☆Capítulo VIII - Rainha de Ouros

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Poe ouviu duas batidas na porta. Sigma tinha chegado duas horas depois que recebeu a ligação do detetive.

— Entre — Poe pediu. A figura de cabelos bicolores entrou na sala com um sorriso carismático.

— Bom dia, Poe, Ranpo... — Ele cumprimentou. — Confesso que me assustei com o chamado urgente... posso perguntar o que aconteceu?

Ranpo olhou para Poe, como se perguntasse qual dos dois iria contar a verdade ao gerente. Ranpo prosseguiu.

— Sigma, posso saber onde você estava no dia treze do mês passado? — Ranpo perguntou.

— Bom, eu estava no meu Cassino, como sempre, por que a pergunta? — Sigma respondeu, franzindo as sobrancelhas. Ranpo fez uma breve troca de olhares com Poe.

— Estava acompanhado? — Edgar perguntou, se apoiando na mesa.

— Infelizmente não... Senhor Wilde não veio me visitar no dia treze... — Sigma contou, olhando para os lados, como se pensasse.

— Senhor Sigma, você reconhece essa letra? — Ranpo perguntou, entregando um manuscrito de Edgar ao gerente.

Sigma hesitou antes de pegar o papel em suas mãos, sabendo que o que viria não era coisa boa.

— O que é isso? — Ele disse, sem encostar na folha.

— Uma carta de Fyodor Dostoyevsky... — Poe mentiu, assitindo os olhos de Sigma se arregalarem.

— M-mas, ele não estava morto? — o dono do Cassino se desesperou enquanto apertava o tecido de sua roupa ansiosamente.

— Ele está! — Ranpo continuou com a mentira. — Ele mandou isso a nós enquanto ainda estava vivo, Leda só nos entregou agora! — Ranpo contou.

Sigma encarou a folha de papel em silêncio. Ele pegou o manuscrito sem pressa, tentando ler o que estava escrito em letras pequenas.

Um feixe de luz branca atravessou a sala, Sigma pôde confirmar sua suspeita. Ele estava dentro de um dos manuscritos de Poe.

— Eu vi essa vindo... — Ele contou, rindo levemente, com um sorriso quase ameaçador, que era mais comum visto no rosto do próprio Dostoyevsky. Ele se reencostou na cadeira com as pernas espalhadas. — Qual é seu plano, senhor Detetive?

Ranpo sorriu de volta, batendo na mesa com uma caneta que ele segurava na mão enquanto fingia fazer anotações.

— Esse é um conto escrito por Poe... — Ranpo explicou, sorrindo enquanto contava seu plano. — Só podemos sair com a autorização dele. Esse não é um romance comum, é como se fosse um universo alternativo, onde toda e qualquer mentira que você fale abre um furo em sua mão direita, quer tentar?

— Obviamente não... — Sigma sorriu. —  Por que você mesmo não comprova para nós, senhor Detetive?

— Porque eu não sou tão burro! — Ele riu. — Mas, por que não começamos logo? Edgar tem algumas perguntas a fazer.

Poe sorriu para Ranpo, mas prosseguiu com seu olhar morto ao voltar sua atenção ao Gerente. Ele recomeçou o interrogatório.

Código Morse | RanPoeOnde histórias criam vida. Descubra agora