11. Um mundo onde só existia eu e Aquiles

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((NOTAS:  Olá, vi que tem muita gente nova chegando na fic por causa do tiktok. Sejam muito bem vindos, estou adorando ter vocês aqui <3 Não esqueçam de comentar o que estão achando pq a opinião de vcs é mt importante pra mim e sempre me incentiva a escrever os próximos caps. Boa leitura, espero que gostem! ))


Katriel

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Katriel

Muitas vezes, quando uma angústia sufocante não me dava escolha a não ser me afogar nos remédios, eu tinha apagões que duravam por dias. Não sabia dizer se estava dormindo ou acordado e tinha apenas breves memórias das coisas, lapsos dos momentos. Muita coisa se perdia na cronologia dos meus dias, quando estou consciente, mas drogado ou bêbado demais para me lembrar claramente do que havia acontecido. Grande parte da minha vida foi gravada na minha memória como uma série de eventos desconexos de quando não estou dissociando, dormindo ou drogado. Esses momentos eram poucos e raros. Por isso, quando Aquiles me chamou para ir ao cinema, eu me vi em frente a um dilema: se tomasse uma dose muito baixa dos remédios, os sintomas de abstinência começariam a aparecer. Se tomasse uma dose muito alta, então eu ficaria sonolento, aéreo e possivelmente não conseguiria me lembrar com clareza do dia depois. Resolvi arriscar minha sorte e tentar calcular quantas horas eu conseguiria ter com Aquiles antes que a abstinência aparecesse.

Quando chegou o dia, eu estava uma pilha de nervos. Por definição, eu não estava sóbrio. Eu calculei o horário perfeito para que o remédio ainda estivesse, em teoria, no meu organismo. Mas não lembrava da última vez que tinha ficado tanto tempo sem e minha ansiedade ameaçava me sufocar a qualquer minuto.

Aquiles ficou pronto bem antes de mim.

—Katriel, você já está vindo? — ele perguntou, da sala.

— Mais ou menos — respondi.

— Você já está vestido? — falou, e eu senti sua voz se aproximando da porta. — Posso entrar?

—Não estou vestido. Mas você pode entrar.

—Katriel! — Ele soltou uma tosse engasgada.

—Estou brincando — falei, abrindo a porta, vestindo uma calça preta e uma blusa telada. Sorri para Aquiles, me divertindo com sua reação de pânico.

— Você gosta de fazer isso, né? — perguntou, derrotado.

—Te deixar sem graça? Um pouco — admiti. — O que foi?

—Nada. Só entediado. Posso ficar aqui enquanto você se arruma?

Assenti, e voltei a atenção para meu guarda roupa, onde peguei uma gargantilha preta e uma bolsa de maquiagem.

—Para alguém que não queria ir — Aquiles apontou — você até que está animado.

—Eu nunca disse que não queria ir — respondi, prendendo a gargantilha.

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