18. A bondade de alguém que passou pelo inferno e não quebrou

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Aquiles

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Aquiles

No dia do jantar de noivado, parecia que todo meu corpo estava protestando contra a ideia. Minha cabeça doía, meus braços não me obedeciam, tendo espasmos musculares toda vez que eu tentava segurar algo, minhas pernas tremiam e eu sentia que ia desmaiar a qualquer momento. Tomei alguns - muitos - remédios, mas nada adiantava. É claro que não adiantava, eu sabia que aqueles sintomas estavam sendo causados única e exclusivamente pela minha ansiedade, meu corpo protestando contra minhas escolhas. Eu queria cancelar. Voltar atrás. Aquela mentira, aquele namoro inventado, que depois virou um noivado, havia chegado longe demais e eu não sabia mais como desfazer nem se era forte o suficiente para isso. Eu não sabia o que fazer. Só sabia que precisava ficar bem, sobreviver a essa festa, e depois eu pensava no que iria acontecer.

Eu disse para Katriel que queria ficar sozinho. Eu precisava pensar, me acalmar. Mas a verdade é que a presença de Katriel me acalmava mais do que qualquer coisa, então, quando percebi, já estava batendo na porta de seu quarto.

— Eu estava esperando você vir — falou, sorrindo, como se já soubesse que eu ia ceder e o procurar.

Eu passei meus braços pelo seu pescoço e o abracei, murmurando uma reclamação qualquer.

Consegui sentir o alívio percorrendo meu corpo aos poucos, partindo dos pontos em que Kat me segurava.

— Como você consegue fazer isso? — sussurrei.

Kat mudou de posição, passando o braço por baixo da minha perna e me levantando no colo. Poucas vezes eu havia me sentido tão leve quanto quando Katriel me pegou no colo daquele jeito. Escondi um sorriso enquanto ele me carregava até sua cama.

Enfiei o rosto no travesseiro. A cama de Katriel tinha cheiro dos dois perfumes que Kat usava - o quando ia trabalhar, mais sensual, ousado, e o perfume que usava em casa comigo, doce, com cheiro de baunilha- com um toque bem leve de fumaça. O cheiro dele.

— Vamos fazer um combinado — ele falou, e eu ajeitei meu rosto no travesseiro. Kat estava sentado na cama do meu lado, a mão descansando na minha cintura. — Eu deixo você passar o dia aqui comigo, até deito do seu lado se você quiser. Mas você vai ter que almoçar. Eu já até fiz o almoço.

Desviei o olhar.

— Mas eu já vou ter que comer na festa hoje mais tarde... — murmurei. Todos vão estar me olhando e ficaria estranho se eu não comesse nada. Definitivamente uma das piores partes dessas confraternizações.

—Eu sei que hoje vai ser complicado para você — Kat argumentou. — Mas é por isso que você precisa comer para não desmaiar no meio de tudo isso.

— Eu não vou desmaiar.

A expressão de Kat ficou mais séria, preocupada.

— Eu perdi a conta de quantas vezes você quase desmaiou esses dias.

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