Prólogo

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"Olhe o mundo com a coragem do cego, entenda as palavras com a atenção do surdo, fale com a mão e com os olhos, como fazem os mudos

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"Olhe o mundo com a coragem do cego, entenda as palavras com a atenção do surdo, fale com a mão e com os olhos, como fazem os mudos."

Cazuza

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— Cega? - desesperado. Desesperado é a forma que se encontra esse homem que acabou de se tornar pai.

— Se acalme, por favor.

— Tem certeza, doutor?

– Absoluta! Ela não enxerga, mas com um tratamento e a cirurgia na hora certa, as chances dela começar a enxergar são muito altas.

— Quê? Não posso ter uma pirralha problemática! - agora exaltado, irradiando raiva e descrença. Assustava o médico que assistiu ao choque.

Não era anormal os pais demorarem a aceitar que seus filhos nascessem com alguma deficiência. Alguns até os deixaram para adoção, como filhotinhos de cachorros rejeitados e abandonados. Mas a indiferença do homem era tão grande, que a vontade do médico era de bater naquele homem e lhe enfiar um pouco de juízo.

Céus! Sua esposa acabou de morrer e sua filha nasceu cega, e tudo o que lhe preocupa são as aparências de uma família perfeita?

A cabeça do médico latejava com tamanha crueldade no mundo.

— Aqui disponibiliza crianças para adoção? - com um sorriso que esbanjava maldade, os planos do homem chegavam a dar invejas nos demônios.

— Sim, mas o senhor tem uma filhinha tão linda. Tenho certeza que as chances dela enxergar após a cirurgia são... - interrompido com o tapa sobre a mesa que o homem deu, o médico rapidamente entendeu que ele iria deixar sua filha e trocá-la por outra criança, uma criança completamente saudável.

— Que bobeira! Não vou gastar meu dinheiro com esse troço, algo que pode não dar certo, meus investimentos são feitos apenas com certezas. E não dou minha permissão para a cirurgia, pelo contrário, deixe-a no orfanato da vila. - o homem saiu da sala com um semblante de quem fechou um grande negócio e saiu no lucro.

Troço? Investimentos? Esse homem é completamente louco!

O advogado rapidamente redigiu um contrato, afirmando que seu cliente não aprovaria de nenhuma maneira a cirurgia da bebê. Alegando que ela estará melhor no orfanato. O médico mentalmente concordou que o orfanato seria melhor para ela e em silêncio assinou.

Se ela enxergasse, a vida dela seria como um passarinho em uma gaiola de ouro. E com um dono que não se preocuparia em colocar um sorriso no rosto para incentivar o passarinho a cantar. Ele simplesmente arrancaria. Deus que me perdoe, mas ainda bem que ela nasceu cega. Foi livrada de um futuro muito mais doloroso que a rejeição da multidão.

Sozinho em seu consultório, o médico pegou a papelada da pequena bebê e começou a preencher, mas logo encontrou o primeiro obstáculo. Nome. A mãe morreu e não deu um nome para a menina. Com calma pensou em algo se lembrando da pequena e indefesa criança na incubadora. Ela era branquinha e tinha na costela uma marquinha de nascença que lembrava uma onda do mar. Genevive. Genevive significa branca e suave, ou branca como a espuma do mar. Para ter um sobrenome, colocou o nome de solteira da mulher. Genevive Martins.

Nome: Genevive Martins
Motivo de realocação: A mãe morreu após o parto. Sem pai.

Como fizera isso, muitas vezes sabia que a diretora do orfanato entenderia, sem precisar fazer perguntas. Pois quando ele colocava desse jeito, significava que a criança estaria melhor longe dos pais.

Observações: Deficiente visual
Contato:

Ele geralmente não colocava contatos, mas apesar do pouquíssimo tempo, ele se apegou ao bebê, e fez uma escolha que poderia se arrepender eternamente, ou não.

Contato: Enrico Bertolini

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