Capítulo 4 Primeira Impressão POV - July

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Depois que peguei meu telefone, ainda meio atônita, vi que ela virou de costas, pegou suas coisas e começou a correr. Eu fiquei sem saber como agir por uns 30 segundos.

Eu me lembrava de uma outra Anna. Ela era uma pessoa tímida, mas se abria facilmente com quem confiava. E, nesses momentos, era sorridente, divertida e até se atrevia a contar piadas.

Pelas fotos, ela parecia uma garota bonita, com cabelos longos, castanhos quase loiros, um jeito de se vestir sóbrio e sensual ao mesmo tempo. Era quase misteriosa, mas muito bonita mesmo.

E confesso que só reconheci a Anna, hoje, por causa dos cabelos e da bunda. Sim, a bunda continua a mesma que eu vi nas fotos de 14 anos atrás. Ali, naquele aeroporto, eu olhei em seus olhos e não a reconheci como aquela garota do passado.

Não só seu olhar. Seu jeito, suas roupas, seu corpo. Tudo estava diferente.

Demorei a acreditar que eu tinha me apaixonado por ela algum dia. Ou pensei que me apaixonei, né? Pode ter sido só coisa da minha cabeça de adolescente emocionada.

Passada essa impressão inicial, então, me aproximei da tela. Achei meu portão de embarque. O celular ainda estava na minha mão. Sem querer, senti meu coração dar um salto descoordenado.

Soltei o ar rapidamente e segui meu caminho. Consegui embarcar para Belo Horizonte e chegar bem em casa. Mas algo ainda me incomodava.

Já deitada, peguei um livro para ler. De repente, o telefone toca. Era Olívia, em uma chamada de vídeo.

- Oi, meu amor. Esqueceu de me avisar que chegou?

- Oli, meu bem, me desculpe. Cheguei tão cansada que eu até esqueci onde estava o meu celular. Acabei de sair do banho e estava lendo um livro. - Mostrei a capa do livro para ela.

- Eu acho que você esqueceu de mim, isso sim. - Fez uma cara de emburrada.

- Ah, não. Que isso? Eu fiquei mais da metade do meu dia em aeroportos e em aviões. Não posso aceitar que você reclame disso.

- Tá bom. Me desculpe. É que estou com saudade.

- Eu também. - Disse uma leve mentira, obviamente, porque eu não queria criar algum problema com Olivia nesse momento.

- Ótimo. Na próxima semana irei ao Rio novamente. Vamos?

- Dessa vez, não terei como ir, minha querida. Estou com a agenda no meu consultório cheia por causa dessa viagem à Alemanha.

- De novo? Quando será que vamos nos ver, July? Isso por acaso é namoro?

- Sério, Olivia? De novo essa cobrança? Eu pensei que tínhamos deixado tudo acertado quando decidimos levar esse relacionamento adiante.

- Conversamos outro dia, July. Hoje, realmente, não vamos nos acertar. Boa noite.

A ligação foi encerrada antes que eu pudesse me despedir. Já não sei o que fazer com essa relação. Acho que ela já não está mais servindo para mim.

Já que o celular estava na minha mão, decidi abrir o Instagram. Já era madrugada. Droga, perdi o sono. Olivia consegue tirar a minha paz quando ela quer.

Enquanto pensava sobre aquele diálogo, vi uma notificação. Anna finalmente aceitou meu pedido de amizade e enviou uma solicitação. Aceitei. Em seguida, vi o post que ela fez em homenagem ao avô.

Nesse momento, agi por impulso. Raramente eu comento ou dou like nas publicações. Não sei exatamente o porquê. É o meu jeito, talvez, de valorizar minha imagem ou minhas ações. Preciso ver isso na terapia, urgente!

Dream - O Caminho Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora