AXEL DEBORTOLLI

Capitulo 31

Axel

Estacionei meu carro na porta de casa quando Rosalie surgiu, ela tinha uma vassoura nas mãos e varria despreocupadamente a parte da frente da casa, ao me ver seu sorriso foi ameno o que já me fez estranhar já que quase sempre ela era receptiva com qualquer um de nós.
Me aproximei lhe dando um beijo e sendo recebido por uma pequena vassourada no braço

Axel: Está tudo bem por aqui ?

Ela olhou para os lados como se investigasse se alguém estava próximo demais pra ouvir e em seguida inspirou fundo e soltou o ar pesadamente

Rosalie: Aí menino, o clima nessa casa hoje está tenso ...

Axel: O que aconteceu dessa vez ?

Rosalie: Não sei ao certo, mais foi com a sua menina

Franzi o cenho porque sabia que ela falava de Darya

Rosalie: Seu irmão está com visita, parece que o homem e ela não se deram muito bem ...
Seu quarto está um caos, Ryder mandou que eu ficasse com ela mais a garota não quis companhia, me prometeu que não faria nada imprudente mais queria ficar sozinha

Não respondi Rosalie e entrei em casa, meus olhos pousaram na mesa que ainda tinha os pratos em cima dela mostrando claramente que o que quer que tivesse acontecido aqui não foi a muito tempo, caminhei em direção ao escritório quando de longe já consegui ouvir a voz de Ryder

Ryder: O senhor passou dos limites, não me importa suas razões ou explicações, destratou um membro da minha família e isso é inadmissível

Entrei no escritório sem me importar em bater na porta e o olhar do meu irmão veio em minha direção, não estávamos conversando muito desde que expus o que sentia no hospital, conversávamos mais a respeito de trabalho e apenas isso.
O homem sentado em um dos sofás se levantou esticando a mão em minha direção e o cumprimentei de volta mesmo tendo em mente o que Rosalie havia dito

Charles: Axel né ? Sou Charles, um cliente de vocês ... Antes de tudo estudei cada um pra não fazer feio quando nos reuníssemos

Olhei pra Ryder que segurava a ponta do nariz como se tudo estivesse descontrolado demais pro gosto dele

Axel: Rosalie disse que houve um problema mais cedo ...

Ryder: Precisamos conversar, mais não agora..

Charles: Peço desculpas pelo inconveniente, acredito que ela estava falando de mim, seu irmão inclusive está me dando um sermão por isso

Encarei Ryder vendo que ele não falaria mais do que aquilo

Axel: O que houve ?

Charles: Apenas um leve desentendimento com uma hóspede de vocês

Ryder: Charles é o pai de Darya

Meus olhos focaram no meu irmão e franzi o cenho ao receber a informação, levei alguns segundos pra absorvê-la até me dar conta de como as coisas realmente devem ter acontecido já que Darya havia me contato uma vez que os pais haviam a abandonado quando ela foi diagnosticada com o TPA

Charles: Aquela garota insolente ...

Ajeitei minha postura começando a sentir meu sangue fervilhar e Ryder tinha ciência disso quando respirou fundo e encarou Charles sem se preocupar em soltar as próximas palavras

Ryder: Darya é a mulher de Axel, Senhor Charles !

Minha família estava cismada agora em rotular que eu e Darya éramos um casal, na verdade não éramos, não havíamos conversado depois de tudo o que aconteceu e eu optava em não tocar no assunto por enquanto, mais eu também não me preocupava em corrigi-los já que eu sabia que de nada adiantaria.
O olhar do homem veio ate mim, de uma forma surpresa mais pra mim ele não era bem vindo, não era bem vindo porque havia feito mal demais a Darya

Charles: Você é o namorado de Darya ? Como isso é possível ?

Cruzei os braços o encarando vendo que Ryder sabia que estávamos pisando em ovos aqui

Axel: O que faz em nossa casa ?

A pergunta saiu antes que a controlasse e com mais raiva do que deveria porém o homem não se importou

Charles: Tenho negócios a tratar com seu irmão ou melhor com a empresa de vocês ..

Axel: Se conheço bem meu irmão e se ele ainda segue os princípios necessário, acredito que não haja mais um negócio entre nós, se me derem licença irei ver como a Darya está

Sai do escritório ignorando o questionamento de Charles sobre o "o que ele quer dizer com não há mais negócios entre nós?".
Subi as escadas e a base que ia me aproximando da porta do meu quarto o silêncio me recebia. Quando abri a porta do meu quarto a bagunça me recebeu, meu quarto estava irreconhecível, a maioria das coisas jogadas pelo chão e os móveis que davam estavam revirados. Quando fichei a porta atrás de mim meus olhos procuraram por Darya a encontrando em um conto do quarto, ela estava sentada no chão, sua testa estava encostada em seus joelhos e suas duas mãos agarradas ao seu couro cabeludo como se segurasse os cabelos pra não caírem pra frente.

Axel: Darya ?

Sua cabeça se ergueu e seus olhos me fitaram de um jeito intenso, seu rosto estava inchado como se tivesse chorado embora neste momento não escorresse uma lágrima sequer

Axel: Se sente melhor ?

Pergunto encarando meu quarto vendo que o mesmo estava irreconhecível

Darya: Sinto muito pela bagunça ..

Axel: A bagunça é o de menos, quero saber se você está bem ou se precisar de algo

Ela negou com a cabeça se levantando e passando por mim indo em direção aos porta retrato que eu tinha com meus irmãos, sua mão agarrou um e de longe pude ver o tremor nelas mais optei em ficar calado e apenas observar suas ações. Darya pegou cada porta retrato os colocando no lugar, em seguida puxou os móveis os voltando pro lugar com uma habilidade surreal como se aquilo fosse algo normal e a última coisa que fez foi arrumar a cama deixando os lençóis impecáveis.
Quando finalmente o quarto estava um pouco mais apresentável Darya se virou ficando de frente pra mim mais estávamos em uma fodida distância que eu não gostava, mais pude ver o exato momento em que seus olhos se reviraram e sua cabeça pendeu pra trás, sem sequer notar me aproximei dela segurando seu corpo e no mesmo instante sentindo suas pernas falharem

Axel: Darya ? O que foi ?

Darya: Estou com sono ...

Axel: Sono ? Você não é de dormir durante o dia ..

Estranhei sua reação, sua voz começou a ficar lenta e embolada e meus olhos varreram o quarto parando onde ela estava sentada a poucos minutos atrás, havia um frasco e um copo vazio que me passaram despercebido, meus olhos voltaram pra Darya que tinha os olhos fechados e o corpo literalmente entregue a mim

Axel: Que remédio é esse ?

Sentia um vendaval remexer dentro de mim, não gostava dessa maldita sensação de impotência e essa maldita sensação de que Darya faça uma merda cada vez que as coisas desandarem

Darya: Meu remédio ...

Sua voz saiu em um sussurro e a peguei no colo colocando a em cima da cama

Axel: Quantos você tomou ?

Darya: Dois ! Só preciso ... dormir ..

No mesmo instante sua respiração pesou e caminhei até onde estava o frasco lendo o nome do remédio, o bendito literalmente era tarja preta, meus olhos focaram na mulher na minha cama e em uma preocupação fodida puxei meu telefone do bolso discando o número do médico e saindo do meu quarto.
Eu com toda certeza precisava descontar minha raiva em alguém !