CAPÍTULO DOZE

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Naquela mesma noite, um pouco depois que Marie foi embora, me deixando completamente mal, Ashley chegou e ao me ver deitado, encolhido no sofá, largou a mochila no chão e se aproximou me sacudindo.

— Jake, o que houve? — perguntou se agachando enquanto me observava. — O que aconteceu?

— Marie. — respondi com a voz trêmula enquanto me lembrava de cada palavra que a loira havia me dito.

— O que tem ela? — Ashley perguntou já se preocupando. — o que ela fez?

— Ela... — suspirei e me sentei, sentindo meus olhos arderem mais uma vez. Minha cabeça estava doendo. — ela veio aqui...e...

— O que ela fez? — o tom de Ashley era sério.

— Ela e-está grávida.— respondo não me atrevendo a encarar a morena.

— O quê? — perguntou perplexa. — ótimo, mas o que... ai não!!! — disse se levantando, ligando os pontos. — o filho é seu?

— ela disse que sim. — suspirei. — e me ameaçou, dizendo que abortaria se eu voltasse para a sua casa e se eu não voltasse ela contaria aos pais dela que eu a estuprei. — respondi engolindo em seco.

— Ela é definitivamente maluca. Não, pior, ela é uma tremenda filha da puta! — Ashley resmungou e parecia visivelmente muito irritada. — E você, não vai a lugar a nenhum!

— Mas el-

— Mas nada, Jake. Você está feliz agora, você está bem, livre. Não vou deixar que Marie te impeça de viver a sua vida, nem que para isso eu tenha que colocar um fim na nossa amizade!

Apenas fiquei observando a mulher à minha frente, estava indignada andando de um lado para o outro com as mãos na cabeça. Havia algo de interessante e novo pra mim na forma como ela se preocupava e estava disposta a me defender, ainda que isso custasse sua amizade de anos com Marie. Ninguém nunca havia feito aquilo por mim antes, ninguém havia demonstrado se importar tanto, e talvez, isso tenha feito eu me emocionar um pouco.

— Por quê você está chorando? — ela disse quando notou as lágrimas descendo de meus olhos. Tentei disfarçar, secando às pressas e neguei. — Jake, o que foi? Ela disse ou fez mais alguma coisa?

— Não é só que... — comecei, me levantando enquanto olhava para ela. — obrigado, Ashley. Ninguém nunca fez algo parecido por mim antes.

— Ah que isso eu so-

Praticamente cortei o que ela ia dizer quando a puxei para um abraço, a pegando de surpresa, ela claramente não estava esperando por tal ato. Senti quando ela relaxou e passou os braços ao redor das minhas costas em um carinho lento, enquanto as minhas mãos estavam ao seu redor e minha cabeça em seu ombro, ainda que eu estivesse escolhido pela diferença de altura. Mas eu me sentia confortável com ela, me sentia confortável ali.

O que era curioso, pois me lembrando de muito tempo atrás, eu jamais imaginaria que a garota que às vezes dava risada ao me ver, junto de Marie, estaria sendo a pessoa que mais estava me ajudando naquele momento.

Mas ela não fazia mais que apenas rir, em deboche. Nunca falou nada, mas naquela época eu já sabia que risadas também podiam doer.

Ashley realmente parecia ter se redimido, e o que estávamos construindo me levava a pensar nela como uma família.

— Ouça bem, você não vai voltar para a mansão Delacoir.— ela disse segurando meu rosto com ambas as mãos. — Confie em mim. Você confia?

A encarei por alguns segundos e chegava a ser engraçado, era como se eu fosse uma criança, um menino que estivesse recebendo carinho e conforto de uma mãe, ou de uma irmã mais velha. Me sentia daquela forma.

ESCRAVIZADO [DARK ROMANCE] ✓ Onde histórias criam vida. Descubra agora