☆Capítulo VI - Escura é a Noite

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A viagem de volta do Sky Cassino pode ter sido a segunda experiência mais traumática da vida de Edgar Allen Poe, sendo vencida, apenas, pela experiência que ele teve na ida.

Ele, para piorar a situação, estava todo dolorido de uma noite de insônia gastada na banheira de seu quarto, já que nenhuma cama a mais chegou e Ranpo se recusou a ceder um espaço na sua.

Após deixar Leda e Karl com a babá, Mushitaro – Que só aceitou o trabalho depois de uma grande quantia de dinheiro vinda de Poe – eles seguiram o caminho para o estabelecimento.

Eles entraram na loja vazia, sendo cumprimentados por um velho surdo que trabalhava no balcão.

— Bom dia, senhor! — Edgar comentou, com seu melhor japonês.

— É o que? — O velho gritou.

— BOM DIA, MOÇO! — Ranpo gritou, fazendo um cone com as mãos. — VOCÊ SABE ONDE ESSE DISCO ESTÁ?

Ele apontou para o nome na ponta da carta, que dizia "Тёмная ночь". O senhor ajustou seus óculos e sorriu.

— Me sigam! — Ele pediu, com um sorriso que faltavam vários dentes.

Os três andavam em fila pela loja empoeirada, com Ranpo e Poe o seguindo. Ele parou próximo a uma seção de discos, vasculhando o local e tirando uma capa amarelada, que tinha o nome que eles procuravam em cima.

— Senhor! — Poe chamou. — SENHOR!

— O que é, garoto?! — Ele respondeu.

— QUEM LHE DEU ESSE DISCO? — Poe perguntou, educadamente. O senhor sorriu.

— Um cavalheiro esquisito veio aqui e me deu! — Ele contou. — Ele parecia ser um daqueles homossexuais, sabe? Com babado e tudo? Um rapaz estranho... — Ele sorriu. — O jeito dele de falar me lembrava do meu amigo, Victor! Eu já contei a vocês a história da guerra?

Poe engoliu em seco, pensando que não deveria ter perguntado, mas Ranpo sorriu gentilmente e disse:

— AINDA NÃO, MOÇO! — Ele gritou, para que o senhor ouvisse. — ADORARIAMOS OUVIR! NÉ, EDGAR?

— E-é! É! — Poe se juntou, um pouco atordoado, já que Ranpo nunca tinha usado seu primeiro nome assim com tanta naturalidade.

— Bom, quando eu era um belo, jovem moço, como vocês, eu fui pra guerra com meu amigo Victor! — Ele começou. — Ele era um cara estranho, tinha uma cara de "bicha", mas era legal! Bom, um dia, eu e ele fomos convocados para uma missão, lá em... eh... faz muito tempo, eu mal lembro onde foi!

Ele riu, Ranpo riu junto e Edgar forçou uma risada.

— Bom, estávamos só eu e ele, atrás de uma moita... não tinha ninguém por perto! Eu só lembro que ele se virou para mim e disse "Jonh, eu realmente adoro você!"...

[>>☆]

— A lua está maravilhosa hoje! — Ele disse, mas seus olhos não desviaram dos meus nem por um segundo. — John, eu realmente adoro você!

Eu estava confuso. Eu não me importaria em beijar Victor, se isso não significasse beijar um garoto.

— Victor, eu... eu não posso! — Tentei contradizer, mas ele segurou minha face e beijou minha testa carinhosamente, se afastando de me observando com seus olhos cor de Jade.

— Por favor... — Ele pediu, seus olhos melancólicos.

Eu amava aqueles olhos mais do que amava a minha própria vida, e isso é muita coisa vindo de um narcisista, egocêntrico como eu.

Código Morse | RanPoeOnde histórias criam vida. Descubra agora