BELLA

Cap. 7

BELLA

1 semana depois

Passou uma semana desde o atropelamento do Christopher e faz uma semana que eu não vejo ele também. Aquele dia no hospital falei que eu iria ver ele mas não consegui, a culpa estava me corroendo por dentro como ácido, era eu que deveria ter sido atingida, não ele.

Acordei com febre, eu mal conseguia me manter em pé e nem consegui ir trabalhar hoje.

- Ei - Disse Davi - Tem certeza que não quer comer nada? Você passou a manhã toda sem comer

- Não estou com fome.

- Tem visita pra você.

- Davi, eu não quero receber ninguém - Falei me virando de costas pra ele - Não estou me sentindo bem.

- É, ele e o seu irmão me contaram - Disse Christopher

Ouvir a voz dele me deixou mais tranquila, mas não diminui a culpa que estou sentindo.

Não respondi ele, fiquei em silêncio até que ele veio e deitou ao meu lado, pegou minha mão e a beijou, um pequeno gesto que eu senti falta.

- Eu fiquei te esperando, todo dia na esperança de ver você. Por que você não foi?

- Eu me sinto culpada pelo que aconteceu - Falei sentindo as lágrimas começando a cair - Não era pra ter sido você, ele queria me atingir.

- Quem disse que eu me importo com isso? Só de ver você bem, eu já me sinto muito melhor.

- Ele era o meu chefe, quando sai do orfanato, com a ajuda do Vicente eu consegui um emprego na empresa dele, passou algum meses e acabamos nos envolvendo, um ano depois ele me pediu em casamento e dois meses antes de nos casarmos eu descobri que estava grávida. Quando contei pra ele, Marcelo me acusou de traição, disse coisas horríveis sobre mim e me mandou embora. Dias depois eu fui buscar minhas coisas e descobri que quem na verdade estava sendo traída era eu, ver tudo aquilo e relembrar tudo que ele falou me afetou tanto que acabei perdendo meu bebê.

- Eu sinto orgulho de você por ser tão forte e permanecer firme, ele perdeu uma pessoa incrível, perdeu de ver seus olhos verdes brilhando quando consegue alguma coisa, perdeu de ver seu sorriso, de te ver bravinha quando alguém te chama de baixinha.

- Só você me chama assim - Falei revirando os olhos

- Que bom, não gosto de competir com ninguém.

- Posso te perguntar uma coisa? Não precisa responder se não quiser.

- Pode perguntar o que você quiser.

- Por que vc só usa blusa de manga comprida?

- Posso fechar a porta?

- Sim, pode sim.

Ele se levantou, trancou a porta e se virou pra mim.

- Não gosto de mostrar meu corpo pra qualquer pessoa Bella, ela tem que ser muito especial pra mim ou amada por mim.

Ele tirou a camisa e revelou seu corpo coberto por tatuagens incríveis, mas o que mais me chamou atenção foi o nome de um menino que estava desenhado em letra cursiva no seu peito.

- São lindas - Falei sorrindo - São muito lindas.

- Você achou? - Pergunta com um sorriso inocente

- São demais, por que você esconde elas? Deveria mostrá-las mais e acredito que você é uma pessoa que não liga muito pra opiniões dos outros.

- Há uma razão para isso - Disse apontando para o nome em seu peito - Eu as cobria por causa dele

- Quer me contar?

Ele vestiu a camisa, destrancou a porta e deitou ao meu lado pegando na minha mão.

- Eu entendo como você se sente, também fui traído e eu também perdi um filho.

As peças começavam a se encaixar, o cheirinho que eu senti aquele dia era do filho dele.

- Ela não gostava das minhas tatuagens, dizia que eram feias e que faziam eu parecer um monstro, de tanto que eu ouvi ela repetir isso comecei a usar casacos e tentava de tudo para esconde-las e manter meu relacionamento salvo. Quando meu filho nasceu, ela parou de reclamar até que eu descobri que ela ia se encontrar com outro homem e levava meu filho de cinco meses junto. Brigamos muito, ela saiu levando ele e duas horas mais tarde naquele mesmo dia, recebi uma ligação de alguém dizendo que ela tinha sofrido um acidente e nenhum dos dois sobreviveu. Eu fiquei devastado, perder meu filho foi pior do que qualquer outra coisa que já tinha acontecido comigo.

- Nossa, quanto tempo faz que isso aconteceu?

- Foi recente, um mês. Mas estou tentando seguir minha vida como eu consigo.

- E está conseguindo muito bem, é admirável da sua parte se manter firme. Deve ser mais difícil pra você já que viu ele, pode pegar ele no colo, sentir o cheirinho dele.

- Minha dor não diminui a sua Bella, você sofreu por ser mãe mas a sua dor também não diminui a minha.

Eu comecei a sentir frio e me encolhi mais embaixo da minha coberta.

- É bom você tentar dormir um pouco ou comer alguma coisa.

- Não vou conseguir comer nada agora.

- Então tenta dormir.

- Você vai ficar aqui comigo?

- Até vc acordar.

Ele agarrou minha cintura e me puxou para mais perto dele, senti seus lábios tocarem minha testa e sua mão acariciar meus cabelos.

- Prometo cuidar de você sempre minha baixinha.

Me aconcheguei mais nele e dormi feliz da vida.