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Se de fato o que tenta me matar, mas não consegue, acaba me deixando mais forte. Saiba que nada nesse mundo me deu tanta força quanto você, amor, porque você bem que tentou.
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Eu tinha quinze anos quando as viagens dos meus pais aumentaram de apenas uma por mês, para uma a cada dez dias.
E teve um momento da minha adolescência em que eu suspirava de alívio por não os ter em casa. Nossa relação já estava estragada naquela época, mas eu não tinha tanta consciência disso e muito menos eles, enquanto estavam em casa, tudo era feliz e colorido.
Para eles. Juntos.
Eu me sentia apenas um intruso morando na mesma casa que dois estranhos, sentimento confuso demais para quem chamava aquelas duas pessoas de pai e mãe, mas era como eu me sentia. Não trocava muitas palavras com minha mãe a não ser quando ela fingia estar interessada sobre a escola. Já meu pai, se não fosse para discutir ou brigar, ele não olhava pra mim.
O alívio acabava quando um moreno alto de cheiro viciante passava pela porta de entrada e me olhava de cima a baixo como uma avaliação, isto ocorria todas as vezes, era como se ele comparasse a sua visão de agora com a de dias atrás. Ou checando se faltava algum pedaço meu.
Jungkook havia virado “meu babá” legítimo agora que as viagens eram programadas, ganhava dinheiro nos dias em que só teria que ficar sentado no sofá e garantir que eu não saísse de casa escondido ou ficasse sozinho. O trabalho perfeito. Principalmente agora que estava na faculdade, com plenos dezenove anos de idade.
Depois do que aconteceu, ele parecia querer estar sempre por perto agora, sempre arranjando um jeito de me provocar com alguma piada idiota a respeito de eu não ter amigos e ser chamado de gordo pelos vizinhos que nem conhecia, e admito que o mesmo conseguiu me desestruturar muitas vezes enquanto fazia isso.
Você fazia questão de piorar a minha vida, Jungkook.
Fez de tudo para que ficasse insuportável desde que te conheci, aterrorizando minha cabeça com suas piadas sobre meu peso, minha aparência desleixada, minha falta de habilidade esportiva ou qualquer outra merda que me deixasse ao ponto de quase chorar.
Machucou, e ainda machuca pra caralho. São coisas que nunca vou deixar de pensar embora hoje, eu saiba que eram todas mentiras. As sementes de ódio que Jungkook plantou em minha cabeça criaram raízes profundas e eu nunca tive forças para arrancá-las.
— Deveria comer menos, como vai arranjar um namorado assim? — o ouvi dizer quando entrou na cozinha e me viu comendo o lanche da tarde. Atingindo o fundo meu ser com a palavra “namorado”.
