- Filho, o pai vai para o quarto fazer uma ligação, assiste seu desenho quietinho, tá? - o advogado avisou com a voz trêmula, enquanto já deixava o número no ponto para chamar. Fechou a porta do quarto e deu o comando. Quando ouviu o alô de uma voz feminina, já saiu despejando:
- Você nunca quis saber do menino, e acha que pode chegar assim de qualquer jeito?
- Ele também é meu filho, tenho direitos - a mulher do outro lado não se abalou.
- Deveres você nunca quis ter mesmo, né? - Beto parecia cuspir as palavras.
- Nunca te enganei - Alice continuava irritantemente calma.
- Isso é verdade, você rejeitou o Marquinhos desde que ele estava em seu ventre - o homem não economizou no sarcasmo..
- Foi mesmo, eu não desejava um filho naquele momento. Mas eu mudei, todo mundo merece uma segunda chance. Jesus nos ensinou a perdoar.
A voz mansa do outro da linha deixou o moreno ainda mais irritado:
- Não adianta vir com esse discurso. É muito fácil aparecer agora que ele está crescido e querer ser mãe. É fácil pular as partes "chatas", né? - o tom dele era cheio de ironia - Nunca trocou uma fralda, deu uma mamadeira, nunca passou uma noite em claro cuidando do menino com febre. Você não tem ideia do que é ser mãe.
Ele ouviu um suspiro, seguido de um pedido direto:
- Eu só quero ver o garoto. E estou tentando de forma amigável.
- Preciso pensar. Deixa que eu entro em contato - Beto queria acabar com aquela conversa.
- Ok, eu aguardo uma resposta - Alice concordou e encerrou a ligação.
Ao desligar, Beto apertou o telefone na mão, bufando. Só não jogava o aparelho na parede porque sabia que isso era inútil e lhe traria mais um contratempo. Mas estava atordoado, e só uma pessoa conseguiria acalmar seu coração. Ele buscou o número na agenda e chamou. Quando o loiro atendeu, o advogado nem deixou que ele falasse o primeiro alô, já foi implorando:
- Dimi, me ajuda.
- Que foi? Quer que eu vá aí? - o professor ficou preocupado.
- Quero. Melhor conversar pessoalmente - a voz do advogado estava trêmula.
- Respira, que daqui a pouco estou aqui - Dimi avisou, tentando acalmar o outro.
Beto voltou para a sala, inquieto.
- Marquinhos, vai pro quarto jogar videogame, porque o pai precisa resolver umas coisas.
- Tá... - o menino percebeu o clima estranho e obedeceu meio assustado.
O barulho do jogo até acalmou um pouco o moreno, porque o filho estava distraído. Mas a ansiedade era tanta que já esperou com a porta aberta. Quando Dimi chegou, o advogado o puxou para um abraço cheio de angústia.
- Que bom que você está aqui - murmurou angustiado.
O loiro olhou com firmeza para o amigo:
- Calma. Eu to com você. Me conta o que houve.
Beto encheu os pulmões e contou, fazendo força para não se exaltar::
- A Alice ressurgiu das trevas.
- A mãe do Marquinhos? - o professor tinha ouvido falar dela poucas vezes, mas gravara bem o nome.
- Mãe? Ela não merece esse título. Só carregou o menino na barriga, e por apenas seis meses - a voz saiu carregada de ressentimento.
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Aprendendo a amar
RomanceHistória original inspirada nos atores de Terra e Paixão. Estrelando: Amaury Lorenzo - como Alberto Lourenço (Beto) Diego Martins - como Dimitri Moraes (Dimi) Matheus Assis - como Marcos Lourenço (Marquinhos) Beto, advogado e bissexual, cria o filho...