Lábios pintados de vermelho

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A bebida amarga descia pela minha garganta enquanto eu estava sentada sobre minha cama apenas ouvindo a discussão que acontecia no quarto ao lado

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A bebida amarga descia pela minha garganta enquanto eu estava sentada sobre minha cama apenas ouvindo a discussão que acontecia no quarto ao lado. Faz mais de dois anos que eu acabei parando na casa da minha irmã mais velha, Pansy, era a garota perfeita, séria, comprometida e responsável. Vinda de uma família tradicional e com uma boa quantia na conta era de se esperar que ela também fosse rebelde como eu, porém, diferente de mim, Pansy sempre se dedicou a manter a empresa da família funcionando perfeitamente, desde então eu não fui forçada a me comprometer com nada. E nem queria. 

Poderia muito bem colocar na balança a diferença entre nós duas, da nossa família eu era a ovelha negra, aquela que não tinha nada na vida e que nunca teria. Por um tempo me dediquei fielmente a mudar isso, fazer com que meus pais enxergassem que eu não queria nada relacionado com o império que eles construíram, eu só queria sentar uma poltrona pegar meu notebook e criar meus designers, eu sempre fui feliz assim. Tanto que me formei em Design Gráfico, trabalhei por um bom tempo numa boa empresa até que ela faliu, mesmo assim estava empenhada nesse novo emprego e assim estava indo. Até o momento que meu pai acabou de me expulsar da herança da família e meu salário não sustentava minha ganância e o padrão de vida que eu gostava de levar, então corri até a minha irmã e pedi ajuda. 

Pansy sempre me ajudou, sempre me aconselhou, sempre me incentivou, graças a ela não vivia uma vida infeliz, exatamente por isso que eu sempre tentei fazer de tudo para retribuir todo o bem que ela me fez e isso estava indo muito bem, até que eu o conheci. Quando eu cheguei no apartamento que eu descobri depois de um tempo ser dele, acabei por finalmente conhecer Draco, um homem de cabelos platinados e olhos azuis, de início apenas me surpreendi com a sua beleza, mesmo assim continuei na minha o respeitando acima de tudo e o agradecendo por me deixar ficar em sua casa, me sentia uma intrusa, então passava muito tempo fora tentando ficar longe da rotina de um casal, eu sabia que uma pessoa nova atrapalha muitas coisas, contudo, nunca imaginei que o casamento não fosse feliz como parecia ser. 

Eles estavam juntos há cinco anos. 

Desde do momento que eu havia saído de casa para ir estudar, nunca parei para ter uma conversa com ele, nunca sequer o vi, Draco era uma incógnita, apenas meu cunhado. Exatamente por não ter esse conhecimento não fiz questão de conhecê-lo mas era impossível não notar como ele era sorridente, como tentava agradar minha irmã e não dava certo, como ela era autoritária e sempre o proibia de fazer alguma coisa, como eles não se divertiam, como ela era dedicada ao trabalho e em mais nada. Percebi que eles por um momento se amavam, contudo, as brigas eram diárias e talvez isso começasse a enfraquecer o que eles tinham e nenhum amor suporta tudo isso. 

Me comparo a uma bactéria que infecta uma ferida bem exposta, Draco estava mal, claramente cansado de todo aquele estresse no matrimônio, ele não conseguia conversar com ela, por um tempo sentir pena, eu sabia exatamente como era minha irmã, então apenas ofereci uma taça de vinho e uma boa conversa. Parece que depois disso as coisas começaram a melhorar entre a gente, principalmente porque passamos mais tempo juntos do que com Pansy. Ela vivia enfiada na empresa e não sabia de lá se não fosse uma emergência, então depois da última briga eu ofereci uma taça de vinho e queijos para acompanhar. 

Draco era um homem interessante, era roteirista e por isso passava muito tempo em casa, e talvez essa ligação com a arte fez a gente se aproximar mais. E não percebia que estava cada vez mais ansiosa para chegar em casa e conversar com ele. Quando uma tentativa de passeio entre nós três foi acabada por Pansy que voltou para a empresa, acabamos apenas nós dois indo para um Museu, aquele dia foi maravilhoso, ao final da tarde antes mesmo de chegarmos em casa, trocamos nosso primeiro beijo dentro do carro dele. Claro, que após isso a gente fingiu que nada aconteceu, porém, a atração estava mais do que notada, tudo o que ele fazia tinha uma força para deixar minhas pernas balançando. Eu resisti por muito tempo, eu o evitava o máximo que eu conseguia, pois sabia que uma simples chama iria incendiar tudo, ele também sabia disso, exatamente por causa disso não achou estranho o momento repetindo que paramos de se falar. 

Uma noite cheguei de uma balada toda cansada, havia me divertido muito e estava pronta apenas para dormir, Draco estava sentado no sofá, no silêncio, encarando o nada que por um segundo me assustei, mesmo assim eu não conseguir o ignorar, sentei ao seu lado e peguei sua mão, Pansy dormia no quarto quando nos beijamos pela segunda vez e Draco me tomou de uma maneira rápida na poltrona da sua sala. 

Depois daquilo tudo se incendiou, a gente se beijava toda vez que Pansy não estava, a gente transava toda vez que a gente explodia de vontade, era uma brincadeira difícil de resistir. Já faz quase dois anos que estávamos naquela situação, quase sete anos de casamento deles, e mesmo assim eu ainda me enrolava com ele nos lençóis. E mesmo sabendo que era uma péssima irmã e que estava apaixonada, eu não conseguia me livrar, Draco era uma droga que eu estava viciada. 

— O QUE É ISSO NA SUA CAMISA, DRACO? — o grito de Pansy chegou aos meus ouvidos, percebi como ela estava cansada, como ela estava revoltada. 

— Um batom. — eu sempre me invejei como ele era controlado. Draco parecia um robô, seus sentimentos eram tão bem mascarados que chegava a ser interessante no mesmo nível de ser desesperador. 

— ISSO NÃO É MEU! — Pansy, claramente, estava transtornada. Nunca a vi perder o controle dessa forma, ela estava a ponto de explodir. 

— Claro que não! 

Puta que pariu, Draco só poderia estar louco. Levantei assim que eu deixei o copo sobre minha penteadeira, comecei a andar em círculos no meu quarto, a qualquer momento imaginando minha irmã entrar por aquela porta e me expulsar de lá. 

— O quê? — a voz de Pansy ainda estava alta mesmo ela não gritando como antes. Parecia que havia ficado abalada com aquela afirmação. — Quer dizer que você me traiu? — se fosse eu também teria ficado abalada, ainda mais quando o medo da resposta era gritante. 

— Sim. 

O silêncio veio de uma maneira que cheguei a considerar anormal, minhas mãos tremeram diante da ansiedade que eu senti.

— SEU CRETINO, DESGRAÇADO, MISERÁVEL. COMO VOCÊ TEVE CORAGEM DE FAZER ISSO COMIGO? — Pansy realmente estourou, escutei algo se quebrando no quarto dela. — EU SOU UMA BESTA POR TENTAR MANTER ESSE CASAMENTO DE PÉ… — ouvi mais coisas se quebrando. 

— CALA A BOCA! — daquela vez até eu me assustei, até me arrepiei com aquele grito vindo de Draco. — Eu realmente estou errado em te trair antes de ter terminado com você, eu juro que tentei de tudo Pansy pra não chegar nesse nível, você não colaborou nenhum pouco, sempre enfiada naquela maldita empresa e esquecendo que tinha um marido em casa. Eu estava muito errado em acabar cedendo aos encantos de outra mulher, mas você colaborou muito para isso, como eu poderia me manter sã com uma esposa que mal via? Acha isso mesmo um casamento? Eu não me arrependo de ter me envolvido com ela, só me arrependo de não ter terminado com você antes.

Pansy ficou calada. 

— Vá embora da minha casa, Pansy. — Draco falou novamente. — Logo você vai receber o papel de um advogado. 

Isso foi o suficiente para eu apenas me sentar novamente, o silêncio foi mórbido, escutei alguns barulhos que não soube identificar até o momento que a ouvir andar pelo corredor passando em frente ao meu quarto, então ela parou. 

— Quem é? — Pansy perguntou, fiquei atenta novamente, escutando os passos que eram provavelmente de Draco. 

— Não é ninguém que você merece saber. 

Segundos depois ouvi a porta do apartamento bater, foi nesse momento que eu tive coragem para abrir a porta, encontrei Draco parado no corredor de braços cruzados, ele me olhou por alguns segundos antes de se aproximar. 

— Você está bem? — perguntei preocupada. 

— Estou ótimo. — ele falou colocando as mãos sobre meu rosto me empurrando delicadamente para trás, nisso usou uma mão para fechar a porta. — Estou realmente muito bem.

Novamente meu batom vermelho manchou a boca dele enquanto que Draco me fazia gritar seu nome e amá-lo cada vez mais. 

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