Capítulo 1 O Encontro Com July POV - Anna

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De repente, senti um calafrio percorrendo a minha coluna. Me arrepiei de uma maneira que parecia que eu estava sentindo a aproximação de alguém.

Devo estar louca mesmo. Afinal, estou um pouco perdida aqui no aeroporto de Guarulhos, que é tão frenético quanto São Paulo.

Por que, afinal, esse aeroporto tem que ser tão imenso? Desembarquei no portão 201 e preciso correr como se não houvesse amanhã para chegar ao portão 245, de onde sai o meu próximo voo.

Estou voltando para casa. Pelo menos, era minha casa até uns anos atrás, quando decidi jogar tudo para o alto e ir morar bem longe. Não sei definir. Foi tudo tão depressa que eu ainda nem tive tempo para chorar o que eu preciso chorar.

Meu avô acabou de falecer. Soube assim que acordei, quando minha mãe me ligou chorando. E ele era o cara que sempre me incentivou na vida. Assim que soube, fui correndo comprar uma passagem aérea. Essa é a única forma de chegar em casa a tempo de me despedir dele e amparar minha mãe.

Mas... a vida é uma caixinha de surpresas. Hoje é uma quinta-feira, 14 de novembro, véspera de feriado. Aliás, um belo feriadão para todo o Brasil. E um inferno na Terra para mim. Não encontrei uma mísera passagem aérea nos sites das companhias. Todos os voos lotados.

Meu Deus, o que eu faço agora? Que desespero no meu coração.

Corri para o aeroporto. Estava lotado. Quer dizer, não sei se lotado é a palavra certa. Estava um caos. Tinha gente correndo de um lado para o outro, passageiros gritando no balcão da companhia, crianças esperneando no chão. Não tinha onde sentar e as filas estavam enormes.

Coloquei a mão na cabeça, respirei fundo e pensei como agir. Fui ao balcão da primeira companhia que vi.

- Por favor, moço. Eu preciso ir para casa. Não encontro passagem no site.

- Sinto muito. Não tenho como lhe atender agora. Todos os nossos voos estão lotados - ele respondeu.

Corri para a próxima companhia. E tive a mesma resposta.

Na terceira companhia, cansada, já sem forças para pedir algo, eu simplesmente parei e chorei ao ter novamente meu pedido recusado. O funcionário olhou no fundo dos meus olhos e deu para sentir que ele ficou impactado. Da minha boca só saiu:

- Eu preciso chegar em casa para o funeral do meu avô. Não encontro nenhuma passagem no site de vocês.

Ele volta o olhar para mim novamente. Para alguns segundos na minha frente e pergunta:

- Você quer ir para onde, moça?

- Para o norte do país. Manaus, para ser mais exata - respondi.

- Me dá dois minutos. Eu já venho falar com você.

Me acalmei e joguei meu desejo para o universo. A mulher ao meu lado, que momentos antes gritava com um dos funcionários sobre seu voo cancelado, parou, me olhou e disse, com a cara mais fofa e empática desse mundo:

- Eu sinto muito. Espero que você consiga chegar ao seu destino.

Eu agradeci. De repente, ela parou de gritar. Nada melhor do que alguém com uma dor maior do que a sua para perceber que o seu problema é ínfimo diante do outro. No caso, dava para perceber que eu estava na merda, né?

O aeroporto de Curitiba estava uma confusão. Pude parar e observar com mais atenção. Não sei dizer como me senti. Um feriadão com sol no país inteiro, pessoas animadas para viajar e eu estou no meu inverno particular, com uma chuva torrencial que está presa dentro de mim.

Uns minutos depois, o funcionário me chamou no canto do balcão.

- Moça, eu consegui uma vaga em um voo que sai em uma hora e faz conexão em Guarulhos.

Dream - O Caminho Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora