Cozinha

463 58 43
                                    

— Tchau, muffin, já estou com saudades. – Gizelly dá um beijo de despedida em Juliette e fecha a porta. Alguns momentos depois, Rafaella abre a porta e entra.

— Você terminou? – ela olha para Gizelly com ar crítico e caminha até a ilha da cozinha para abrir seu laptop e continuar fazendo o trabalho que estava fazendo antes de Gizelly e sua acompanhante a interromperem.

— Ei, não posso negar às mulheres se elas querem um pouco disso. – Gizelly gesticula para cima e para baixo em seu corpo e Rafaella balança a cabeça e desvia o olhar, continuando sua concentração em seu trabalho.

— Agradeceria um pequeno aviso. – Rafaella resmunga, lembrando-se claramente de algumas horas antes, quando Gizelly e Juliette tropeçaram no apartamento enquanto se beijavam e Rafaella tentou freneticamente sair.

— Eu nem tenho o seu número, ou você quer que eu coloque um aviso na maçaneta da porta? – Gizelly sorri enquanto abre a geladeira para pegar um pouco de água.

Rafaella arranca um pequeno pedaço de papel de seu caderno e escreve algo furiosamente.

— Aqui, meu número. – Ela empurra o papel na direção de Gizelly.

Gizelly pega o papel e toma um gole de água ao mesmo tempo, ela olha o número um pouco mais do que o normal e Rafaella fala, adivinhando o que Gizelly está pensando agora.

— Eu não estou me apaixonando por você, é apenas um número. Para fins de companheiras de quarto. – Rafaella deixa claro.

"Companheiras de quarto. Mais como um parasita."

Já faz alguns dias que Rafaella caiu em seu apartamento e Gizelly ainda não consegue se acostumar com o fato de morar com um Kalimann. Gizelly não se importa, pois ela trará para casa suas garotas habituais e tenta evitar Rafaella tanto quanto possível. Na maior parte do tempo, Rafaella é reservada e só usa a área da sala, onde agora o sofá é sua cama, e a área da cozinha para fazer seu trabalho. O banheiro ainda é o lugar mais estranho para se esbarrar enquanto eles tentam descobrir um sistema. Gizelly nunca para de zombar de Rafaella por se trocar no banheiro, porque Gizelly ainda se troca livremente à vista de todos. "São apenas partes do corpo" Gizelly argumenta, mas Rafaella ainda mantém suas partes íntimas privadas. Gizelly não sabe se é possível fazer essa puritana se apaixonar por ela.

No entanto, Gizelly está grata por uma coisa. Não importa o quanto ela investigasse a família Kalimann, ela não saberia que Rafaella Kalimann era uma aberração tão organizada. O apartamento dela está impecável nos últimos dias, cada bagunça que Gizelly fez é limpa imediatamente. Gizelly fica irritada quando Rafaella reorganiza os armários da cozinha e quando Gizelly não consegue encontrar suas coisas habituais. O único bom comportamento que um Kalimann tem e ainda irrita imensamente Gizelly.

— Onde está minha caneca azul? – Gizelly pergunta em uma manhã de domingo e lança um olhar acusatório para Rafaella, que está trabalhando em seu laptop na ilha da cozinha.

— Prateleira de cima, fileira de baixo. – Rafaella responde sem olhar para cima.

— Por que você não pode simplesmente deixar na pia? Eu sempre bebo nele, é mais fácil pegar de lá. – Gizelly resmunga enquanto abre a prateleira de cima e encontra a caneca azul olhando para ela.

Rafaella vai até a geladeira e coloca um horário e prende-o com um imã de geladeira.

— O que é isso? – Gizelly olha para o horário escrito à mão.

— Faz uma semana e já estou cansada disso. Para sobrevivermos às próximas 24 semanas, precisamos dar um jeito. – Rafaella solta um suspiro enquanto continua. – Você precisa compensar. Você joga a roupa no chão, deixa a louça na pia, nunca varre! Acho que a única função que sua vassoura tinha era como um dispositivo para quebrar o teto.

Uma quedinha em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora