Capítulo 7

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"Lembre-se que todos nós começamos como crianças, mas nem todos permanecem assim

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"Lembre-se que todos nós começamos como crianças, mas nem todos permanecem assim."

As Crônicas de Nárnia


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Minha infância no orfanato da vila foi um período repleto de desafios, mas também de momentos preciosos. Desde o início, tive que aprender a ver o mundo de uma maneira única, por meio dos outros sentidos. Entre todos os meninos e meninas do orfanato, fiz amizade, justamente, com o neto do Dr. Enrico.

Apesar de ser dez anos mais velho que eu, Vicenzo se tornou um amigo, ele sempre me tratava como uma irmã. Ele carregava o espírito generoso e a compaixão de seu avô, e essas qualidades se refletiam em sua atitude gentil em relação a mim.

Ele passava horas lendo para mim e descrevendo as ilustrações dos livros, tornando cada história viva em minha mente. Foi graças a ele que conheci mundos encantadores e personagens fascinantes, mesmo sem nunca ter visto uma página impressa.

Também tinha outro menino mais velho, quatro anos a mais, mas não me lembro dele. Quando Vicenzo não estava no orfanato, era ele quem estava sempre comigo. Lembro de quando esse menino, descrevia as flores com suas cores e aromas, e eu sentia as texturas das pétalas sob meus dedos. Graças a isso, as minhas flores favoritas são as peônias, que possuem um cheiro maravilho. Mas não consigo me lembrar do nome dele.

A vida seguiu seu curso, e as circunstâncias, muitas vezes imprevisíveis, moldaram nossos destinos. Embora eu tenha passado muitos anos no orfanato, a adoção nunca se concretizou devido à minha deficiência visual. Apesar das esperanças e sonhos que surgiram ao longo dos anos, essa realidade muitas vezes dura foi algo que eu tinha que aceitar.

Quanto a Vicenzo, à medida que o tempo passava, ele crescia e amadurecia. Após concluir seus estudos na escola local, ele ingressou na faculdade de direito em Harvard. Seu desejo de fazer a diferença na vida das pessoas se tornou evidente em sua escolha de carreira. Ele aceitava trabalhos em que muitas vezes as pessoas não podiam pagar, até abriu um escritório exclusivo para isso.

Mas um dia, ele parou de ligar. Não tive notícias dele até agora. Quando perguntei ao Dr. Enrico, ele me disse que seus netos estavam passando por um momento difícil. Ao que parecia, Vicenzo largou o escritório e virou peregrino. Ele viaja para todos os cantos do mundo, o que foi um choque, pois ele era o mais velho dos irmãos e o mais responsável.

Enquanto me lembrava desses momentos, saboreando o aroma do café fresco e o som suave da música de fundo, quando senti alguém se aproximando.

— Folletto! - escuto sua voz atrás de mim.

— Já falei para você não me chamar assim! - digo fingindo indignação.

— Por que faria isso? Esse apelido é perfeito para você! - ele diz enquanto me abraça.

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