✰ - 13: dancing in the kitchen

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O tempo nem sempre cura tudo

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O tempo nem sempre cura tudo. Tenho feridas que já cicatrizaram, mas que insistem em latejar quando o dia está nublado.

Clarissa Corrêa

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As horas se tornavam dias e os dias viravam semanas, desde do dia que parti de casa, nunca mais tive uma oportunidade de ver a minha família. Estávamos sempre fazendo alguma coisa, ou ensaiando, ou dando entrevistas, ou na academia (sim, tínhamos que treinar todos os dias.) Eu sentia saudade de casa, da mamãe, de Gemma, do Robin. Às vezes eu me via sozinho no meu apartamento e simplesmente surtava. Não por estar sozinho, mas por se sentir sozinho.

Eu odiava me sentir sozinho.

Eu não conseguia compor nada, o que consegui escrever depois de algum tempo, a gestão simplesmente não aprovou e disse que não iríamos por aquilo no novo álbum. E estava tudo bem, talvez meu único talento fosse cantar, não compor.

Eu gostava de quando mamãe me ligava, ou até mesmo Robin arriscava as vezes. Gemma era quem ligava frequentemente, todos os dias, sem falta. Ela falava por horas do novo namorado e eu, como o bom irmão que sou, fingia estar minimamente interessado. Mas essas ligações acabavam me distraindo da vida real que eu tinha que encarar todos os dias.

"Aí ele me trouxe flores ontem e disse que quer conhecer a minha família. Vocês." — Me levanto da cama – o lugar em que eu passava o resto do dia depois dos compromissos – e me dirijo pra cozinha. — "eu fiquei tão feliz, isso significa que ele realmente se importa e gosta de mim, certo?"

O dia não estava sendo bom, eu acordei mal por causa de algum pesadelo que não me lembrava exatamente do que era. Desde então, tenho me sentido pesado. Era como se a qualquer momento eu fosse começar a chorar e não pararia até alguém conseguir me acalmar.

— provavelmente. — respondo, com o celular na orelha — se ele não se importasse, eu daria uma surra bem dada nele.

Escuto sua gargalhada

"você não bate nem em uma mosca, maninho" — cessou o riso — "marquei um jantar para sábado, você vai poder vir? Pode passar o final de semana lá em casa já."

— Claro que vou, gê. Se isso realmente for importante pra você, eu posso fazer um esforço pra conhecer seu namorado — falo num tom brincalhão

"mas tem uma coisa, mamãe disse que eu tinha que te avisar. Eu não entendi o porquê. Mas enfim, eu convidei o papai para o jantar também."

Encho o copo de água gelada e me encaro pelo reflexo do filtro. Eu não conseguia me reconhecer, quando foi que eu deixei de ser aquele garoto que agradava todo mundo? Eu me odiava por ter sido tão ingênuo. Minhas mãos estavam tremendo e eu senti que estava perto de ter mais uma crise ao receber essa notícia.

Apricity [Larry stylinson]Onde histórias criam vida. Descubra agora