Uma quedinha em você

Bicalho

— Imagino que seria algo assim.

Rafaella saiu apressada logo após o beijo e a única coisa que Gizelly se lembra eram suas últimas palavras repetindo-se na sua cabeça, e o gosto persistente de Rafaella em seus lábios. Se não fosse pela dor de cabeça e pela falta de equilíbrio no momento, ela teria ido até o apartamento de Rafaella e perguntado sobre o que era aquele beijo.

A questão é que Gizelly já beijou muitas garotas antes, então por que isso é diferente? Por que a temperatura dela está subindo e ela sente que vai ter febre a qualquer minuto? Por que o coração dela está batendo tão rápido como se estivesse batendo no próprio peito? Por que ela está suando??

O que esse beijo significa?

***

Na manhã seguinte, Gizelly, que mal dormiu, desceu até a delicatessen mais próxima para preparar o café da manhã para ela e Rafaella. Para quem está de ressaca, não parecia a maneira como ela cumprimentava a todos com um enorme sorriso e enquanto voltava para seu prédio com o café da manhã na mão. Gizelly decidiu que hoje é o dia em que contará a Rafaella como se sente. 'Afinal, pensou ela, Rafaella deve sentir o mesmo depois do nosso beijo de ontem à noite.'

Gizelly espera o elevador com a intenção de ir ao apartamento de Rafaella, mas tem uma feliz surpresa quando a maior sai do elevador.

— Oh, bom dia. – Rafaella diz com um tom assustado. – Pensei que você estaria de ressaca. Estava prestes a pegar o café da manhã para você.

— Já comprei. – Gizelly diz com um sorriso enorme enquanto mostra a Rafaella a caixa de sanduíches e café.

— Ok, ótimo. Vou sair para fazer compras então.

— Espere, você quer tomar café da manhã comigo primeiro? Eu trouxe café da manhã para você também.

— Bebê!

Rafaella olha para Gizelly e vê uma garota loira correndo em direção a elas com uma mochila na mão. Rafaella se vira para Gizelly e ela pode ver que Gizelly tem uma expressão de dor no rosto. A garota abraça a menor por trás, com força.

— Costeleta de cordeiro, eu não sabia que você estava na cidade. – Gizelly diz sem se virar.

— Eu preciso de um lugar para ficar por 2 noites, bebê. Estou com saudades de você.

Quando a loira tenta beijar Gizelly, ela desvia o rosto para evitá-lo e olha para Rafaella, que está inexpressiva. O beijo pousou em suas bochechas.

— Podemos fazer isso o dia todo hoje, querido. – Aloira sussurra, um pouco alto demais, porque Gizelly sabe que Rafaella poderia ouvi-la

— Okay! – Rafaella diz. – Divirta-se com a costeleta de cordeiro, Bicalho.

— Espere, Rafaella. – Gizelly grita, mas Rafaella sai da situação antes que Gizelly pudesse dizer outra palavra.

– Mau momento, bebê!

O pior.

***

Rafaella está na frente do apartamento de Gizelly com as compras nas mãos. Ela podia ouvir risos e risadinhas do outro lado da porta e ficou inexplicavelmente irritada.

O que eu estou fazendo?

Rafaella sobe as escadas e deixa as compras no chão. Ela comprou cervejas para Gizelly porque sabe que ela bebeu tudo ontem à noite, e agora Rafaella se arrepende de ter comprado. Não que Gizelly se importe de qualquer maneira. Ela deixa as compras no chão, volta para a cama e tenta descansar um pouco naquela movimentada manhã de domingo. Quando ela fecha os olhos, sua mente volta ao beijo da noite anterior.