16. Podemos fingir que o mundo não está acabando

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NOTAS: Primeiramente, muito obrigado pelos comentários nos últimos capítulos. Eu reparei que tem bastante gente aparecendo pra comentar e queria dizer que isso me deixa muito feliz e animada para continuar escrevendo e que eu aprecio muito o apoio <3 Não esqueçam de votar e me contar o que acharam desse cap, boa leitura! 


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Katriel

A culpa pesava nas minhas entranhas como uma âncora me puxando para baixo, afundando. Eu não conseguia deixar de pensar que tudo aquilo era minha culpa. Se eu não estivesse ali, nada daquilo teria acontecido. Se eu não estivesse ali, Aquiles não teria apanhado. Ou ouvido tudo que ouviu. Enquanto acontecia, tudo que minha mente conseguia fazer era repetir isso é minha culpa, é minha culpa. Era minha culpa.

Eu sabia que Aquiles estava comprometido- noivo, pelo amor de deus- , sabia que ele nunca tinha se envolvido com garotos por causa dos pais, sabia que estar com ele colocava sua segurança em risco, sabia disso desde o incidente das fotos no jornal. Eu sabia, e mesmo assim eu fiquei. Eu deveria ter ido embora. A vida de Aquiles seria muito mais fácil se eu fosse embora, mas eu era egoísta. Eu não saberia o deixar. Eu era ótimo em desistir, fugir, é o que sempre fiz. Mas, olhando Aquiles ali, vulnerável, seu corpo tremendo no sofá enquanto eu contava os segundos com medo daquela convulsão nunca acabar, eu soube que ir embora me rasgaria ao meio.

Aquiles acordou desorientado, as sobrancelhas franzidas e completamente sem forças. Ele grunhiu de dor, e eu coloquei a mão em seu rosto devagar, tentando aliviar a dor um pouco.

— Shh, tá tudo bem — sussurrei. — Você teve uma convulsão, mas já acabou. Tá tudo bem agora.

Lágrimas escorreram pelo seu rosto, e ele continuou me olhando em silêncio.

— Você consegue falar? — perguntei, preocupado. — Lembra do que aconteceu?

Aquiles assentiu, respondendo com a voz rouca:

— Lembro. Meus pais... eu... — ele colocou a mão no rosto, inchado do soco que levou.

— Eu sinto muito, Aquiles — murmurei, sentindo aquela pontada de culpa novamente, ameaçando me sufocar. Ele tentou sentar no sofá, mas seu corpo cedeu. Com cuidado, ajudei Aquiles até o quarto, onde ele deitou, cansado.

— Eu vou ficar aqui com você um pouco, ok? — falei, puxando uma cadeira de escritório até a lateral da cama. — Só para caso você tenha outra convulsão.

Aquiles assentiu, em silêncio, me olhando com os olhos cheios de lágrimas.

— Eu tive um sonho enquanto estava desacordado — ele murmurou. — Alguns sonhos.

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