13. Como eu poderia ser amado se não fosse perfeito?

258 32 91
                                    


NOTAS: Olá, queria agradecer a todo mundo que comentou no último cap <3 Eu tenho estado bastante desanimado com a escrita e os comentários de vocês são o que me incentivam a continuar escrevendo os próximos capitulos e me fazem ver que eu não to escrevendo pras paredes, muito obrigado mesmo por tirarem um tempinho pra comentar na história! 

Espero que gostem do capítulo, não esqueçam de votar e me contar o que acharam. Boa leitura! 

 Boa leitura! 

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



Aquiles

Ao longo dos anos, eu havia desenvolvido um milhão de maneiras de fingir que eu estava bem. Eu cortava a comida em pedaços pequenos, e as espalhava no prato, para parecer que eu havia comido algo. Eu levava pratos de comida para o quarto, e, de madrugada, jogava a comida fora. Eu falava para meus pais que tinha comido na escola, falava para meus amigos que tinha comida em casa. E funcionava. Sempre funcionou. As pessoas não prestam atenção no que não estão procurando. E, se você é magro, então imediatamente acreditam que você é saudável.

Na verdade, no ballet, eu sempre fui elogiado quando perdia peso. Eu passava dias me alimentando de gelo e café, e ouvia: você tem o corpo perfeito para o ballet. Eu ensaiava o dia inteiro sem nada no estômago, e era parabenizado com "temos orgulho de como você é dedicado" , enquanto eu lutava para não desmaiar. E, quando me restringir de comida por tanto tempo cobrava seu preço, e eu tinha episódios de compulsão, eu me forçava a vomitar até que minha garganta sangrasse, com o celular ligado em uma música qualquer para abafar os sons. E então, quando eu fiquei internado pela primeira vez porque estava fraco e desnutrido, e mal conseguia andar, muito menos dançar, a maior preocupação dos meus pais era esconder da mídia que o bailarino prodígio deles não era tão perfeito quanto eles queriam fazer acreditar que eu era. A mídia não descobriu. Ninguém descobriu. Eu era bom em esconder. Eu sempre fui. Era o que eu precisava fazer. Eu não poderia deixar ninguém ver que, no fundo, embaixo daquela imagem tão bem construída, moldada cuidadosamente, eu estava quebrado.

E então, quando Katriel viu por trás da minha fachada, eu colapsei.

Eu não queria ter gritado com ele. Quando vi Katriel se encolher ao ouvir o tom da minha voz, quando olhei em seus olhos, eu pensei que pudesse desintegrar ali na frente dele. Eu precisava ir embora. Antes que o magoasse mais, antes que eu perdesse o controle e falasse coisas que me arrependesse. Controle. No final das contas, tudo isso era sobre controle. Eu queria controlar que partes de mim Katriel podia ver, e quais não. Eu queria manter minha imagem- calmo, composto, dedicado, perfeito — e eu estava falhando. Falhando para a pessoa que eu mais queria que me amasse. E como eu poderia ser amado se não fosse perfeito?

Katriel disse: eu vi que você não está comendo e estou preocupado. E eu ouvi: eu sei que você é uma farsa.

Quando vi, eu já estava correndo até em casa, a raiva fazendo minhas mãos tremerem e meus ouvidos zunirem. Eu cheguei em casa e tudo que eu conseguia pensar foi:

Reminiscência [LGBT]Onde histórias criam vida. Descubra agora