Kalimann

337 53 43
                                    

Alguns dias se passam depois da praia, e Gizelly tem ficado com Rafaella desde então. Ela sai para trabalhar na mesma hora que Rafaella e volta na mesma hora. No domingo, ela até ajudou Rafaella a limpar a casa e rejeitou o convite de Fernanda para ir até sua casa. Gizelly não sabe por que, mas sente uma necessidade fervorosa de ficar ao lado de Rafaella e se sente feliz por fazer isso.

— Você não precisa continuar me mimando, estou bem. – Rafaella diz enquanto se prepara para o trabalho na segunda de manhã. Ela podia ver Gizelly correndo para se preparar para o trabalho.

— Não estou cuidando de você, vou trabalhar. – Gizelly olha para Rafaella com curiosidade.

— Você costuma sair mais tarde, só está com pressa para podermos sair juntas. – Rafaella ressalta.

— Kalimann, por favor. Por que eu iria querer passar mais tempo com você? Já estamos juntas na maioria dos dias. – Gizelly se defende.

— Ok, se você diz, estou indo agora. – Rafaella pega sua bolsa e sai pela porta.

— Espere por mim! – Gizelly grita e Rafaella apenas olha para ela. — Não estou fazendo isso por você. Acontece que eu também estou pronta para o trabalho.

— Tanto faz, Bicalho.

Elas descem do elevador em silêncio e se despedem em frente ao prédio. Rafaella desce a passarela à direita enquanto Gizelly caminha na direção à esquerda. Menos de um minuto depois de se separarem, Gizelly ouviu uma comoção atrás dela. Ela olha para trás e há uma senhora de meia idade furiosa gritando com Rafaella. Gizelly corre até elas para entender apenas o final da discussão unilateral.

— Você e sua família mataram meu marido!! – A senhora grita e cospe na cara de Rafaella.

— Ei, ei, tudo bem, senhora. Por favor. Esta é uma propriedade privada. Não vamos fazer isso aqui. – Gizelly tenta acalmar a senhora e olha para Rafaella que não está reagindo de forma alguma.

— Espero que todos vocês, Kalimann, vão para o inferno!! – Ela grita novamente e está prestes a pular em Rafaella quando Gizelly a segura e a impede.

— Senhora, por favor. Não vamos recorrer à violência. – Gizelly implora novamente.

— Solte-me! – Ela grita e Gizelly o faz, certificando-se de que ela esteja entre a senhora e Rafaella.

— Vá para o inferno, Kalimann. – A senhora grita sua última queixa enquanto se afasta delas.

Rafaella fica imóvel na calçada quando Gizelly se aproxima. A saliva da senhora ainda está no rosto de Rafaella então Gizelly rapidamente abre sua bolsa procurando por algo. Ela xinga internamente quando sua bolsa está cheia apenas de embalagens vazias, cadernos e recibos. Onde está o lenço quando você precisa dele?

Rafaella pega um lenço de papel de sua bolsa e enxuga, seu rosto fica com uma expressão vazia o tempo todo.

— Kalimann, você quer...

— Estou bem. Tenho que ir trabalhar. Estou atrasada. – Rafaella interrompe Gizelly e começa a andar.

— Kalimann! – Gizelly grita, mas Rafaella continua andando.

— Rafaella!

Ao ouvir seu nome, Rafaella para por um segundo, mas continua andando. Gizelly solta um suspiro exasperado enquanto ela mesma caminha na direção oposta.

***

Gizelly chegou tarde em casa naquele dia, pois precisava terminar um relatório que seu chefe lhe entregou no último minuto. Ela poderia ter terminado mais cedo, mas sua mente continuava pensando em Rafaella e na senhora daquela manhã. Gizelly abre a porta e vê Rafaella bebendo em seu sofá/cama com a mesma expressão vazia de sempre.

Uma quedinha em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora