AVISO DE GATILHO!!: abuso sexual.
Katriel
No dia em que conheci Aquiles, depois de ter o beijado, eu me perguntei se o veria novamente. Eu só não imaginava que seria tão cedo.
Eu estava saindo da Moonlight, às 5 da manhã. Ainda estava escuro. O clube estava fechando, o que significava que eu não poderia ficar mais lá, mas também não quis voltar para casa, já que sabia que Flávio estaria lá me esperando. Eu havia aceitado o trabalho no clube de strip contra a vontade dele, que já havia tentado me tirar de lá diversas vezes, mas eu sempre arrumava uma forma de voltar. Era a única forma de arrumar algum dinheiro e não depender totalmente de Flávio para, desde coisas mais bobas como comprar uma roupa até coisas mais essenciais como quando ele decidia que iria me deixar sem comida.
Sentei na calçada, um pouco tonto por causa da bebida, e acendi um cigarro. Observei as pessoas passando por mim, meus colegas de trabalho. Ninguém se deu ao trabalho de se despedir- eu havia os ignorado vezes o suficiente. Mesmo assim, aquela sensação de solidão ameaçava me engolir. Eu olhei para o Sol começando a nascer, as ruas vazias, o clube fechado, e me senti tão pequeno, tão insignificante no meio daquela imensidão, daquele silêncio. No meu mundo, não havia mais ninguém além de mim. Ninguém mais que se importasse, ninguém mais que me olhasse como algo que não fosse um produto, um objeto. E pensei em fugir daquela cidade. Juntar minhas coisas, fugir no meio da noite. Eu fantasiava com uma vida longe daqui, longe do meu pai, mais vezes do que gostaria. E o simples pensamento de que poderia existir algo que não fosse aquela dor, aquela solidão, me deixava sobrecarregado com sentimentos. Algum dia eu iria fugir. Algum dia eu teria forças o suficiente para fugir. Mas não iria ser hoje. Como uma cruel lembrança da realidade, o carro do meu pai apareceu do outro lado da rua. Ele estacionou e veio andando em minha direção. Eu apaguei o cigarro, tirei alguns comprimidos da bolsa, e engoli.
— Flávio. — o cumprimentei, um pouco lento.
Ele me levantou, me puxando pelo braço. Os comprimidos ainda não haviam feito efeito- o que significava que eu não estava fora da realidade o suficiente para deixar que ele me segurasse assim sem relutar.
— Me solta — murmurei, puxando o braço com força, e o empurrando para o lado.
— Eu já disse que não quero você aqui, se mostrando para os outros como uma vadia imunda — ele segurou no meu cabelo, e começou a me arrastar para o carro.
— Ai. Ai! — reclamei, e tentei empurrar sua mão para longe. O mundo girou, e eu tropecei, os calmantes começando a fazer efeito. Ele me segurou, e chegou mais perto para segurar meu rosto contra minha vontade e beijar minha boca.
— Eu senti sua falta — falou.
Eu virei o rosto para o lado.
— Eu não senti a sua.
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Reminiscência [LGBT]
RomanceAquiles sempre sonhou com as coisas ruins antes delas realmente acontecerem. Após conhecer Katriel, um stripper misterioso, ele sonha com o garoto sendo brutalmente assassinado. Ao se aproximar de Katriel para tentar impedir a tragédia, Aquiles se v...