Alguns dias se passaram depois daquele encontro em pleno aeroporto de Guarulhos. Mais bagunçado que tudo aquilo ali só a minha cabeça mesmo.
Eu não sabia mais como driblar as pressões da Olivia. Sinceramente? Minha paciência para manter esse relacionamento já estava acabando.
O que eu tinha na cabeça ao começar a me relacionar com uma mulher (lindíssima, por sinal) que eu conheci na praia de Ipanema, no Rio, enquanto moro em BH e ela mora em São Paulo?
Que triângulo geográfico doido é esse?
July! July!
Eu já imagino a voz da Leah na minha cabeça falando sobre meus amores líquidos, sobre como eu consigo ser uma pessoa tão inteligente e, ao mesmo tempo, tão rasa nos relacionamentos.
- Irmãzinha, acorde para a vida. Você não vai ficar jovem eternamente. Essa sua beleza aí vai passar.
- Enquanto isso, eu posso aproveitar e usar a beleza a meu favor, não é mesmo? O que custa?
- O custo vai ser alto, irmã. - Ela sempre me dizia isso, enquanto balançava a cabeça negativamente ao terminar de ouvir mais uma extravagância amorosa da minha vida.
Essas minhas trivialidades eu sempre atribuía ao meu signo, libra. Eu não consigo me decidir e adoro tudo o que é belo. Ou seja, a aparência física sempre foi importante para mim. Por isso, sempre me cuidei muito.
Não é à toa que eu tenho muitos contatinhos. Libriana raiz.
Mas pensando sobre o custo dessas minhas ações, realmente, o custo de manter um relacionamento com Olivia estava saindo caro demais para mim.
A todo e qualquer momento ela queria saber o que eu estava fazendo, quem estava comigo e até mesmo o que eu estava pensando.
Eu não nasci para ficar presa a nada e nem a ninguém. Sou um espírito livre e amo ser assim. O namoro com Olivia começava a apresentar amarras e um certo grau de abuso.
Eu só precisava de uma oportunidade para acabar com isso.
O telefone ao meu lado toca. Estou na minha clínica. Um paciente acaba de deixar o consultório e eu parei para beber água.
Pego o telefone e ele para de tocar. Me assusto.
- O que é isso? Quinze ligações só da Olivia? Ela tá maluca? - Pensei alto.
Aquilo já tinha ido longe demais. Apenas repousei o telefone novamente na mesa. Dessa vez, com a tela para baixo.
Aquele dia foi cansativo demais. Atendi muitas pessoas e não via a hora de voltar para casa. Não tive tempo para absolutamente mais nada, apenas trabalhar.
Eu vinha de uma agenda louca de viagens e pretendia passar um tempo só atendendo em BH. Estar em casa e poder ter a chance de ter uma rotina um pouco mais convencional era o que me fazia querer dar uma pausa nos cursos fora do Brasil.
Como também andava evitando Olivia, nunca mais fui ao Rio. O que era uma pena, porque eu amava ir à praia e aproveitar aquele clima da zona sul que é próprio de lá e não dá para explicar em palavras. Só existe esse ar de zona sul lá mesmo, no Rio. Se eu quisesse encontrar essa mesma vibração em outro lugar, não conseguiria.
Eu amava ir a Ipanema. Não sei se isso é por influência do poeta Vinicius de Moraes ou se é apenas um grito da minha alma. Algo bom acontece quando estou em Ipanema. Eu me sinto tão leve quanto uma pluma levada pelo vento.
Divaguei enquanto dirigia até minha casa. Queria mesmo tomar um banho, abrir um vinho e assistir a um bom filme. Sozinha. Sem a companhia de ninguém. Isso é tão vida de adulto, não é? Curtir a própria companhia.
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Dream - O Caminho Do Amor
General FictionE se você conhecesse sua alma gêmea e desse um fora nela? E se você sonhasse com ela regularmente, mas não tivesse mais contato? E se você a encontrasse por acaso em um aeroporto enquanto viaja para um funeral? E se ela for uma pessoa de amores líqu...