Capítulo I - Fugând

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 São Paulo - Brasil


 Laura, tem certeza que quer mesmo ir?  Indagou Anna. A melhor amiga de Laura.

 Lógico amiga! Não entendo porquê está tão apreensiva. Você sabe que eu estava entediada há bastante tempo... Aliás, não tem nada que me prenda ao Brasil.

 Pois eu acho que você está fugindo.  Provocou Anna.

 Fugindo de que, exatamente?  Questionou Laura.  Eu não tenho família Anna. Não tenho ninguém além de você, e tudo que faço aqui depois de ter terminado a faculdade é fazer trabalho voluntário.


Laura trabalhava como professora, apenas porque gostava e para aliviar o tédio depois que terminou a faculdade. A família de Laura sempre foi muito pequena, mas o destino fez questão de encurta-la ainda mais, levando seus pais precocemente. Laura então foi criada por uma tutora resignada pelo Estado. E hoje, com seus 27 anos tinha uma vida estável e boa, graças a herança de seus pais. Porém, é claro, isso não supria o vazio que ela tinha dentro de si.

Laura sempre foi forte, porém, azarada. Nunca conseguiu de fato amar alguém, romanticamente falando. Ela apenas se reservou em seu mundinho e buscava apenas por adrenalina; quanto mais melhor; era bom sentir de vez em quando.


 Ok, ok... Já entendi!  Disse Anna se rendendo. Ela odiava quando Laura jogava suas verdades, pois ela amava a amiga e doía nela.  Mas o que exatamente você acha que vai encontrar em um vilarejo pitoresco da década passada?

 O Drácula!  Respondeu Laura com um sorriso irônico.

 Que droga, Lau! Eu falo sério.

 Tá bom, tá bom... Eu só quero explorar amiga. Você bem sabe como eu sou fascinada pelo mundo gótico e sombrio; e nada como um vilarejo perdido no leste da Romênia para me saciar.

 Se você diz...  Disse Anna fazendo pouco caso.  Mas prometa que vai se cuidar, tipo, de verdade! Não vai se meter em confusão e isso inclui não brigar por qualquer coisa. E vai ligar todos os dias em algum horário que o fuso permita.

 Eu prometo minha goiabinha Disse Laura se jogando nos braços da amiga.

 Eu odeio quando me chama assim... Mas eu te amo! Não esqueça.

 Eu jamais esqueceria! Obrigada por me apoiar e me deixar livre para ser quem realmente sou amiga.  Laura disse fitando os olhos de Anna.

Dito isso, as duas se dirigiram ao aeroporto seria uma viagem de mais ou menos 15 horas, e chegando ao destino ainda teria mais algumas horas até chegar a cidade mais próxima do tal vilarejo. Seria cansativo, mas nada que fizesse com que Laura desistisse de procurar por algo; algo que nem ela mesma saberia dizer o que de fato era. Mas ela precisava ir. 

Conhecer, explorar... Viver.

Uma pequena despedida aconteceu no aeroporto, Laura prometeu ligar e sempre informar aonde estava. Com um abraço bem apertado as amigas se separaram. Anna sabia que Laura precisava daquilo para talvez suprir algo dentro dela. E afinal, o que de errado poderia acontecer? Anna também sabia que Laura era esperta e casca grossa. De angelical e delicada ela só tinha o -belo- rosto, pois ela era faixa preta em Muay Thai, e seu tamanho era considerado inconvencional para mulheres. Laura tinha 1,80 de altura, sem salto. E como ela sempre usava um, ficava ainda maior. E isso ajudava a manter Laura segura, de certa forma. Anna sabia de tudo isso e era apenas isso e a confiança que mantinha na amiga que a tranquilizava agora vendo o avião de Laura decolando.

Vermelho Carmesim - Lady DimitrescuOnde histórias criam vida. Descubra agora