Beto aproveitou para lavar a louça enquanto Dimi ensinava Marquinhos, com o caderno na mesa da cozinha. Da pia ele conseguia dar umas espiadas na aula e ouvir tudo. O professor orientava com muita calma, enquanto o menino repetia os traçados no seu caderno:
- Assim, ó, Marquinhos. Faz um palito aqui, outro ali, e eles dão as mãos... M!
Agora faz um telhado, e põe uma prateleira... A!Um palito, uma voltinha e uma perninha... R!
Agora uma boquinha aberta... C!
Esse é o mais fácil, só fazer uma bolinha... O!
E na última a gente faz uma cobrinha rastejando... S!
Agora acompanha meu dedo... MARCOS
- Olha, pai! Escrevi meu nome! - o menino vibrava.
- Que lindo, meu filho! Eu sabia que você ia conseguir - Beto estava emocionado, e quando se tratava do filho, ele não disfarçava.
Dimi pegou algo em sua mochila e entregou ao aluno:
- Trouxe pra você uma folha com o seu nome pontilhado, para você treinar. Como ela é plastificada, pode apagar e escrever várias vezes.
- Legal! Posso fazer no meu quarto, pai? - o menino pediu, sorridente.
Beto largou a última louça no escorredor e se aproximou enquanto enxugava as mãos num pano:
- Pode sim. Mas é pra fazer, depois você brinca.
Marquinhos o encarou:
- Você prometeu jogar videogame comigo, lembra?
O pai olhou com firmeza para o filho, mas sorrindo:
- E vou cumprir, depois que você terminar a tarefa.
- Tá bom - O menino abraçou Dimi pelo pescoço com entusiasmo - Professor, você é muito legal!
Enquanto Marquinhos corria para o quarto, Dimitri comentou com Beto:
- Ele é um menino esperto, vai aprender. Mas no tempo dele.
O advogado balançou a cabeça na vertical:
- Sempre acreditei nisso.
O loiro deu um sorriso comovido:
- Isso é tão importante, acreditar no potencial das crianças. Você é um ótimo pai.
- E você leva muito jeito pra ensinar, nunca vi o Marcos tão interessado e à vontade - devolveu Beto, sincero.
- É que eu amo fazer isso. Ver uma criança ganhando conhecimento, e com isso confiança, é lindo demais - Dimi explicou com emoção.
O advogado olhou para o rapaz com gratidão:
- Te agradeço muito pelo apoio. Às vezes a vida de pai solo é muito solitária. Tão bom quando alguém estende a mão...
O professor ficou pensativo por alguns instantes, e não resistiu a perguntar:
- Você cria o Marquinhos sozinho desde que ele nasceu?
- Sim. A mãe sumiu assim que ela teve alta do hospital. Eu que fiquei indo todo dia pra ver meu menino na UTI, fiz canguru, dei fórmula no copinho - Beto enxugou uma lágrima no canto do olho e abriu a galeria de fotos do celular, buscando um álbum. Então mostrou a foto de um bebê minúsculo, com a pele muito rosada, meio transparente, e vários fios e tubos conectados - Olha como ele era pequenininho.
- Nossa...Deve ter sido uma barra - Dimi também tinha os olhos marejados.
- Foram os dois meses mais longos da minha vida - resumiu o moreno de um jeito que expressava o alívio por aquele momento ser parte do passado.
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Aprendendo a amar
RomansaHistória original inspirada nos atores de Terra e Paixão. Estrelando: Amaury Lorenzo - como Alberto Lourenço (Beto) Diego Martins - como Dimitri Moraes (Dimi) Matheus Assis - como Marcos Lourenço (Marquinhos) Beto, advogado e bissexual, cria o filho...