Desde tenra idade, o príncipe Daemon e a princesa Naerys Targaryen compartilhavam de laços estreitos, muitas vezes tão juntos andavam que podiam ser confundidos com irmãos gêmeos. Se fosse o caso, a jovem princesa teria nascido agarrada ao pezinho de Daemon, diziam ao verem, na época, as duas crianças rindo e correndo juntas.
Viserys era quase velho demais para acompanhar seus irmãzinhos, optando por ter o papel de espectador, junto de seus tios, avós e pai. Notáveis foram as vezes em que a família se divertiu genuinamente com as interações desprovidas de papas na língua ou carregadas de ingenuidade infantil. As pequenas discussões dos dois caçulas eram as atrações de cada refeição da família.
O auge das travessuras dos jovens príncipes foi na doce época em que Daemon já tinha nove e Naerys sete dias do nome acomulados.
Naerys foi uma criança tímida, entretanto, Baelon agradecia aos deuses, não tão tímida quanto fora a princesa Daella Targaryen, tendo suas tendências, quase inexplicáveis, de explosões de raiva. O príncipe da Primavera sentia-se quebrar, imaginando que o motivo para as respostas agressivas de sua menininha fossem devido à falta de uma mãe. O jovem pai imaginou que a septã de Naerys poderia, em partes, preencher esse vazio, assimo como tia Jocelyn parecia preencher, sempre acariciando o queixinho de sua adorável e pequena sobrinha. Mas ele estava errado.Naerys Targaryen passou anos odiando sua septã, aos sete, o sentimento ganhou voz e começou a respondê-la, questioná-la, quando não, até mesmo tentava calar a mulher, que não ajudava a si mesma sendo dura com sua senhoria. Com a ama de leite parecia diferente, Naerys era de novo a criança calma e de riso fácil, sorrindo ao ganhar carinho nas bochechas gordinhas, diferentemente do resto de seu corpo que era magricelo.
Certa vez, nesta mesma época, em uma manhã, a jovem princesa já havia acordado.
A sombria e acinzentada manhã foi trazida após uma longa noite de chuva e escuridão. Ainda era meio de verão e, mesmo assim, as nuvens escuras, que traziam gritos ensurdecedores de trovões, atormentaram Naerys durante seu sono, do qual nem sequer havia se aprofundado. Seus pezinhos ligeiros correram para fora de seus aposentos e adentraram os de seu irmão, Daemon. Embora sonolento, o príncipe a recebeu com seus bracinhos abertos.-Tá, dorme aqui, mas fica quieta-, resmungou um Daemon sonolento e rouco, de bochechas ligeiramente quentes ao sentir sua irmãzinha se encolhendo próxima de si, escondendo o rostonho suado de medo em seu peito.
E no outro dia, lá estava ela. Emburrada na mesa de café da manhã após uma bronca de sua septa por abandonar seus aposentos durante a noite. Naerys, embora no início da infância, tinha suas explosões de raiva quando exposta a esse tipo de situação. Ela argumentava contra a idosa, fazendo seu pai, o príncipe Baelon e seus tios Aemon e Jocelyn, até Saera e Viserra, rirem do biquinho e das palavras afiadas da pequena princesa.- Vou dormir aonde eu quiser!-, ela bufou, cruzando os bracinhos. Seu vestidinho lilás era sua distração, conforme ela brincava com o tecido das saias, os chutando, e era alimentada com mingau por sua ama.
Ela não pensou muito sobre seu irmão e como ele teria reagido ao vê-la invadindo sua cama durante a noite. Naerys se importava pouco com isso, apenas estava feliz por ter dormido confortavelmente, e com a companhia reconfortante de Daemon.
As suas amas estavam acostumadas a essa atitude da pequena princesa. Ninguém realmente ficava bravo com isso. Pelo menos, não elas ou seu pai, Baelon. Naerys podia ser uma dor de cabeça as vezes, mas também era uma garota fofa e engraçada. Sua inocência e falta de discernimento da coisa certa e errada de se falar era adorável e prevaleceria pelo resto de sua vida, entretanto, a inocência se perdeu ao longo da vida, se transformando em atitude proposital.
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Antes Maegor do que Aenys
Fantasy- Se der as costas, tia...- A Rainha Rhaenyra cuspiu as palavras com repreensão na voz, mas, na verdade, não conseguia falar com total firmeza com aquela mulher de armadura negra, de capa vermelha esvoaçante e espada de aço valiriano manchada de san...