02
HANNI'S POV
Sangue, desde dos pés, até a cabeça, e foi a ultima vez que eu vi meu pai, abandonei o Vietnam por esse motivo, meu pai matou alguém a sangue frio e eu fiquei sob a guarda da minha mãe, que agora mora em Seul e tem minha meia irmã, Danielle.
--- Ai! Vamos, vai ser sua primeira festa em um lugar novo, e você precisa esquecer disso.
Danielle queria fazer de tudo pra que eu saísse de casa e respirasse ar fresco, mas era tudo tão recente, tudo que me lembrava o vermelho do sangue me dava medo, eu peguei um trauma fudido de coisas vermelhas, eu só desejava ser daltônica naquele momento.
--- Danielle, deixe sua irmã e vá logo pra essa festa, antes que eu me arrependa de ter deixado.
A mesma da de ombros e sai do quarto, e logo minha mãe sai também me deixando só.
Eu fiz o boletim de ocorrência antes de viajar e a polícia permitiu que eu fosse embora dali, eu não trabalhava, eu não estudava, eu apenas fazia comida para meu pai e tentava me divertir sozinha naquela casa, até começar a escutar pedidos de socorro do porão e sentir o fedor forte de carne podre vindo dele.
Meu pai era um psicopata, um assasino em série, e ele sempre, sempre mentiu pra mim, eu nunca imaginei, que o cara que me criou esses anos todos, poderia matar alguém com um sorriso estampado no rosto, e aparecer coberto de sangue pra sua filha como se fosse normal.
E ainda por cima a polícia falou que alguns corpos tinham marcas de mordida, não só uma como várias, ou seja, além de psicopata ele era canibal, e eu convivia com um canibal e nunca desconfiei, era estranho o fato dele nunca querer jantar mas eu nunca questionei ele do porque disso, só de lembrar nas palavras do policial o medo de algum dia ele querer comer minha carne me consumia.
Mas ele era normal, ele andava comigo na praça perto de casa, ele via filmes comigo na sala de casa e nós riamos, ele sempre falou que me amava e que eu era o maior bem dele, nunca me falou desse seu vício estranho em comer carne humana, ele nunca sequer pensou em me morder nem que fosse de brincadeira, eu não conseguia falar que ele era culpado, mas também não conseguia olhar ele com os mesmos olhos de antes.
Passei alguns dias sem conseguir dormir e minha mãe pagou uma psicóloga particular pra mim, como eu não conseguia sair de casa ela vinha toda segunda, quarta e sexta, e evitava falar sobre a cor vermelha, apesar que ela tem o azar de ter seu cabelo vermelho.
--- Sua psicóloga vai vir hoje, espero que não surte dessa vez --- diz minha mãe com um tom de voz meio irritado --- Vou ver se compro um novo porta retrato...
No último encontro --- que foi segunda-feira --- chegou no assunto mais delicado que foi sobre meu pai, eu acabei tendo uma crise de pânico relembrando tudo aquilo e quebrei um porta retrato da Danielle, ela ficou irritada no começo mas ela entendeu meus motivos.
--- Posso entrar Pham Hanni? --- sempre formal.
--- Claro Chaery, ta aberto... --- o quarto não era meu, era da Danielle, porém logo logo ele seria decorado com coisas minhas que eu gostava, rosa, sempre gostei da cor rosa, ele me fazia esquecer o vermelho.
A moça entrava no quarto de chapéu, ja que no primeiro dia ela não sabia do meu trauma com o vermelho e acabou me assustando com a cor do seu cabelo.
--- Okay, dessa vez será uma sessão especial, ja que eu trouxe alguns lanches e... --- ela retirava algo grande de sua ecobag --- Tcharam, fiquei sabendo que você gosta de Cara a Cara, então eu trouxe o do meu consultório.
Ela me tratava como uma criança, mesmo sabendo que eu tinha 20 anos, mas sabe, eu gosto disso, me faz esquecer que sou uma adulta que teve um trauma em minha vida.
--- Bacana, mas cadê minha câmera? --- a Chaeryeong retirava minha câmera DCR de sua ecobag e eu automaticamente abraçava a câmera. (A camera é a que ta no começo do capítulo)
--- Uou, você tava mesmo com saudades dela né?
--- Claro, aqui tem fotos que não tem o vermelho...
A mesma balança concordando com a cabeça e logo arruma o jogo.
--- Então Hanni, ainda acorda de madrugada?
--- Sempre, como sempre --- eu olhava as fotos, sempre fui organizada então tinha pastas de fotos com cores diferentes, eu digo que é apenas ser organizada, ja a Chae diz que isso se chama TOC.
--- Ainda sonha com o cara que não pode ser nomeado?
--- Sim, e com aquela cor também...
--- A gente poderia fazer um teste --- ela começa a me olhar --- Olha, ja faz um tempinho que eu venho aqui e quero lhe ajudar a pelo menos a lhe dar com a cor.
--- E-eu não tenho certeza se isso é bom doutora --- automaticamente olho para o lado --- Eu odeio aquela cor, minha vista dói, meu coração acelera.
--- Seu coração é de que cor? Hanni.
--- V-vermelho.
A Chaery suspira, e olha pro teto até finalmente olhar pra mim de novo, e retirar seu chapéu rapidamente, vermelho, vermelho, ele era vermelho, mas, ue, eu não fiquei com medo?
--- Viu, é só um cabelo.
Era realmente só um cabelo, eu me fiz acreditar que o vermelho cor de sangue era o mesmo que qualquer tom de vermelho, o cabelo de Chaeryeong era vermelho, porém outro tom totalmente diferente.
--- Olha aqui --- ela tirava uma maçã vermelha da ecobag --- Isso é um vermelho, esse é outro --- ela aponta para a maçã e depois para seu cabelo.
Não que eu fosse burra e não sabia disso, mas quando eu estava no aeroporto era horrivel ver qualquer pessoa com algo vermelho, mesmo que eu consiga ver, eu ainda odeio essa cor.
--- Enfim vamos jogar, quer a maçã? --- ela estende a mão oferecendo a fruta.
--- Eu aceito sim --- pego a fruta, encaro por alguns segundos e dou uma mordida, como se eu estivesse vencendo meu medo comendo ele vivo.
--- Sabe Chae --- a mesma me olhava esperando o resto da frase --- Acho que quero tirar fotos novas, isso quer dizer que acho que estou pronta pra sair do cativeiro.
Solto um leve sorriso que é o suficiente pra fazer a médica quase saltitar de alegria.
--- Faremos um piquenique sexta então, ah e se você puder pedir pra sua mãe fazer aquela pipoca que só ela sabe fazer eu agradeço.
Ambas rimos e começamos a jogar, ela me faz perguntas básicas e eu respondo normalmente, o que antes virava um silêncio ensurdecedor agora vira várias risadas, talvez pegar um ar sexta feira vai me fazer melhor ainda.
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Only on Camera
FanfictionAs vezes ir contra a vontade dos pais pode trazer consequências negativas, mas para Minji as consequências foram negativas até demais causando a morte deles. Já Hanni nunca pensaria que seu pai era um grande pscicopata que fez ela ter trauma da co...