𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐕𝐈𝐍𝐓𝐄 𝐄 𝐔𝐌 ❝Lembrei-me repentinamente de quando me transformei, não fora nem de longe fácil, mas eu tenho que admitir, no início, me senti estranha com o gosto metálico. Mas então, foi como se a eletricidade estivesse percorrendo meu corpo, um milhão de estrelas explodindo em minha mente de uma só vez. É como nada que já havia sentido antes. Foi fantástico. E tudo o que eu pensava era que eu queria fazer novamente.❞
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MAIS UM GRITO ABAFADO ECOOU PELO quarto da humana maluca. Eu pensei se deveria ir até lá ver se ela estava bem ou me manter por entre as árvores, a uma distância adequada, mas então percebi: isto não era da minha conta.
Tudo que a envolvia, era curioso. Em mais de dois séculos, eu nunca vi alguém tão... excêntrica. Como por exemplo, por que ela colocava aquele cigarro fedorento na sua boca? Ou aqueles diálogos sobre fantasmas e sonhos que não faziam o menor sentido? Em uma hora, ela corria de mim e na outra, parecia não ter medo. Era tudo confuso quando se tratava daquela humana.
Mas o mais perturbador era minha curiosidade sobre ela. Humanos só eram interessantes para mim quando suas jugulares estavam entre minhas presas. Nada além disso. Mas por algum motivo desconhecido, ela se tornara a coisa mais interessante do mundo — e eu detestava isso.
Quanto mais eu a observava, mais confusa e curiosa eu me sentia. Era incontrolável. Eu começava a gostar de seus cabelos mais escuros do que o breu da floresta à noite, dos seus olhos claros como o sol, mais verdes do que as folhagens da floresta, de sua pele branca como a neve — e eu odiava cada segundo disso.
Eu deveria mata-la. Elimine-la completamente do meu caminho para assim dar o fora desta cidade tão sem graça. Mas como eu poderia? Todas as vezes que eu estive perto o suficiente da fronteira do Canadá, algo me puxou de volta. Uma preocupação sem fim. Seu rosto era como um telão de cinema em minha mente.
Lembro-me como se fosse ontem a primeira vez que eu a vi. Estava tão absorta enquanto andava pela floresta, ouvindo uma melodia calma e seu cheiro era quase agradável, quase pois dava para sentir o cheiro fedorento daquele cigarro. Ela ficou aterrorizada, confusa. Correu tão rápido de mim que eu acharia fantástico tamanha velocidade para uma humana. Quando nossos olhares se cruzaram, algo mudou.
