onde eu estava foi a mãe do meu marido – ela se surpreendeu – Este é o Lan Zhan. Ele estava no navio também. O Capitão QiRen nos salvou e cuidou de nós como filhos dele, até ele falecer. Depois disso nós fomos cuidados por nossos lobos e em seguida, pela nossa tribo.

_Meu anjo, você não é muito jovem para ter se casado?

_Perdão senhora Wei. – falou Lan Zhan se curvando – A gente meio que não sabia o que estava fazendo e acabamos nos marcando e...

_Esse filhotinho fofo é de vocês?

Os dois fizeram que sim. Ambos com medo da bronca que poderiam receber, mas viram a ômega abrir mais o sorriso.

_Ele é o ser mais lindo do mundo.

_Senhorrra, é minha convidada. Seja bem vinda à Trrribo dos Lobos Brrrancos. Fique a vontade.

Ela foi guiada pelos meninos até a cabana deles que era impecavelmente cuidada por ambos e se admirou. Ela tirou o cinto de armas e pendurou o mesmo num lugar bem alto por causa do bebezinho.

Lan Zhan serviu água para CangSe e frutas. E enquanto ela se refrescava um pouco, ouvia os meninos narrando para ela sobre os anos na ilha e se surpreendeu quando eles falaram que Wei Wuxian era bom em tecer, cozinhar e atirar flechas, assim como Wangji era bom nas mesmas coisas, além de um bom caçador com lança.

Depois de ouvir os meninos, foi a vez deles a ouvirem sobre suas esperanças e frustrações ao procurar pelo seu filhote e emocionou Lan Zhan quando contou sobre a mulher com os olhos âmbar como os dele e do bebezinho e como um bom Lobo Branco, juntou as mãos e agradeceu na língua deles pela ajuda da mãe.

_Estou muito feliz que te achei filhotinho. Mais ainda que você sempre foi cuidado e amado e agora tem sua família. Vocês três... viriam comigo?

Lan Zhan olhou para Wei Wuxian com um sorriso no rosto. Ele conhecia aquela expressão: o alfa acataria o que ele decidisse.

_Mamãe... – Wei segurou as mãos de CangSe – eu sou muito grato à senhora por ter me procurado. Imensamente grato por não desistir de mim e estou tão feliz de vê-la... Mas aqui é meu lar. Não ache que é ingratidão ou algo do tipo. Mas aqui não existem os alfas malvados que a senhora falava pra mim e me escondia. Aqui não existem pessoas que maltratam as outras. Aqui cuidamos uns dos outros com carinho. Dividimos tudo uns com os outros e ajudamos quando alguém precisa e somos ajudados caso precisarmos. Onde a senhora mora é assim?

_Não meu amor. Não é. Aqui é um paraíso pelo que está descrevendo.

_Seria perfeito por completo senão fosse o calor e os mosquitos. – disse Wangji rindo.

_Mamãe, me perdoe lhe deixar triste. Mas quero que nosso bebezinho cresça livre. Longe de perigos e pessoas más.

_Não me deixou triste. Me deixou orgulhosa.

A ômega beijou a testa do filho, a de Wangji e a do bebezinho percebendo que o sol já estava começando a se pôr.

_Eu preciso ir. Assim como não podem ir meus queridos, eu não posso ficar. Mas saibam que a maior alegria da minha vida é saber que ambos estão bem. É saber que você está vivo Wei Ying e sendo bem tratado. Agora que sei onde o encontrar, prometo, com a permissão de sua líder, vir visitá-los de forma periódica. Fiquem bem.

_A senhora também. – disseram eles a vendo partir enquanto apenas seguravam a mão um do outro com sorrisos na face por aquela ômega não se opor deles escolherem viver no lugar que aprenderam a chamar de lar.

Mar Azul (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora