Único

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Miya Atsumu estava tendo um dia de merda.

Para começar: se atrasou para o trabalho de manhã porque derramou café em sua última camiseta limpa. Depois sua pasta se abriu no meio do trem e os documentos cuidadosamente preparados foram pisoteados pela multidão. Eram papéis importantes e os que não foram perdidos foram arruinados. Então o elevador travou e o fez atrasar mais trinta minutos. Em seguida a impressora deu pane, e o estagiário apagou seu backup. Sua apresentação foi um horror. Perdeu o horário de almoço. E foi humilhado durante duas horas na frente do departamento inteiro.

Esse dia só não foi pior do que aquele em seu último ano de ensino médio, quando foi esnobado pela pessoa de que gostava e atirado contra a mesa de bebidas na frente da escola inteira. Esse ficou marcado eternamente.

— Samu, até que horas você vai ficar aberto? Eu preciso beber — perguntou quando o seu irmão atendeu a ligação.

— Você não deveria estar bebendo em uma segunda-feira. Mas venha aqui que eu tenho algo para você.

Então Atsumu pegou o trem de novo e percorreu o longo caminho (não era tão longo assim) até a loja de seu irmão. Antes que pudesse sequer sentar no balcão Osamu apareceu, agarrou seu braço e o arrastou para fora.

— Espera, a sua loja fica ali — reclamou Atsumu enquanto era obrigado a caminhar.

— Você não vai beber hoje. Não é porque sua segunda foi uma merda que o resto da semana também precisa ser.

Atsumu realmente não aguentava mais uma discussão, então guardou seu argumento de que cerveja e saquê tornariam o restante miserável de sua segunda-feira em não tão merda.

Eles caminharam por dois quarteirões até uma.. loja de doces? A fachada era pintada de azul e amarelo. E o nome era… Loja Doce da Vovó Umi.

— Tá de brincadeira, né?

Osamu travou o braço em seu pescoço e o arrastou para dentro. O interior era igual a uma casa de vó. Um longo balcão exibia poucos, quase nenhum na verdade, bolos e doces. Havia um jovem de cabelo preto atrás dele.

— Sejam bem-vindos. Ah — um sorriso pequeno e charmoso — olá, Osamu-san.

— Oi, Keiji-kun.

Atsumu viu o sorriso suave e o ligeiro rubor de seu irmão e concluiu que, oh não, ele estava ali para servir de vela.

— Não me traga junto quando está tentando conseguir uma foda, seu bastardo — gritou Atsumu, tentando escapar do aperto de seu irmão. Osamu acertou sua cabeça. — Maldito.

— Como eu disse antes, Keiji-kun, meu irmão herdou apenas a beleza e não meus neurônios.

— Eu sou o mais velho, então foi você que herdou a minha beleza — resmungou Atsumu, finalmente se soltando. Estava vermelho e ofegante. — Estou indo embora.

— Ninguém vai te vender nenhum álcool — disse Osamu.

— Como tem certeza disso?

— Você ficaria surpreso ao saber sobre o submundo dos donos de estabelecimentos. Pedi para ninguém te vender bebidas. Então ninguém vai vender. — Osamu cruzou os braços e sorriu ameaçador. Ele estava dizendo para Atsumu se comportar. — Agora venha aqui e conheça Keiji-kun apropriadamente. E peça desculpas.

Em qualquer outro dia Atsumu teria continuado discutindo, porém estava, de verdade, exaurido. Quando sua cabeça clareasse, provavelmente apenas depois de assassinar seu chefe, ele perceberia o quão grosseiro havia realmente sido.

Milk Shake de Laranja (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora