☆Capítulo IV - Homem do Cassino

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A viagem de ida para o Cassino pode ter sido uma mas experiências mais traumáticas já vida de Edgar Allen Poe. Ele estava histérico, teve duas crises de pânico e foi forçado a tomar remédios para dormir, para que ele não surtasse até o final da viagem. Ranpo ficou ao seu lado durante os surtos, mas não conseguiu fazer muita coisa para ajudar. Ao chegar no Cassino, as pernas de Poe estavam bambas e ele tremia da cabeça aos pés.

Ele, realmente, tinha medo de altura.

— Bem vindos, caros convidados! — Uma atendente vestida em roupas formais os cumprimentou quando eles chegaram. Poe agarrava fortemente o ombro de Ranpo com sua mão, amassando a capa marrom. — Você precisa de ajuda, senhor? — Ela encarou o poeta, como se ele fosse louco.

— Nah, ele só está um pouco cansado da viagem! — Ranpo sorriu educadamente, Edgar tentou fazer o mesmo, mas seu rosto empalidecido e seus lábios trêmulos não ajudaram a criar uma expressão calorosa. — Podemos falar com seu gerente?

A madame sorriu. — Mas é claro! Ele está em uma partida agora, por favor, me acompanhem.

Os dois seguiram a atendente pelo salão, parando ao ver uma mesa de jogos circular, um jogo de cartas sendo jogado por um homem esguio, de cabelos bicolores, em roxo e branco, um senhor rabugento, que usava um terno grosseiro, e um jovem de cabelos negros, que se sentava com as pernas cruzadas e apoiava seu rosto no queixo, encarando o gerente com olhos açucarados.

— Bati. — Sigma abaixou suas cartas, ganhando mais uma vez o jogo. O senhor rabugento revirou os olhos antes de passar um bolo de dinheiro para Sigma e sair pisando forte.

— Você joga muito bem, meu caro Sigma! — O jovem riu ao lhe entregar uma nota irlandesa. — Você realmente me surpreendeu, você quase joga melhor que eu!

— Oscar, eu sei que isso não equivale a quantia de dinheiro que você apostou, não precisa ser gentil... — Sigma sorriu. — Pode ficar com o dinheiro, eu já tenho mais que o suficiente!

O rapaz sorriu para Sigma, mas o gerente apenas retribuiu o sorriso amigavelmente. O senhor Wilde se retirou, deixando Sigma a sós com seus convidados.

— Você seria Edogawa Ranpo? — Ele comprimentou, se levantando cordialmente para apertar a mão do detetive, que o encarava sem entender o que estava acontecendo. — Eu ouvi falar muito bem de você! Você é o melhor detetive do Japão! É um imenso prazer o conhecer pessoalmente... Aquele caso do americano foi extremamente interessante! Mesmo eu fiquei surpreso! Você é brilhante!— Ele sorriu.

A medida que ele falava, os olhos de Ranpo se enchiam como balões. A pior escolha de um ser humano é elogiar Edogawa Ranpo; o jovem tem um ego inflado demais para receber qualquer tipo de elogio.

— Você acha? — Ele se vangloriou, seus olhos brilhantes como estrelas.

— Eu tenho certeza! — Sigma sorriu. Ele sempre foi ótimo com pessoas, todos a sua volta o apreciavam ao máximo, o considerando uma pessoa particularmente incrível. Edogawa sentiu seu rosto esquentar, lisonjeado pelos elogios. Sigma continuou — E você é Edgar Alle–!?

Poe, que sofria com a palidez pós traumática, encarava o gerente com olhos envoltos de ciúme e ódio.

Uma coisa sobre Edgar Allen Poe: Ele não gosta que mecham com o que é "dele". Ele é extremamente possessivo, principalmente quando se trata do seu mais amado, Ranpo.

Poe percebeu que o gerente ainda segurava a mão de Ranpo. Ele pegou as mãos do detetive, o puxando de volta.

— Sinto muito... — Sigma soltou as mãos do detetive com pressa, entendendo o que tinha acontecido. — É um prazer conhecê-lo, senhor Allen!

Código Morse | RanPoeOnde histórias criam vida. Descubra agora