CAPÍTULO SETE

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Os dias se passavam lentamente dentro daquela casa. E a cada novo dia, era uma tortura suportar as ordens, as ofensas e até mesmo o descaso de Marie Delacoir. Durante o dia, na frente de sua família, amigos e o restante dos familiares, ela me desprezava, como sempre. Mas durante à noite, ela sempre me procurava para fins sexuais.

No início, eu ainda relutava e tentava impedir que algo acontecesse entre nós dois, de novo. Mas depois, eu apenas parei de lutar contra isso e o curioso era que eu sempre ficava esperando por ela depois de tomar banho, ela sempre descia no mesmo horário. E quando ela não estava afim de descer, ela me avisava durante o dia e eu subia para o seu quarto no horário combinado.

Como eu havia dito antes, eu não era hipócrita ao ponto de dizer que Marie não era atraente ou que eu não sentia nada quando estávamos transando. Claro que eu sentia, ou então não iria funcionar também, apenas por pressão. Mas o que me fazia relutar sempre, era a posição em que estávamos, ela era a patroa e eu o empregado, e consequentemente acabei sendo o seu "brinquedinho". Marie jamais iria sentir algo por mim além de tesão, eu não era idiota ao ponto de acreditar que passaríamos de sexo.

E apesar de concordar todas as vezes, mesmo que no fundo algo sempre me diga que eu estou errando e feio, no fim, acabo muito arrependido. Quando estou no quarto dela principalmente e tenho que me trocar para descer, a culpa me atinge em cheio, a vergonha e o nojo. Eu me sentia mal por estar enganando o Sr e a Sra Delacoir, eles não eram tão ruins quanto Marie, pelo menos não comigo, me tratavam bem na medida do possível, e se eu tinha um lugar para dormir, era graças a eles.

Por isso desde o início eu não queria que o negócio todo tivesse chegado onde chegou, eu sentia como se estivesse desrespeitando quem me ajudou, e também me sentia um idiota por saber que Marie estava apenas me usando. Pois durante a noite, enquanto estávamos na cama, ela até poderia gemer meu nome, mas durante o dia ela estava em dois extremos, ou fissurada em me humilhar com palavras grotescas, ou ser completamente indiferente em relação à mim, e preciso confessar:

Ela estava conseguindo me magoar de verdade.

Não que antes eu não ficasse triste com a forma com a qual eu era tratado por ela, na verdade eu já estava bem habituado. Mas tudo mudou quando tivemos contato físico, e por mais que eu tivesse em mente que nada mudaria para ela, mudou para mim. Eu tenho a plena consciência de que era idiotice da minha parte, eu começar a desenvolver sentimentos por uma pessoa que não dava a mínima para mim, mas infelizmente estava acontecendo, por mais que não fosse o que eu queria.

Afinal, como manter relações sexuais constantes com uma única pessoa e não sentir nada? Eu podia ser inocente no quesito de não conhecer exatamente o mundo lá fora, mas não era tão burro, afinal eu gostava de ler, Laras me emprestava os poucos livros de romance que tinha, bem quentes devo dizer. Mas a ficção afinal, não era tão distante da realidade.

— Jake... — sua voz calma e baixa soou atrás de mim enquanto passava a calça pelas minhas pernas. — Estou indo para Londres, com o Alexander. — disse se aproximando por trás enquanto rodeava os braços em meu pescoço.

Confesso, que senti algo estranho ao ouvir tais palavras. O famoso aperto no peito, talvez. Mas não deixei transparecer que estava afetado, de qualquer forma.

— E por quê está me contando isso? — questiono um tanto quanto rude, enquanto arrumo a fivela do cinto.

— Vamos ficar algumas semanas fora, talvez umas duas ou três, mas eu volto, não precisa ficar com saudades. — ela ri de maneira descontraída e se inclina passando as unhas por meu tronco desnudo.

ESCRAVIZADO [DARK ROMANCE] ✓ Onde histórias criam vida. Descubra agora