Um final feliz - Era uma vez um coração partido

Capítulo 9

Nota: Eu finalmente terminei o último livro da trilogia e senti que faltou muitas coisas. Para quem leu, sabe que faltou muita coisa mesmo. Aqui, espero sanar algumas dessas coisas, mas também, entreter. A história vai seguir alguns pontos similares ao livro e outros não. Enfim, uma boa leitora para vocês =)

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Sentiu o cheiro de incenso queimando, um aroma adocicado, quase hipnotizante. Na verdade, estava cumprindo seu papel, pois Evangeline sentia-se mais calma, leve como pluma. Começou a despertar em seguida, mas não abriu os olhos de imediato. Notou que estava deitada em um local um tanto desconfortável, de repente. Ao abrir os olhos, notou que estava em uma sala pequena, abarrotada de tecidos, de várias cores. Escutou de uma máquina de costura. Alguém parecia trabalhar de forma constante.

Ela se sentou, notando que estava em um sofá. Logo, as lembranças da noite anterior vieram a sua mente. Havia sido mordida. Se transformara em uma vampira. Algo que acreditou serem lendas. Mas, eram reais. Tão reais, que isso chegava a assusta-la. Ao mesmo tempo, fascina-la. O belo desconhecido, que havia visto, devia ser o culpado por isso. E depois, o Príncipe de Copas veio ajuda-la. Sentiu o rosto queimar pela vergonha. Recordava-se perfeitamente que queria morde-lo. Queria tanto sentir o gosto do seu sangue. Passou as mãos pelo rosto, sentindo-se péssima. Procurou ao redor por ele, mas não havia sinal do Príncipe. Será que ele a levou para aquele lugar?- Ah, você acordou - escutou a voz de uma mulher.Olhou para o lado, vendo uma jovem muito atraente, com um vestido de noiva. Ela sorriu, de forma satisfeita para Evangeline, que tentava lembrar do seu nome.

- Nós nos conhecemos, não é mesmo? - Evangeline perguntou - Você é...?

- Lalá - ela fez uma reverência, um tanto exagerada - Sim, nós somos amigas.

Evangeline a fitou com desconfiança. Não sabia se poderia confiar na jovem. Na verdade, não sabia se poderia confiar em ninguém. Fora mordida por um vampiro. Deixada para trás no porto do Magnifico Norte e ninguém veio atrás dela. Pensou que a rainha de Valenda, ou seus amigos, viriam atrás dela, mas a única pessoa que esteve consigo foi o Príncipe de Copas. Seu rosto ficou ruborizado apenas de lembrar dele e na forma como a abraçara, como se ela fosse algo precioso. Alguém que parecia ser importante para ele. Ou deveria ser sua imaginação febril que imaginou tudo aquilo. Ele não estava ali e ela estava sendo acolhida por Lalá, que dizia ser sua amiga. 

- Como nos...como nos conhecemos? - perguntou, hesitante, se levantando do sofá e esticando as pernas.Seu vestido estava imundo. Fitou os rasgos nas mangas largas e na longa saia. Não conseguia se lembrar os fatos da noite anterior. Apenas o princípe vinha a sua mente e forma como ele a protegera. 

- É uma longa história - Lalá disse, com um sorriso, que não viera aos seus olhos - Talvez, com o tempo você possa se lembrar.

- Acredito que...bom...eu possa me lembrar com o tempo - Evangeline disse, um tanto triste por decepcionar a jovem a sua frente. Queria muito se lembrar de todo seu passado. Queria se lembrar de como havia se casado com o princípe Apollo. E como havia conseguido chegar ao Magnífico Norte. Ao que parecia, tudo isso era obra do Princípe de Copas - Meu marido, o princípe, havia dito que sofri o acidente de carruagem e por isso, não consigo me lembrar de nada. 

Lalá fez uma careta ao ouvir aquilo. Evangeline queria entender o motivo para isso. Seu marido poderia ter mentido a ela? Não. Ele parecia tão sincero e tão preocupado com sua segurança. Contudo, não o conhecia de fato. Mas, por que ele mentiria para ela? Não fazia sentido. 

- Foi isso que ele disse? Que foi um mero acidente de carruagem? - indagou Lalá, com um olhar de desprezo. 

- Sim. Ele não teria motivos para mentir para mim - Ou teria? Seria possível que Apollo simplesmente tivesse omitido informações sobre o que houve consigo? Lembrou-se imediatamente que a rainha de Valenda e sua irmã haviam acusado o Princípe de Copas por ter perdido suas memórias.

- Claro que não - Lalá concordou, mas não parecia convencida - Mas, isso não importa, por agora.Não, realmente não importava. Não quando o reino estava em perigo. Não quando seu marido estava sofrendo por causa de uma guerra. Por causa de uma família, a qual ela não se recordava o nome. A qual, parecia ser muito poderosa. 

- Eu preciso ir, agora - Evangeline decidiu, de repente. Precisava encontrar Apollo. Assumir sua responsabilidade como princesa daquele reino.- Eu acho que você não precisa sair daqui. Lá fora não é seguro - Lalá aconselhou, mas não fez menção de segura-la. Era como se de fato, não se importasse - Há uma guerra sendo travada para tomar o controle do reino. Jacks me pediu para você...- Então, mordeu os lábios, como se não pudesse dizer aquilo.- O que Jacks pediu? - perguntou Evangeline, curiosa. O que ele poderia pedir aquela jovem que dizia ser sua amiga? E por que ele se importaria com ela? 

- Nada - Lalá fez um gesto com a mão, como se quisesse deixar de lado aquele assunto.

- Diga - insistiu Evangeline, se aproximando dela - Por favor, diga. Eu não entendo o que o Princípe de Copas tem relação comigo. Ele é um arcano, não é? 

E arcanos, conforme as histórias que ela havia escutado, eram seres perigosos, imortais e sem sentimentos humanos. O que demonstrava que talvez, Jacks não estivesse de fato preocupado com ela. Talvez, houvesse algum interesse escuso, para tentar protege-la. 

- Sim, ele é - Lalá confirmou - Mas, Jacks não é confiável. Quase nunca é - Então, deu uma risada sem humor - Ainda mais, quando está obcecado.

- Obcecado? Ele está obcecado por mim? - Lalá anuiu com a cabeça, parecendo estafada daquela conversa. - A única coisa boa que ele está fazendo e mante-la aqui. Mas, se quiser sair, saia. Afinal, você continua sendo a princesa desse reino.Evangeline ficou confusa com o descaso de Lalá. Dizia ser sua amiga, mas parecia não se importar com ela. 

- Vou procurar o princípe Apollo - Evangeline disse, mesmo que não precisasse dizer a Lalá para onde estava indo. Mas, sentia que devia alguma satisfação a jovem, afinal, ela dizia ser sua amiga - Mas, preciso de ajuda. Não sei...bom, esse reino é estranho para mim. Não conhece o caminho até o Paço dos Lobos. Lalá suspirou, parecendo irritada. 

- Tudo bem, eu te levo. Mas, é por sua conta e risco.

Evangeline anuiu com a cabeça, sentindo-se agradecida. Ao menos, Lalá iria ajuda-la. E em seguida, bom Evangeline não sabia o que deveria fazer. Apenas que precisava rever seu esposo e apoia-lo. Apesar disso, sentia em seu intímo que algo estava errado. Algo estava errado e ela não sabia exatamente o quê.