Um final feliz - Era uma vez um coração partido

Capítulo 8

O caminho até o Magnífico Norte não teve percalços. Com a carruagem exclusiva da rainha, todos embarcaram sem contratempos. Evangeline admirou o veículo, que a carregou até o reino de Valenda, quando estava desacordada por uma poção de Veneno. Ainda não entendia os motivos da rainha por querer levá-la para o reino dela, mas segundo Scarlett, era para sua própria segurança e para compensar o erro de tê-la enviado no lugar dela, para uma festa promovida pelo principe Apolo. No período em que isso ocorrera, o qual Evangeline não se recordava, Apolo procurava uma noiva e promovera a festa nesse intuito.

- E nós não queríamos ir, devido a ser uma manipulação de Jacks - Donatella explicou - Tive muitos problemas por causa do Príncipe de Copas e eu sabia que ele estaria lá. Pressentia que nossos caminhos iriam se cruzar.

- Entenda, não queríamos de maneira alguma prejudicá-la - complementou Scarlett - Nós apenas tivemos problemas com Jacks, afinal, ele tentara raptar minha irmã, para força-la a ficar com ele. Usou de todo seu poder, para manipulá-la.

Evangeline escutara as explicações, sentindo uma estranha pontada de ciúme, que crescia cada vez que olhava para Donatella. Tella, como Scarlett chamava. Contudo, tentava desviar seus pensamentos que não faziam o menor sentido para ela. Não se recordava de Jacks, muito menos, de gostar dele. Estranhamente, sentia um afeto inexplicável, o qual fazia seu coração disparar a cada vez que lembrava do rosto perfeito dele. Ou do seu sorriso afiado. Ou da forma como mordia sua maçã...

- Evangeline? - escutou alguém a chamar.

Fitou os olhos profundos de Julian, que parecia esperar uma resposta. Estava de frente para a carruagem e ainda não havia embarcado. Entrou, sem dizer nada, se comportando de forma silenciosa. Questionava-se onde poderia estar sua irmã, Marisol. O que poderia ter acontecido com ela? Segundo a rainha, ela estava presa no reino do norte, por algum motivo. Mas, não deu maiores explicações, o que deixara Evangeline nervosa. O que poderia ter acontecido a sua irmã de tão grave?

O céu no horizonte era de um tom azul claro, pincelado por nuvens de algodão doce. Ela sempre imaginara o céu daquela maneira e desejava tocar as nuvens com suas mãos. Mas, a janela estava cerrada, o que não permitia que ela esticasse seus braços para sentir a maciez das nuvens nas pontas dos seus dedos. Sentiu-se observada de repente, pelos ocupantes da carruagem. Dante a fitara, rapidamente, disfarçando o olhar, assim como Scarlett, Donatella e Julian. Ela se escolheu, um tanto constrangida. Seria seus cabelos em tom rosa dourado? Ou seria o fato de ser a chave que abrira o Arco da Valorosa, afinal, Dante mencionara que ela era a chave para tudo. Mas, como poderia ser chave que libertara uma família de seu enclausuramento?

A viagem não demorou tanto quanto ela esperava que demoraria, mas a noite no reino Magnifico Norte era tão estranha, não deixando entrever nada pela escuridão que fazia. Era um nevoeiro que cobria o local, que impossibilitava de enxergar algo da janela da carruagem. Quando ela pousou no cais, Evangeline sentiu um misto de saudades e felicidade por estar ali, mesmo que estivesse acontecendo uma guerra entre a família do seu marido e a família Valor.

Pensou ter escutado algo, quando viu o arco que estava sobre o mar. Pensou ter escutado algo sobre libertar, mas não deu ouvidos, caminhando próximo aos seus acompanhantes de viagem, que vestiram suas capas. Ela fez o mesmo, cobrindo sua cabeça, para passar despercebida. Então, enquanto caminhavam, para a casa de Lala, pois esse seria o caminho a ser feito, Evangeline se perdeu dos outros. Em um momento, eles estavam ali e no outro, haviam sumido no nevoeiro. Sentiu seu coração explodir em seus ouvidos. O medo parecia gritar em sua mente e as pernas paralisaram. O que faria agora que estava sozinha?

Procurou em vão por eles. Tentou chamá-los, mas ninguém respondeu seu chamado. Apenas via a rua de pedra e a sua frente, o nevoeiro que engolia tudo. Apenas a luz fraca, que com certeza vinha dos postes, perfurava a camada densa do nevoeiro.