༻28 || "𝐶𝑎𝑟𝑠 𝑑𝑜𝑛'𝑡 𝑡𝑎𝑙𝑘 𝑏𝑎𝑐𝑘"༺

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16 de março de 1975.

— vocês tem noção do quão atrasados estão para me entregar todas as músicas finalizadas? — Sheffield diz se inclinando na cadeira enquanto apoia os braços em sua mesa. Eu reviro os olhos e, sem sombra de dúvidas, não fui a única. Bem que aquela música que fizemos chamada "Death On Two Legs" precisava ser feita — ainda tem toda uma função para finalizar o álbum! — ele exclama e eu respiro fundo, tentando não me levantar e jogar algumas verdades para ele — desse jeito só vamos lançar o álbum em novembro!

— bem, pelo menos nós fizemos nossa parte né — digo baixinho e Roger dá uma risada discreta.

— como disse Emma? — Sheffield diz em um tom autoritário.

— nada — dou uma risada abafada e a de Roger aumenta.

— e enquanto a aquele B-side que você comentou Sheffield? — Freddie diz tentando desviar o assunto.

— ah, claro. Voltem amanhã com as músicas que vocês decidirem — ele diz simples e seu telefone começa a tocar, então ele pega o aparelho do gancho, logo começando uma conversa - com seu típico tom emburrado, é claro — certo Glória, pode deixar eles entrarem — diz e encerra a ligação — podem ir embora, tenho outros assuntos para resolver.

Após sairmos - resmungando - de dentro do estabelecimento, paramos na calçada.

— que tal finalizarmos tudo durante a noite?Chrissie tem que fazer uma coisa do trabalho, então acho que ela não se importaria se eu não estivesse em casa — Brian sugere.

— pode ser, mas na casa de quem? — Roger pergunta e John passa seu braço por cima de meu ombro.

— pode ser lá em casa — ele diz e eu balanço a cabeça positivamente, confirmando.

— que horas? — Freddie pergunta e eu encaro o chão por alguns segundos, fazendo as contas.

— temos horário com a obstetra daqui a pouco — digo e olho para John — depois vamos almoçar, passear por aí e ir para casa... que tal umas 18:00h?

— por mim tudo bem — Freddie dá de ombros e todos concordam — mais tarde nos digam se é menino ou menina — Freddie diz dando uma piscadela, logo se despedindo e pegando um táxi que estava encostado na calçada.

— bem, já vamos indo — digo e nós vamos até o meu carro.

O caminho até o consultório de Geórgia não foi demorado, levando em consideração que já estávamos no centro da cidade. Chegando no local, esperamos poucos minutos e em seguida somos atendidos.

— deite-se ali, querida — a doutora diz apontando para uma espécie de maca de hospital. Ao lado da mesma, havia alguns aparelhos também hospitalares.

John me ajuda a deitar na "cama" e rapidamente Geórgia aparece colocando suas luvas e se sentando em um banco alto de rodinhas, pedindo para que John fosse para o outro lado da maca.

— estou ansiosa — digo apertando de leve a mão de John, que também transmitia seu nervosismo.

Após passar um gel em minha barriga, seguido de um aparelho esquisito, é mostrado o bebê - ainda se desenvolvendo - em uma tela preta e branca. Eu sinceramente não enxergava um bebê naquilo, mas se é o que a doutora está falando, é o que é.

— já pensaram em um nome? — a doutora diz desviando seu olhar da tela para eu e John.

— bem, se for menino, vai ser Robert... — John diz e eu o interrompo.

— eu queria que fosse Paul — digo revirando os olhos.

— você tem que parar de ser obcecada por baixistas — John diz com o cenho franzido e a doutora dá risada — bem... voltando, se for menina, vai ser Laura.

— bem, podem dar "oi" para Robert então — a mulher com black power diz parando o aparelho em um ponto fixo.

Fico sem reação - e, pelo o que pude ver, John também. Nós teríamos um menino.... caramba...

Depois do choque passar, Geórgia finaliza a consulta e nós vamos embora, mais felizes do que nunca. Paramos em um restaurante para almoçar e em toda pessoa que trombávamos, John falava que teríamos um filho. Confesso que isso era a coisa mais fofa de se ver...

Após chegarmos em cada por volta das 17:30 da tarde, eu tomo um banho rápido enquanto John faz um sanduíche para mim, já que ele sabia que aquela era a minha comida favorita. Dentro de poucos minutos, os meninos vão chegando aos poucos.

— e então, sabe o que aconteceu com George depois daquele barraco todo? — Brian diz cruzando as pernas no sofá. Roger mexia em uma estante, procurando algum álbum para colocar na vitrola; ele acaba cogitando por "A Hard Day's Night".

— fui notificada esses dias que ele havia sido escoltado para uma prisão da Escócia — digo simples. Finalmente tudo aquilo havia acabado...

Antes que Brian pudesse falar alguma coisa, somos interrompidos pela porta da frente abrindo e fechando brutalmente.

— quebra! — Roger grita enquanto passa para a faixa "If I Fell" do álbum.

— é menino ou menina!? Qual o nome!? — Freddie aparece esbaforido na sala. Dou uma risada da situação do mais velho.

— o nome dele é Robert — digo e Freddie vai saltitando até mim, me abraçando com cuidado.

Após todos se acalmarem, começamos a listar quais músicas poderiam ser finais pata o B-side.

— acho que Bohemian Rhapsody tem potencial — Brian diz e todos nós concordamos.

— o problema é qual vai ser o outro lado — John diz cruzando os braços.

— eu voto em I'm Love With My Car — Roger diz levantando o braço, como uma criança.

— definitivamente não — Brian diz e o sorriso de Roger morre. Puta merda, os dois insistem em cismar um no outro!

Roger não fala nada, apenas sai batendo os pés e se tranca no armário da dispensa, gritando que não sairia de lá até que I'm Love With My Car ficasse no B-side.

— seu teste de mãe pode começar agora não é? — John diz enquanto eu reviro os olhos e me levanto, indo até o armário.

𝐿𝐼𝐹𝐸 𝐻𝐴𝑉𝐸 𝐽𝑈𝑆𝑇 𝐵𝐸𝐺𝑈𝑁 || ʲᵒʰⁿ ᵈᵉᵃᶜᵒⁿOnde histórias criam vida. Descubra agora