Capítulo 8 Como pode? POV - July

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Naquela manhã, meus braços doíam como se eu tivesse lutado com alguém a noite inteira. Que estranho.

Eu não tinha brigado com Olivia. Não fisicamente. Era para a minha garganta estar doendo e não meus braços. Mas, estranhamente, sentia um peso enorme neles.

Será que foi algum sonho que eu tive? Eu lembro que tive uma noite agitada mesmo. Até aquela campainha tocar e eu ter a infeliz presença de Olivia na minha porta, parece que eu estava tendo um sonho.

Gostaria de me lembrar.

Mas que saco não lembrar dos meus sonhos! Ô, Deus! Por favor, né? Pensei alto.

Meus braços ainda doíam, mas decidi parar de pensar o que poderia ter acontecido para ter amanhecido assim. Certamente, dormi em uma má posição na cama.

Bem, não fiz sexo com ninguém. Essa certeza eu tenho.

Passei o dia atendendo meus pacientes. Dessa vez, em um grande hospital, onde dava plantão uma vez por semana. Embora eu fosse dermatologista, a clínica geral nunca saiu de mim. E eu gosto de conversar e saber como posso ajudar as pessoas com suas dores.

Era fim de tarde e estava andando até o restaurante do hospital quando encontrei Daniel no corredor transversal. Ele sorria para mim e eu sorri de volta. Nos encontramos no meio do caminho para o restaurante.

Senti aquele abraço amigo novamente. Eu e Daniel estudamos juntos e dividimos muitos perrengues da faculdade de Medicina. Desde os professores chatos, até os estágios clínicos em diversas áreas que foram bem desafiadores para nós.

Sentamos em uma das mesas e começamos a conversar. Já havia algum tempo que eu não encontrava Daniel e tínhamos muitas coisas para falar.

Ele tamborilava os dedos na mesa enquanto me falava a situação com Mariana, sua esposa. Contava as últimas novidades da viagem que fizeram ao Caribe e de como se divertiu com seu portunhol, enquanto Mariana tentava falar minimamente sério com ele.

- Espera um pouco, Daniel. Para de mexer seus dedos, por favor.

Ele ficou estático.

E eu pude confirmar.

Meu celular, que estava com a tela virada para baixo, tremia. Uma mensagem atrás da outra.

Peguei-o e não pude acreditar.

Eram mensagens da Anna, mas não era ela quem assinava. Li tudo de forma incrédula. Meu rosto ficou vermelho, uma raiva me percorreu da boca do estômago até o início da garganta.

Daniel arregalou os olhos assustado.

- July! O que está acontecendo? Você ficou séria de repente e seu rosto está bastante vermelho.

- Eu não posso acreditar, Daniel. - Falei olhando para a tela do celular.

Destravei o telefone e dei todas as mensagens como lidas. Eu queria mostrar para ela que eu li. Queria que ela tivesse certeza que eu li tudo e que isso seria o motivo do que eu iria fazer a seguir.

- Acreditar no que? - Ele respondeu.

- Que eu sou uma otária! Uma idiota! Por que eu não acreditei no que minha razão me disse? Por que eu acreditei no meu coração? - Ainda estava olhando para a tela.

- Olha... eu estou perdido. Mas quero saber o que te deixou assim. - Puxou o telefone da minha mão e leu as mensagens.

Eu fiquei calada.

- Quem é Anna? E por que alguém usando a conta dela te mandou uma mensagem tão baixa?

- Anna é alguém do meu passado que eu reencontrei por acaso recentemente. E eu não sei quem invadiu o telefone dela e fez isso. Só sei que esse tipo de baixaria é algo que não aceito na minha vida.

Dream - O Caminho Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora