O alívio

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Aquele era seu limite.

Wess tinha plena certeza disso. Sua barriga já tinha chegado ao seu ápice de tamanho, seu corpo estava pesado, as costas doíam, os pés terminavam de inchar, as contrações de treinamento vinham dia e noite, além disso, um cansaço se apoderou de uma forma que ele nunca tinha visto, nem sabia que era possível.

Andar era uma atividade que demandava bastante tempo e paciência de quem estivesse perto dele. Subir as escadas? Nem se fale! As tarefas mais cotidianas eram coisas que tiravam sua energia e paciência. Wess não conseguia nem mesmo fechar as pernas pela pressão da barriga!

Ele suspirou novamente e tentou se apoiar na mesa para levantar da cadeira, mas uma figura alta o puxou pela cintura.

-Onde o mocinho vai? -Morgan perguntou.

-Vou mijar! Vai comigo também? -Wess falou ameaçadoramente para o amigo. Desde que tinha entrado no nono mês de gestação Morgan parecia um filhote de cachorro atrás do Wess, era muito cuidadoso, sem dúvidas, mas não era a proximidade que ele queria, estava com sentimentos confusos que tinha que empurrar bem fundo em um buraco na sua mente para assim esquecê-los.

-Tem certeza que não quer ajuda?

Wess mostrou o dedo do meio e gingou rumo ao banheiro. Eram tantas vezes no dia, ainda mais agora.

Quando estava voltando, ele se esbarrou em alguém, em Wesley, seu xará inimigo.

-Wess King! Pensei que já tinha saído de licença.

-É meu último dia aqui na empresa.

-Hum. Serão meses muito bons.

-Daqui uns dias também, quando a múmia aí se aposentar -o homem riu.

-Você quer pegar seu nome de volta, não é? Hahahaha.

-Você veio em minha direção pra perder tempo da sua vida irritando um homem grávido prestes a parir?! -Wess já estava dando as costas para voltar a sua mesa.

-Não. Não. Não foi por isso que queria encontrá-lo. Na verdade, pensei que não estivesse mais aqui, então daria isso aqui ao Morgan -ele estendeu uma sacola enfeitada na direção do ômega -minha esposa que fez. É um presente para o bebê.

Wess abriu com cuidado e levantou uma linda mantinha branca com detalhes azuis feita de crochê.

-Nossa, Wesley! É muito linda, obrigado!

-Cada um dos nossos filhos teve uma dessas. Além de uma tradição em nossa casa, é muito confortável para a pele do bebê.

-Wesley -Wess colocou uma mão na boca -caramba! Você se reproduziu! Uma coisa feia dessas tem filhos!

Wesley fez uma cara feia.

-E você estava tão na pior que precisou do seu amigo para ter um filho!

-Eu toquei na ferida, foi?

-Nem sei porque vim aqui! Tchau, Wess. E espero que tenha um parto doloroso!

-Ei, seu panaca, espera! Obrigado… obrigado mesmo a você e sua esposa. Vou sentir falta da sua chatice esses meses também -Wess sorriu e estendeu os braços para um abraço.

-Não diga que eu te abracei para ninguém, entendeu?

-Jamais! Agora saia da minha frente, seu coisa ruim e calvo.





°°°





Morgan estava na cozinha enquanto cantarolava de modo animador, já Wess estava estirado no sofá na tentativa falha de encontrar uma posição confortável, mas suas costas insistiam em doer.

A Tinny IncidentOnde histórias criam vida. Descubra agora