Para alguns ela estava apenas fazendo seu trabalho.
Para outros ela não deveria pisar os pés naquele lugar.
Para ele era apenas o reflexo do seu sentimento distorcido.
Escondeu a varinha assim que seus pés tocaram o chão de pedra daquele lugar. Arrumou sua capa escura enquanto andava em uma pose elegante em direção aos portões de metal. Antigamente aquele lugar era recheado de dementadores como guardas, porém, após a guerra muita coisa foi modificada e a segurança foi uma delas. Exatamente por isso, os aurores escolhidos apenas lhe deixaram passar, não por ser fácil entrar naquele lugar e sim por já estarem cientes da sua visita, novamente.
Poderia contar nos dedos quantas vezes esteve naquele lugar durante os últimos dez anos, a primeira vez sentiu calafrio, sentiu medo, sentiu uma vontade imensurável de virar as costas e correr. Era uma jovem traumática, impossibilitada de dormir por causa dos pesadelos. Contudo, começou a ir naquele lugar por causa dele.
Tudo o que fazia era pensando nele.
A vontade de tirá-lo daquelas paredes era tão forte que antes o que tirava seu sono não lhe afetava mais e agora o que a deixava com noites mal dormidas é saber que ele não estava bem. Ele tinha que sair dali o mais rápido possível. Dez anos passou tão devagar que apenas lhe sufocava diariamente ao dormir e ao acordar.
Seus pés e sua mente já conhecia aquele caminho, já havia decorado quantos passos tinha que dar para chegar até aquele lugar. E como sempre sentia seu coração acelerar toda vez que se aproximava, infelizmente ultimamente ela não pode ir com tanta frequência como antes e isso a chateava ao nível extremo e sua irritação só aumentava pela saudade que sentia dele. Há algum tempo deixou de ter sua varinha confiscada, e isso era um grande passo para ela. Para ele.
Assim que parou em frente da cela que o abrigava, seu coração chorou, sua alma gritou e seus olhos arderam. Ali estava ele, deitado em cima daquela cama feita de cimento, as roupas listradas sujas cobrindo seu corpo, a escuridão o escondendo completamente no final daquele quadrado pequeno, os sons das ondas batendo contra os muros altos de mental era ensurdecedor e o vento gelado passava pela minúscula janela que tinha no topo da parede trazendo uma friagem que fez seu corpo tremer.
Ela nunca iria gostar daquele lugar.
— Pode abrir. — sua voz saiu sussurrada. A escuridão não lhe deixava notar se ele a tinha visto ali.
— Senhora…
— Abra! E pode ir embora, ele não vai me fazer mal. — ordenou.
Pela forma que o rapaz se comportou e sua aparência jovial apenas afirmou que ele era novato demais para estar num lugar daquele como guarda. Mas assim que ele abriu a cela e seus pés puderam enfim adentrar ao lugar, o jovem guarda parou de ser importante. Deu alguns passos entrando na escuridão, suas roupas pretas apenas a ajudavam a se camuflar naquele lugar com a ajuda da noite que havia chegado. Aquele castelo enorme rodeado de metal não tinha luz e nunca haveria. Então, era obrigada a se acostumar a enxergar na escuridão. Mesmo não conseguindo enxergar com facilidade, seus pés a guiaram diretamente para o seu alvo e quando seu joelho esquerdo tocou a cama de cimento levemente, ela soube que estava perto.