Com seus quatorze anos, Jungkook não havia vivido nenhuma das aventuras que lia nos livros. Até o dia que Jimin, acompanhado de sua família circense, fizeram sua vida virar literalmente de cabeça para baixo.
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#PeriquitoECorvinho
Capa por @hua_man...
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As férias de verão haviam finalmente começado e o orfanato Luz da Manhã já estava preparado para toda a agitação que os dias longe da escola traziam. Diante de tantas atividades divertidas para distrair as crianças do calor forte que assolava a cidadezinha de Miryang, Jimin e Taehyung se misturaram aos mais novos na piscina improvisada com lonas pelos funcionários.
O recente aniversário dos doze anos de Jimin foi uma festa incrível celebrada por todo o casarão, todos ganharam brigadeiros confeitados pela senhora Gahee, a melhor cozinheira do mundo segundo as crianças, e dançaram ao som de músicas animadas.
Infelizmente, o aniversariante não pôde pular ou correr como os outros por ainda estar se recuperando das últimas fases de seu tratamento, mas não deixou de sorrir daquele jeitinho que contagiava todo mundo. E ao seu lado estava Taehyung, seu super irmão mais velho que sempre o cuidaria e protegeria, seja batendo em valentões do colégio e voltando com o olho roxo e uma suspensão ou carregando-o escada acima devido à cadeira de rodas que precisava usar para se locomover vez ou outra.
O diretor do orfanato, senhor Kim, permanecia sereno na varanda enquanto observava todos se divertirem na água fresca. Era notável como os irmãos Park se destacavam dos outros devido à idade, lembrava-se de quanto eles chegaram numa noite fria do início de novembro, Taehyung carregando o irmão nas costas com apenas um casaco os protegendo da geada. Acolheu-os sem pensar duas vezes e lhes deu canecas fumegantes com chocolate quente. Soube da saúde frágil de Jimin em seguida, falta de nutrição na gestação, disseram os médicos, foi então que os meninos chorosos contaram sobre a progenitora que os abandonou na própria casa e partiu na madrugada sem deixar rastros.
Após longos anos de tratamento com terapia alimentar e doses altas de vitaminas, o garotinho sorridente finalmente estava melhorando. Diante desse período, houveram tentativas de adoção para ambos irmãos, mas houve um receio por parte do menino doente e a negação do outro que não queria ser adotado sozinho.
Todas as crianças daquela época já estavam vivendo com suas famílias e apenas os irmãos Park permaneceram ali, o diretor acreditava que, em breve, eles teriam sua vez de irem para um lar amoroso e colorido como Jimin tanto idealizava em suas conversas com os funcionários.
ㅡ Quem quer picolé? ㅡ Uma das monitoras se aproximou com uma bandeja cheia e as crianças se apressaram para sair da piscina com auxílio dos adultos.
Um grande círculo se formou na grama protegida pela sombra do telhado enquanto mãozinhas se melecavam com o doce refrescante. Jimin aceitou de bom grado o picolé sabor pêssego que sobrou e pegou o de limão para o seu irmão que carregava uma bebezinha de dois aninhos em direção ao agrupamento.
Dias como aquele os faziam lembrar do primeiro verão ali, os tempos eram mais escassos e o orfanato dependia muito da verba do estado. Felizmente, começaram a receber doações do país inteiro, pessoas se compadecendo da condição médica de Jimin, e agora tinham parcerias que auxiliavam financeiramente as necessidades do Luz da Manhã.
O fim de tarde levava o calor embora e dava vez à gostosa brisa noturna que ninava as criancinhas. Enquanto os irmãos Park ajudavam na organização dos berços e camas, alguns já iam se aconchegando e dormindo cedo após tanto brincar no quintal.
Vislumbrando as poucas estrelas aparecendo no céu, Jimin teve sua atenção levada às luzes balançantes que indicavam tendas azuis e brancas montadas num terreno pertinho dali.
ㅡ Vem ver, Taehy! Tem um circo aqui ㅡ indicou com o dedo apertando o vidro da janela, já querendo arrastar o irmão até ali com sua animação impulsiva.
ㅡ Acho que está tendo um espetáculo, olha o tanto de gente entrando. ㅡ Taehyung logo se encostou na janela ao lado de Jimin, ambos curiosos com a novidade, nunca haviam visto um circo em Miryang e já estavam com os olhinhos brilhando em expectativa.
ㅡ Que tal se a gente... ㅡ O Park mais novo insinuou com as mãos escondidas atrás do corpo, mas não conseguiu enganar aquele que lhe conhecia desde seu nascimento prematuro.
ㅡ Nem pensar! Eu te conheço, Ji. Você está querendo aprontar de novo. ㅡ E antes que deixasse o irmão intervir em defesa própria, continuou ㅡ Na última vez, você quebrou a perna depois de cair de uma árvore!
ㅡ Mas dessa vez nem tem árvore e eu não vou subir em nada muito alto, eu prometo! Vai, por favorzinho, pelo seu irmãozinho favorito... ㅡ Jimin estava quase se colocando de joelhos, adorava aprontar por onde ia, se aproveitando da sua melhora de saúde, mas nunca ia sem Taehyung. Eram como unha e carne, e isso nunca mudaria.
Sem dizer uma única palavra, o mindinho do garoto desconfiado se ergueu diante da expressão ansiosa do irmão e não foram precisos dois segundos para ambos entrelaçarem os dedos numa promessa solene. A comemoração cheia de pulinhos animados quase acordou o casarão inteiro, mas aquilo não importava no momento, afinal, Jimin estava sorrindo e isso era tudo para o coração de Taehyung que o viu choroso e amuado preso em hospitais e clínicas desde novinho.
Com um bom plano arquitetado de última hora, os irmãos Park esperaram os últimos funcionários se aconchegarem na sala e saíram pela porta do quintal, rumaram para o portãozinho que dava acesso ao estacionamento e finalmente botaram os pés na rua.
Seguindo as luzes que tocavam as nuvens, os garotos se guiaram por nove quarteirões até estarem rentes às grades que circundavam o terreno do circo.
O letreiro com luzes azuis piscantes contornavam as letras em grafia bonita que diziam: Circo Volare.
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