- Seus vermes imundos, curvem-se diante do seu mestre!- Seu tom é trabalhado em frieza glacial, afiado como um cristal de gelo, seus olhos queimam frio, seu eu é frio, pura maldade.
Na sombra que se projeta das densas árvores, o silêncio do crepúsculo o faz mais ameaçador. Seus espectadores o encara em silêncio, antes de ofegarem, erguendo suas mãos em uma série de aplausos de encorajamento.
- Oh! Isso foi incrível, exatamente como um cara mal.- Tanjiro diz, que menino bom, o encorajando nesse seu pobre ato.
Ao seu lado, Nezuko balançou a cabeça com ênfase.
Tossindo no punho para afastar parte do constrangimento, você coça a bochecha os olhando de lado.
- Isso é bom, eu acho.- Você resmunga.
Seu eu vilão está em construção, quando eles viessem, você daria um show. Um plano infalível você disse, tá mais pra uma jogada desesperada, você não é nenhum gênio megalomaníaco, corte isso, você não é um gênio de jeito nenhum, nem uma ideia surpreendente lhe vem à mente, mesmo com cinco delas.
- Né, Tanjiro-kun, talvez devêssemos fugir, não é estranho que os onis se resumam ao Japão? Nunca entendi isso, me faz pensar que outros terrores há por aí, até parece aqueles lances de gangue, onde cada um tem sem território.- Diante do olhar cada vez mais interrogativo do menino, você deteve seus devaneios, rapido em acrescentar.- Só acho que seria uma ideia melhor pegar o primeiro barco para o outro lado do globo.
Dito e feito, você se aproximar, sentando-se em frente aos irmãos, indiferente ao chão sujo, afinal, você já estava na merda mesmo.
- De jeito nenhum!- O menino se agitou, rápido em descartar sua melhor ideia até então, que decepcionante.- Você consegue, você disse que tem as mesmas habilidades de Kibutsuji, assim eles deveriam lhe obedecer, certo?
- Em tese, eles obedecem pelo medo e respeito equivocado.- Você suspira, abandonando a boa postura, o que importa afinal, você é um ser perfeito, dores nas costas é coisa do passado.- Esse lance de afligir dor gratuita e propagar terror psicológico não são meus passatempos preferidos, além disso, conhecendo Douma, o mais provável é que ele goste.
Esse baixo astral está lhe pegando de jeito, enquanto teria sido bem melhor que outra coisa o fizesse, com aqueles braços fortes, durinho e macio na medida certa... Ah... Bem, sempre é uma possibilidade... Poxa, você tem que tirar seu pensamento da sargeta imediatamente, não basta o drama, agora há mais isso, seu complexo de virgem super excitado.
Se dando um tapa, você assusta os irmãos que dão um pequeno pulo, o fitando de lado. Não lhe surpreenderia se eles o questionasse sobre sua sanidade mais tarde - não que Tanjiro fosse fazer de fato, esse menino era tão bonzinho e todas as vezes que você pensa nisso, parece que algum cisco do além dá um jeito de cair nos seus olhos.
Fungando um pouco, você culpa todo o mato e terra, essa natureza, onde estava o concreto? A fumaça? seu celular? Todo esse tempo ocioso que você tem agora, tá lhe deixando mais doido. De qualquer forma, de voltar ao ponto:
- Ah, desculpe, desculpe, não me leve tão a sério, eu estava só brincando. - Pela forma que Tanjiro o olho, você sabe que ele não acreditou um minuto nessa sua mentira deslavada, você esteve falando muito sério, evitar o conflito não lhe pareceu uma má ideia, assim, com um suspiro derrotado, você continua: - Seria bom que você fosse para Tamayo, se Douma trouxer os outros, não quero arriscar um encontra entre você e Kokushibo, sabe se lá que outro tipo de caos isso traria.- Só de imaginar lhe dá arrepios, você não tem certeza se Kokushibou irá ignorar o menino como um inferior, ou mais possivelmente o espetaria com aquela espada estranha.
Definitivamente, você não estaria tocando aquele ninho de vespas agora. Talvez mais tarde você tentasse aquele negócio de contatos aos poucos, como fazem com cães e gatos, um período de adaptação, pra que se acostumassem a presença um do outro. Se bem que nesse cenário, Tanjiro seria um pequeno e fofo filhotinho, enquanto que Kokushibou seria uma grande pantera muito malvada e faminta.
- Não tenho certeza sobre isso...- O menino hesita, você não está tendo nada disso.
Levantando, você incentiva os irmãos a seguir seu exemplo, logo você está contornando Tanjiro e o empurrando levemente, ao mesmo tempo que Nezuko o imita, suas mãos pousando em suas costas e empurrando. Assim, há uma filinha, quase o lembra daquelas brincadeiras infantis.
- Nada disso, vocês definitivamente precisão ir! Irei ficar bem, mesmo que eles não acreditem em mim e eu perca toda a credibilidade, ainda sou o rei oni, ou quase isso. - Sendo positivo, algo incomum pra você, aproveitando o silêncio, acrescenta: - Tenho super cérebros, eles devem fazer a magia, no pior dos casos, estarei aplicando a técnica mil anos de morte e me tornando um sádico por mérito próprio.
- Mil anos de morte... o que?- Tanjiro ofega o olhando de lado claramente confuso.
- Apenas ignore, você não entenderia.
É uma pena que suas referências se percam nesse novo mundo, poderia ser pior, você gosta de lembrar. Imagine, renascer como um gigante sem órgãos sexuais, ou eu me livre, um daqueles figurantes em Shibuya, você nem teria tempo de curtir a nova vida, pelo menos como titã você estaria correndo engraçado... quer saber, risque isso, é tudo uma merda, você nem sabe porque voltou a isso, talvez seja porque o autor está ficando sem conteúdo, que pena pra ele e seu único e humilde cérebrozinho.
De volta ao presente, quando as árvores dão lugar a uma estrada de terra, vocês param. Nezuko se apoia em suas costas, brincando com seu cabelo negro, bem hidratado, macio e brilhante, dez de dez, muito obrigades. Enquanto que Tanjiro se vira para olhá-lo, parecendo sério, você podia vê um discurso chegando.
- Não sei se posso confiar em você, mas tentarei, seu cheiro é diferente do que senti naquele dia e você fez Nezuko está sob o sol novamente, então tentarei acreditar, vou voltar para lhe encontrar aqui e também falarei com Tamayo sobre seu pedido.
Caramba, você poderia chorar agora, um voto de confiança do prota era grande. Melhor, mais cedo você falou sobre seu dilema canibal e a buscar por Tamayo, que coisa boa que dois de seus dilemas foram resolvidas de uma vez, quase o faz estranhar, é bem sabido que felicidade de pobre dura pouco - se bem que tecnicamente você já não era pobre, Muzan tinha lá suas economias, e que economias, era bom finalmente ser burgues safado.
E é assim que você deixa ir seu precioso protagonista e sua bolinha de estresse fofinha - você esteve apertando Nezuko desde que se dispôs a conversar com seu terapeuta não oficial, foi gratificante, antes que pudesse notar, já tinha jorrado seus problemas.
Sob o por do sol, os irmãos Kamados desaparecem no horizonte - vê só, você pode ser poético, pequenos alentos que lhe davam fôlego, pois com a chegada da noite, se aproxima a tormenta.
Deixando de besteira, você precisa do lugar certo, um sombrio, frio e com ecos arrepiantes, onde seus olhos vermelhos brilhassem mais ameaçadores. Seu eu vilão receberia o que tem direito, o palco e os meios, se fosse pra dar um show, que fosse um pra ser lembrado.
Só que não, você é muito preguiçoso pra isso, um lugar escuro bastaria, mas você também não gosta muito de escuros, pensando bem, nada de sons suspeitos também, você é paranóico e isso apenas o deixaria mais nervoso. O frio também não fazia muito sentido, os onis nem eram afetados pelo clima.
Será que ainda dava tempo de comprar uma passagem para o outro lado do globo?
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Tomada #01 (Hiatus)
FanfictionUm isekai que ninguém pediu. O leitor reencarnou como Muzan!