A Eclosão

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Já fazia muito tempo que o mundo não era mais o mesmo. Todas as desavenças políticas, as lutas e a busca insaciável por poder levaram a isso. Se não fosse pela ganância e soberba do ser humano, pelo orgulho de sempre se manter acima do outro, talvez tudo fosse diferente. Ou talvez, não...

Desde fevereiro de 2022, a humanidade se mantinha em alerta para uma possível Terceira Guerra Mundial. Na verdade, essa tensão já ocorria desde o início de 2021, mas só se tornou realmente assustadora no ano seguinte.

Isso se deu pela guerra entre Rússia e Ucrânia. As ameaças russas eram assustadoras e davam a entender que aquilo passaria apenas de palavras vazias.

Os Estados Unidos observavam de longe, esperando o momento certo para agir, sempre se mantendo nas estribeiras e ajudando o país ucraniano. Sabiam que se seu envolvimento fosse direto, a Rússia poderia transformar suas ameaças em realidade.

Porém, um passo em falso foi o suficiente para que os russos utilizassem a primeira arma nuclear. E assim, a Terceira Guerra Mundial eclodiu.

A primeira bomba lançada pela Rússia foi em direção a Nova Iorque, nos EUA, como forma de vingança ao apoio norte-americano à Ucrânia. Esse acontecimento dizimou quase 7% dos habitantes da cidade, resultando em 583.160 vidas perdidas.

A Ucrânia, juntamente com os Estados Unidos, Reino Unido, Polônia, França, Belarus, e outros países, formou uma aliança contra a Rússia, que contava com o apoio da China, que já se encontrava em grandes tensões com os EUA. Enquanto isso, países como o Brasil oscilavam entre ambos os lados, já que seus dois maiores parceiros comerciais estavam em lados opostos.

Os mais poderosos se esconderam em túneis e bunkers subterrâneos para salvar suas vidas, deixando para trás suas casas que, rapidamente, foram destruídas por cada uma das bombas.

Bilhões de vidas foram perdidas, e grande parte dos territórios habitáveis foi devastada em apenas semanas. A situação do mundo era lastimável. Os poucos humanos que participaram e sobreviveram à guerra lentamente faleceram devido à alta radiação a que foram expostos.

Restavam então apenas aqueles que se encontravam escondidos abaixo da terra ou localizados em cidades estratégicas como a Islândia, Argentina e Austrália.

Um desses bunkers possuía uma estrutura impressionante, dividia em alguns andares. No nível mais baixo, ficavam os dormitórios, pequenas células com camas apertadas, onde todos se amontoavam em busca de descanso. Acima, encontrava-se a despensa, um espaço organizado com prateleiras cheias de alimentos enlatados e suprimentos. Havia também uma cozinha coletiva, onde todos compartilhavam as refeições.

Os andares superiores eram ocupados por áreas comuns, incluindo uma sala de estar improvisada, onde as pessoas se reuniam para conversar e tentar manter a sanidade, além dos sanitários, com suas cabines apertadas, mas o suficiente para eles. No topo, um sistema de ventilação tentava manter o ar respirável, embora o cheiro de confinamento nunca desaparecesse.

— Ei! - gritou um jovem com o topete perfeito e características asiáticas — Escutem...

Levou seu indicador até os lábios pedindo para que os outros fizessem silêncio.

— Não estou escutando nada - disse um homem com ar arrogante.

— Exatamente! - respondeu o rapaz — A guerra acabou! Eles pararam de atirar.

Todos ali arregalaram os olhos finalmente entendendo o que ele queria dizer. Os sons abafados não existiam mais, nem mesmo as vibrações que faziam seus corpos tensionarem. Assim que a ficha caiu, os abraços e aplausos se fizeram presentes; o terror havia terminado.

O Príncipe de Frosthold | JJK + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora